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    Mostra de Tiradentes 2018: Babu Santana se emociona em homenagem na abertura do festival

    Aplaudido de pé!

    "Quando fui avisado desta homenagem achei até estranho. Meu Deus do céu, será que estão sabendo que vou morrer ou algo do tipo?"

    Foi assim, com um bom humor típico, que Babu Santana explicou como soube que receberia o Troféu Barroco, principal honraria da Mostra de Tiradentes. Com 27 longas no currículo, entre eles a personificação de Tim Maia que lhe rendeu o troféu de melhor ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Babu foi ovacionado ao subir ao palco para receber a honraria. E chorou.

    Chorou não só pela presença de pai e tios, alicerces fundamentais, mas também pelo reconhecimento de uma árdua trajetória, onde foi necessário superar preconceitos sociais e raciais. Do início no carioquíssimo Vidigal com a inserção no ofício de ator através do coletivo Nós do Morro à consagração atual, muitos foram os personagens interpretados, uns maiores, outros menores. Independente de estereótipos, o importante era se dedicar e trazer complexidade ao papel.

    "Ao invés da gente se queixar ou se lamentar ou se revoltar [dos estereótipos nos personagens negros], é pegar aquilo com tamanha garra para tomar de assalto. Não quero saber se era pobre, traficante ou de favela, e sim que seja uma interpretação brilhante!"

    "Lembro quando fiz Cidade de Deus, o Guti [Fraga, fundador da ONG Nós do Morro] queria nos preservar deste tipo de personagem e logo em seguida recebi um convite para atuar num filme da Lúcia Murat, Quase Dois Irmãos. Pedi desculpas, mas não ia deixar de atuar num filme dela porque meu personagem era um bandido, não ia perder esta oportunidade."

    "Como cidadão negro, sinto falta de filmes como Café com Canela ou Bandeira de Retalhos, que colocam o negro como personagem. A gente não está falando da nossa pele ou da nossa condição social, é ter um romance em cena sem que as pessoas pensem 'ah, que romance lindo entre dois negros'. A gente não precisa ter só esta questão racial ou social, somos seres humanos! Não tem problema em fazer o porteiro ou empregado, desde que mostre as complexidades deste personagem. Sinto falta não só do protagonismo negro, mas também de nos incluir como cidadão comum e que nossas histórias são tão interessantes como qualquer outra."

    Além da homenagem ao ator, a abertura da 21ª Mostra de Tiradentes contou ainda com a exibição de Café com Canela, um dos filmes ainda inéditos estrelados por Babu Santana. No festival serão exibidos, em retrospectiva, Uma Onda no Ar e Tim Maia, além do também inédito Bandeira e Retalhos.

    O AdoroCinema viajou a convite da organização do evento.

     

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