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    Mulheres e profissionais negros ainda são minoria no mercado de cinema brasileiro, aponta estudo da ANCINE

    Pesquisa comprova que homens brancos tendem a criar histórias sobre homens brancos.

    Pela primeira vez, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) efetuou um estudo do mercado de cinema nacional separado por raça e gênero dos profissionais empregados, no ano específico de 2016, quando foram lançados 142 filmes brasileiros comercialmente.

    A intenção é levar resultados ao Observatório do Cinema e Audiovisual (OCA) e propor medidas concretas para "promover mais igualdade e oportunidade no âmbito cultural", de acordo com o comunicado da agência.

    Sem surpresa, a grande maioria dos trabalhadores de cinema são homens e brancos. Eles correspondem a 75,4% dos diretores e 59,9% dos roteiristas, enquanto as mulheres brancas correspondem a 19,7% de diretores e 16,2% de roteiristas. Os diretores negros, homens e mulheres somados, chegam a míseros 2,1% na direção, 2,1% no roteiro e 2,1% na produção executiva. Nenhuma mulher negra dirigiu filmes lançados comercialmente em 2016.

    Entre os diretores de fotografia e diretores de arte, categorias em que foi analisado apenas o gênero, os homens também dominam, com 85,2% e 59,2%, respectivamente. O estudo ressalta que, de acordo com o IBGE, 51,5% da população brasileira é composta por mulheres, e a porcentagem de negros é de 54%. Ou seja, o mercado de cinema está muito longe de representar a sociedade.

    Talvez o dado mais interessante da pesquisa diga respeito ao elenco e aos personagens dos roteiros, por confirmar que uma equipe tem tendência a contar histórias sobre pessoas de mesma raça e gênero que seus componentes. Em outras palavras, a maioria de homens brancos tem produzido histórias majoritárias sobre homens brancos: dos títulos analisados, 3/4 deles possuem menos de 20% de pessoas negras. O percentual médio de pessoas negras no elenco de obras incentivadas é de apenas 8%.

    Com a presença de profissionais negros atrás das câmeras, no entanto, o elenco e as histórias ganham em diversidade: quando o diretor é negro, a chance de o roteirista ser negro aumenta em 43% em comparação com obras de diretores brancos. A porcentagem de atores e atrizes negros aumenta 65,8% no caso de diretores negros, e 52,5% quando o roteirista é negro.

    O estudo completo está disponível no site da ANCINE.

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