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    Rio2C 2018: Berenice Procura é "um tributo para toda e qualquer pessoa oprimida"

    Filme estrelado Claudia Abreu e Eduardo Moscovis foi baseado no livro de Luiz Alfredo Garcia Roza.

    "Eu acredito que o que a gente acabou levando para a tela, para além da trama de suspense, um alerta e até mesmo em um tributo para toda e qualquer pessoa que tenha sido marginalizada e oprimida por seu gênero, orientação sexual ou sua liberdade de expressão." Foi assim que a roteirista Flávia Guimarães apresentou o drama com toques de thriller policial Berenice Procura no encerramento da conferência Rio2C, realizado na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, na noite do último domingo (8).

    Durante uma breve conversa do elenco e equipe do filme com o público antes da exibição do longa-metragem o que mais chamou a atenção foram algumas ausências. O diretor Allan Fiterman e a produtora 

    Elisa Tolomelli não estavam presentes, pois foram apresentar o filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Também foi sentida a ausência da atriz Cláudia Abreu, que vive a protagonista, e de Vera Holtz.

    Baseado no livro homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza, o longa-metragem acompanha a vida de Berenice (Abreu), uma mulher que trabalha como taxista no Rio de Janeiro e leva uma vida pacata de classe média em Copacabana. Ela vive debaixo do mesmo teto que Domingos (Eduardo Moscovis), com quem foi casada e está separada. Ele é um repórter televisivo que investe em coberturas sensacionalistas, e que, dentro de casa, assume uma postura patriarcal opressiva, especialmente com Tiago (Caio Manhente), um adolescente de 15 anos em fase de descobertas sexuais. A rotina da família é afetada pela morte de Isabelle (Valentina Sampaio), uma jovem e bela mulher trans conhecida por encantar o público de uma boate LGBT comandada à mão de ferro pela cafetina Greta (Holtz). Intrigada pelo caso, Berenice passa a juntar peças que possam levar à resolução do crime.

    Davi Campana/R2

    Exibido no Festival do Rio e no Festival Mix Brasil em 2017, o projeto é notável por contar com diversas atrizes trans no elenco, algo notório em um momento em que se discute a presença de grupos subrepresentados no audiovisual. 

    "O filme é muito corajoso em um Brasil tão conservador", avaliou o ator Caio Manhente, conhecido por produções mais voltadas para o público infanto-juvenil, como Detetives do Prédio Azul (D.P.A.): O Filme e a novela Malhação. "O filme foi muito importante para mim porque era o meu primeiro grande desafio como ator estar nesse elenco incrível e fazer parte de uma preparação tão intensa como foi a nossa. O resultado foi um filme que é ao mesmo tempo forte e delicado. É um filme que brinca com o lado lúdico da vida que todos nós temos, pensamos e sentimos mas as vezes não nos permitimos conhecer. No filme a gente faz essa viagem para o mundo lúdico sem deixar de abordar questões tão fundamentais da nossa sociedade."

    Davi Campana/R2

    A intensa preparação a qual Manhente se referiu foi abordada por Eduardo Moscovis durante a Rio2C. "A gente ficou mais ou menos um mês com todo o elenco em uma sala de ensaio", afirmou o ator. "Eu acho que isso foi um privilégio para mim, especialmente. E foi de uma habilidade absurda do Allan, nosso diretor, na escolha que ele fez de um elenco tão diferente. Ele colocou todos nós na mesma sala, igualando as nossas histórias, zerando as nossas diferenças e tentando, através das nossas diferenças, construir algo homogêneo nesse grupo. Eu acho que a gente produziu um encontro muito rico em todos os sentidos. Acho que todo mundo saiu muito rico e transformado."

    Berenice Procura estreia nos cinemas brasileiros no dia 24 de maio deste ano.

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