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    Festival de Veneza 2018: Diretor do evento responde críticas sobre a reduzida presença feminina na seleção oficial

    "Colocar um filme na competição só porque foi feito por uma mulher seria ofensivo à diretora."

    Mais um ano difícil para as realizadoras interessadas no Festival de Veneza. Anunciada hoje, a seleção oficial tem apenas um título assinado por uma mulher - The Nightingale, de Jennifer Kent -, mesma quantidade da edição de 2017. Questionado pela repetição da falta de cineastas concorrendo ao Leão de Ouro, o diretor do festival, Alberto Barbera, declarou que lutar pela igualdade de gêneros não tem a ver com seu trabalho.

    "Colocar um filme na competição só porque foi feito por uma mulher, do meu ponto de vista, seria ofensivo à diretora. Preferiria mudar de trabalho se fosse forçado a escolher um longa só por ter sido dirigido por uma mulher e não com base na qualidade dele por si só."

    Barbera afirmou ter visto 1500 obras, um terço de mulheres, e disse não gostar de ser influenciado pelos créditos, avaliando apenas o material. Pressionado pelo repórter do THR, no entanto, assumiu que são poucos os concorrentes que vê sem saber quem é o realizador.

    "Claro que vendo Roma eu sei que é de Alfonso Cuarón e vendo um filme de Jennifer Kent eu sei que é dela, mas se recebemos um longa de estreante vindo de lugar nenhum, sem qualquer informação prévia, observamos a qualidade do cinema, sem ligar pro fato de ser homem ou mulher o responsável. O que me importa é que seja bom. Claro que ficaria feliz com mais mulheres no festival, mas não depende de mim."

    Para ele, a culpa é só da indústria.

    "O problema é que ainda há muito preconceito na indústria e as coisas precisam mudar. Acho que vão mudar. Leva tempo, é claro, mas cedo ou tarde todo mundo vai entender que mulheres diretoras são tão boas e criativas quanto os homens. Isso, no entanto, é algo que deve mudar no início da cadeia, não no fim; não reservando, por exemplo, um quarto das vagas em festivais para elas. Veneza não pode fazer nada sobre isso. Não é nossa responsabilidade mudar a situação."

    A mostra Orizzonti, dedicada a descobertas, tem quatro títulos de diretoras e um assinado por um homem junto com uma mulher; a Semana da Crítica tem dois, dos sete longas em competição, dirigidos por mulheres, além de uma codireção; e a mostra paralela Venice Days atingiu a equiparação de gêneros: seis filmes de cada.

    O Festival de Veneza, aberto por O Primeiro Homem e com júri comandado por Guillermo del Toro, ocorrerá entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro.

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