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    No Cine Ceará 2018, Antônio Pitanga celebra o cinema brasileiro: "As Boas Maneiras dá um banho em A Forma da Água"

    Além disso, a noite apresentou os filmes Anjos de Ipanema e Senhorita Maria, a Saia da Montanha.

    Thiago Gaspar / Divulgação

    Após a homenagem a Renato Aragão, na abertura do 28º Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, outro grande nome do cinema brasileiro recebeu as honrarias do evento: Antônio Pitanga, ator de clássicos como Bahia de Todos os Santos, O Pagador de PromessasBarravento e Ganga Zumba.

    O ator foi aplaudido de pé pelo público do Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. Ao receber o troféu das mãos do filho, o também ator Rocco Pitanga, Antônio proferiu um discurso apaixonado: "Estou com o coração em lágrimas, mas também em festa. Aqui [no meu coração] está uma entidade chamada cinema brasileiro".

    De fato, embora o homenageado fosse o ator, este aproveitou a oportunidade para devolver os elogios aos grandes nomes que cruzaram o seu percurso: "Nesse corpo estão sendo homenageados Glauber Rocha, Leon HirszmanRoberto Farias e tantos diretores com que tive o privilégio de trabalhar. Não existe o Antônio Pitanga sozinho".

    Arlindo Barreto / Divulgação

    Sobre a produção nacional, ele não hesitou: "Eu tenho a certeza absoluta, sem demagogia: nós estamos fazendo o melhor cinema do mundo. As Boas Maneiras dá um banho em A Forma da Água, e olha que aquele filme ganhou o Oscar", disse em referência ao ótimo filme de terror brasileiro. Pitanga concluiu ao observar com orgulho o seu retrospecto: "Fiz o caminho certo: o da cultura e do cinema brasileiro".

    Depois de tanto vigor e entusiasmo, fizeram ainda mais sentido as palavras de Rocco Pitanga ao pai: "Quero ser igual a você quando eu crescer: jovem". 

    Além da comovente homenagem, a noite trouxe mais dois longas-metragens na disputa pelo prêmio máximo do Cine Ceará: o brasileiro Anjos de Ipanema e o colombiano Senhorita Maria, a Saia da Montanha.

    Anjos de Ipanema foi apresentado pela diretora, a veterana Conceição Senna, ao lado do marido Orlando Senna, a quem o filme é dedicado, e da pesquisadora Sylvie Pierre, que tem uma breve participação no projeto. O documentário resgata o movimento hippie carioca dos anos 1970-1972, quando diversos artistas se reuniam em torno do píer para experimentar drogas, sexo e praticar a resistência contra a ditadura.

    Embora o resultado seja bastante divertido, pela intimidade entre a diretora e seus entrevistados e pelo despojamento com que falam de suas vivências, a construção estética é fraca, com problemas visíveis de fotografia, som e montagem.

    Leia a nossa crítica.

    Enquanto isso, Senhorita Maria, a Saia da Montanha dividiu a plateia e os críticos. O documentário do colombiano Rubén Mendoza aborda a vida de uma agricultora transexual vivendo numa minúscula aldeia dos Alpes. Ela sofre com o preconceito desde criança, e leva uma vida solitária, enquanto pede a Deus para mudar a sua vida.

    Maria é certamente uma ótima personagem, e Mendoza possui um apuro notável para a construção de imagens, mas o olhar pouco empático à protagonista foi fonte de incômodo. Ao invés de apenas ouvi-la, o filme parece julgá-la de modo paternalista.

    Leia a nossa crítica.

    A noite de 10 de agosto traz os últimos curtas-metragens em competição: Só por Hoje, de Sabrina Garcia, Capitais, de Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha, e A Escolha de Isaac, de Sérgio GAG. Além disso, será exibido o último longa-metragem da seleção: Diamantino, comédia franco-brasileira-portuguesa premiada em Cannes, com direção de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt.

    Leia as nossas críticas do 28º Cine Ceará:

    Amália, a SecretáriaAnjos de Ipanema

    O Barco

    Cabras de MerdaChe, Memórias de um Ano SecretoDiamantino

    Eduardo Galeano Vagamundo

    PetraRosa ChumbeSenhorita Maria, a Saia da MontanhaSob a Influência

    Sol Alegria

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