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    Rashida Jones nega ter saído de Toy Story 4 por causa de assédios de John Lasseter, diretor da Pixar

    O criador da franquia animada deixou a empresa após as acusações e pediu desculpas por sua conduta.

    John Sciulli

    John Lasseter, que deixou a Pixar após ser acusado de assédio sexual e cujo comportamento indevido foi destrinchado por uma longa reportagem do The Hollywood Reporter, não foi o responsável pela saída de Rashida Jones (Parks and Recreation) de Toy Story 4. Em comunicado oficial conjunto com seu colaborador Will McCormack, a atriz revelou os motivos pelos quais desistiu de ser roteirista da animação:

    "Sentimos que fomos colocados em uma posição onde precisamos falar por nós mesmos. A velocidade com que os jornalistas vem acusando criminosos acaba dando vazão à relatórios irresponsáveis e, na verdade, contraprodutivos para as pessoas que querem contar suas histórias. Neste caso, o The Hollywood Reporter não fala por nós. Nós não deixamos a Pixar por causa de assédios sexuais. Isso não é verdade. Tendo dito isso, estamos felizes em ver que as pessoas estão denunciando comportamentos que as deixam desconfortáveis. Quanto a nós, nós abandonamos o projeto por causa de diferenças criativas e, sobretudo, filosóficas", declaram Jones e McCormack (via Variety).

    As divergências citadas pelos dois roteiristas dizem respeito à outro grande problema de Hollywood, que é a falta de diversidade e representatividade na indústria: "Existem muitas pessoas talentosas na Pixar e nós continuamos sendo fãs dos filmes deles. Mas também há uma cultura onde mulheres e pessoas não-brancas não possuem uma igualidade de expressão criativa, como é demonstrado pela demografia de seus diretores: dos 20 filmes realizados na história da companhia, apenas um foi codirigido por uma mulher e só um foi coescrito por uma pessoa não-branca. Encorajamos a Pixar a ser líder em promover, contratar e impulsionar mais narradoras e líderes, e mais diversidade. Esperamos que possamos encorajar e empoderar todos aqueles que sentem que suas vozes não foram ouvidas no passado".

    O comunicado dos roteiristas esclarece a situação, mas também aponta que as duas estruturais e sistêmicas problemáticas possuem uma ligação direta. Como estão em menor número e possuem pouco poder em Hollywood, as mulheres sofrem com os avanços indevidos e criminosos de predadores sexuais - normalmente astros como Kevin Spacey ou magnatas como Harvey Weinstein -, que se aproveitam do poder adquirido dentro da indústria cinematográfica para assediarem e abusarem de suas vítimas. Entretanto, a onda de denúncias de artistas e celebridades contra os criminosos sexuais de Hollywood pode alterar o panorama. Afinal, os testemunhos abalaram a carreira de boa parte dos acusados, cancelando lançamentos de obras, contratos milionários e honrarias concecidas aos predadores.

    Quanto à Lasseter, o diretor e roteirista anunciou que vai tirar um período sabático de seis meses para rever sua conduta - recorrente e conhecida nos bastidores do estúdio. Ele afirmou ainda que pretende retornar ao trabalho em 2018, mas esta volta pode não depender só dele. Agora, a Pixar está mais concentrada em não permitir que o escândalo abale a estreia de Viva - A Vida é uma Festa. A elogiada animação estrelada por Gael García Bernal e recém-lançada nos Estados Unidos, é a grande aposta do estúdio para o Oscar e chega ao Brasil no dia 4 de janeiro.

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