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    James Mangold, diretor de Logan, explica em detalhes por que odeia cenas pós-créditos

    O cineasta já havia afirmado que considera estas sequências como meros comerciais. Ou sobremesas que são servidas após o jantar.

    James Mangold dirigiu Logan na contramão dos filmes de super-heróis de inúmeras formas diferentes. Uma delas diz respeito à inclusão (ou não) de cenas pós-créditos, uma tendência estabelecida pelas obras do Universo Cinematográfico Marvel, onde as sequências inseridas após o final dos longas funcionam como pontes de ligação entre as aventuras do MCU. Para Mangold, que já havia criticado a moda em questão, tais cenas, no entanto, são apenas comerciais publicitários, tão viciantes quanto uma droga:

    "Minha veemência vem de uma crença de que essas cenas são o equivalente cinematográfico do MSG ou do crack. É óbvio que elas fazem você se sentir bem. Elas foram desenhadas para isso, enquanto comerciais, e elas fazem você comprar o próximo filme. Ao mesmo tempo, sinto que a expectativa onisciente quanto a elas diminui a integridade da experiência cinematográfica porque um filme não se compromete com seu final. Ao invés disso, os filmes se arrastam até uma série de vinhetas/comerciais agradáveis das coisas que serão vendidas para você no ano que vem", declarou Mangold, em uma longa série de tuítes.

    O realizador, na verdade, despreza o conceito de Universos Cinematográficos - e ele não mediu palavras para disparar contra o sonho de consumo dos estúdios de Hollywood: "Não é tanto um ódio pelas cenas e sim um temor de que os filmes (uma forma de arte que amo) não são avançados quando deixam de funcionar como uma forma com início, meio e fim para serem parte de uma máquina de dinheiro seriada. Essas cenas promovem um leve e falso senso de um 'universo' completo como se todos nos bastidores soubessem quais são os próximos passos da saga, quando a verdade não é essa. Apesar do que muitos dizem para uma imprensa conivente que lucra com estes 'universos' e a indústria de fofocas que eles geram".

    "Por fim, o termo 'easter egg' é um pouco infantil e, ao meu ver, é condescendente quando utilizado em relação a um público consciente e intelectual que deveria ser tratado com mais respeito e não como um bando de crianças pulando por aí, tentando adivinhar histórias a partir de migalhas deixadas por corporações. E mais uma coisa. O argumento de que as cenas pós-créditos fazem com que os espectadores assistam aos créditos finais é ridículo. Se você tem que oferecer objetos brilhantes para fazer com que o público leia os nomes das pessoas da equipe, então eles não estão mostrando uma grama de respeito pela equipe de produção. São apenas cachorros esperando por ossos", sacramentou Mangold.

    No fim das contas, a "subversão" do diretor - que expressou preocupação quanto à bilionária compra da Fox pela Disney - em relação às tendências industrias surtiu efeito: além de ser um dos filmes mais aclamados de 2017, Logan também foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, tornando-se o primeiro longa do gênero a realizar tal façanha. Ah, e o filme também arrecadou mais de US$ 600 milhões ao redor do mundo - sem cenas pós-créditos.

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