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    11 filmes mais polêmicos de todos os tempos

    Em mais de um século de história, o cinema não perdeu oportunidades de chocar o público — instigando reflexões ou revolta.

    Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971)

    Stanley Kubrick fez o trabalho mais controverso de sua carreira ao adaptar para os cinemas o romance distópico de Anthony Burgess repleto de alegorias sobre fascismo que versa sobre as liberdades individuais e o apelo da violência. Ao acompanhar a rotina delinquente do sociopata Alex (Malcolm McDowell) e sua gangue de droogs o diretor filma uma odisseia hedionda marcada por agressões, assassinatos e estupros.

    O filme que fez as audiências nunca mais pensarem na canção "Singing In The Rain" da mesma maneira foi responsável por expandir os limites do que era aceitável se mostrar em um filme em termos de violência. Nos Estados Unidos, um órgão oficial da Igreja Católica recomendou que os fiéis não assistissem ao longa, o segundo e, até então, último filme proibido para menores de idade a ser indicado ao Oscar de melhor filme (o anterior foi Perdidos na Noite). Quando gangues começaram a imitar os eventos do longa-metragem em crimes na vida real, a mídia fez um escarcéu contra Kubrick, que tirou o filme de circulação após supostamente ter recebido ameaças de morte contra ele mesmo e sua família. Christiane Kubrick, esposa do diretor, chegou a afirmar que havia protestos na frente da casa do cineasta.

    Pink Flamingos (1972)

    Marco histórico do cinema queer, Pink Flamingos foi chamado de "um dos filmes mais vis, estúpidos e repulsivos que já foi feito" pela Variety quando foi lançado. Sabendo do potencial iconoclasta de seu filme, o provocador John Waters, o Papa do Lixo, investiu numa ode ao exibicionismo que foi sensação em sessões underground de cinema pelos Estados Unidos.

    O filme aborda quase todos os tabus possíveis em seus 92 minutos de duração de uma história que acompanha "a pessoa mais imunda do mundo", a criminosa Babs Johnson, interpretada pela drag queen Divine. Há uma cena de incesto com sexo oral não simulado, uma cena de sexo na qual uma galinha de verdade é esmagada entre os corpos de duas pessoas, pessoas urinando em público, nudez fronta, close up em um anus e o gran finale com Divine comendo as fezes frescas de um cachorro.

    O Império dos Sentidos (L'Empire des sens/Ai no korīda, 1976)

    Baseado em fatos reais, o drama erótico de Nagima Oshima teve de ser finalizado na França para driblar as leis restritas do Japão e chegar aos cinemas com um retrato sobre obsessão sexual entre um homem influente e sua empregada. O tórrido relacionamento dois dois é marcado por experiências cada vez mais perigosas em busca do prazer.

    Muitas são as cenas que mostram detalhes dos orgãos genitais dos protagonistas Tatsuya Fuji e Eiko Matsuda, um tabu para as convenções japonesas. Em sua versão sem cortes, são mostradas cenas de sexo real, incluindo um take que exibe até a ejaculação do personagem de Fuji. Na première do longa-metragem no Japão, as cenas explícitas foram borradas pela censura. O longa-metragem foi proibido no Brasil pelos censores do regime militar. "É obra cinematográfica de enredo chocante e de mensagem duvidosa" e "A película em seu todo torna-se nociva à nossa sociedade", foram alguns dos argumentos dos censores.

    Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust, 1980)

    Antes de A Bruxa de BlairAtividade Paranormal existiu Holocausto Canibal, filme de terror que iniciou a tendência do gênero de apresentar filmagens supostamente reais como ponto de partida da trama. No longa-metragem do italiano Ruggero Deodato, quatro documentaristas decidem filmar uma tribo remota da América do Sul e não retornam para casa. Um dia, as gravações do grupo são descobertas por um antropólogo, revelando o terror vivido pelos cineastas.

    Os efeitos especiais do filme foram tão realistas que Deodato precisou provar para a justiça que não filmou assassinatos reais durante a produção. O cineasta foi detido acusado de atentado ao pudor e assassinato por conta da confusão causada pelo conteúdo extremamente violento de seu filme. O diretor usou filmagens de making of para provar que os atores estavam bem durantes as filmagens e que tudo não passou de encenação. Deodato explicou como foi feita uma das cenas mais chocantes do filme, a que mostra uma mulher nua empalada.

    Apesar de não ter matado pessoas, Deodato filmou diversas mortes reais de animais, incluindo um porco, dois macacos, uma tartaruga e um quati, o que atraiu a ira de defensores dos direitos dos animais. Em uma edição especial lançada 25 anos depois da estreia original, a produção do filme afirmou que o longa chegou a ser banido em 50 países.

    A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ, 1988)

    Há uma série de filmes (muito) polêmicos de temática cristã, mas nenhum deles supera A Última Tentação de Cristo no quesito controvérsia. A adaptação do livro de Níkos Kazantzákis dirigida por Martin Scorsese traz Willem Dafoe como um Jesus de Nazaré cheio de dúvidas e inseguranças que se imagina levando uma vida comum, incluindo um casamento consumado com Maria Madalena.

    Scorsese deixou claro que não fez um filme baseado na narrativa dos evangelhos, mas sim em uma obra que toma diversas liberdades em relação ao texto bíblico, mas isso não foi o suficiente para acalmar os ânimos de grupos religiosos contrários à obra. Antes mesmo do lançamento do filme, centenas de pessoas foram aos estúdios da Universal para fazer piquete contra a produção, movidos por sermões calorosos de ministros protestantes e católicos. O líder evangélico Bill Bright chegou a dar uma oferta pelo negativo do filme, que desejava comprar e destruir. Em Paris, um grupo fundamentalista católico atacou um cinema onde seria exibido A Última Tentação de Cristo com coquetéis molotov. O ato deixou 13 feridos, sendo quatro deles em estado grave.

    A Serbian Film - Terror Sem Limites (Srpski film, 2010)

    Um ator pornô aposentado vive tranquilo com sua família até que, por causa de dificuldades financeiras, aceita um convite para voltar à indústria do entretenimento adulto para fazer um filme experimental. Depois de assinar os contratos, o homem descobre que será obrigado a praticar atos repugnantes como estupro e pedofilia.

    O filme foi muito criticado por suas representações realistas e violentas de seus eventos, além da misoginia de algumas de suas cenas. O diretor Srđan Spasojević alegou que se trata de uma metáfora de como os sérvios são tratados pelo governo de seu país e esclareceu que as crianças não participaram das cenas extremas (no lugar delas foi usado um manequim). O filme foi banido em quase 50 países e teve de ter cenas removidas em diversos outros para conseguir se projetado nos cinemas. 

    No Brasil, o longa-metragem chegou a ser anunciado na programação de um festival no Rio de Janeiro, mas a sessão foi impedida por decisão judicial. 

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