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    Festival de Gramado 2017: Com 'Vergel', Camila Morgado se joga em performance envolvendo luto, nudez e sexo

    Filme foi o último apresentado da competitiva nacional. Vencedores serão conhecidos neste sábado.

    Divulgação

    Na apresentação de Vergel - o último título a entrar para a competitiva nacional de longas-metragens do Festival de Gramado -, na noite desta sexta-feira, 25, a diretora Kris Niklison levou a plateia do Palácio dos Festivais às gargalhadas quando disse “eu sou argentina, mas o importante é ter saúde”.

    A frase é um indício da exuberância da realizadora (Diletante), também atriz, que procurou imprimir no comando de seu segundo longa um colorido - ao contrários das expectativas - no tour de force de uma mulher (Camila Morgado) em luto.

    Ao mesmo tempo em que tem que lidar com a burocracia da liberação do corpo do marido morto quando o casal passava férias na Argentina, toda sorte de pensamento passa pela cabeça dessa personagem, trancafiada em um apartamento que mais parece uma floresta tropical (daí o título, que quer dizer algo como “pomar”), tendo como único contato exterior a espevitada vizinha de baixo, interpretada pela argentina Maricel Álvarez (Biutiful).

    Cleiton Thiele / Pressphoto.

    Fora do lugar comum, Vergel é pura forma: uma sucessão de quadros lindos, de cores fortes (sim, exuberantes), frutos de um enquadramento nada óbvio da cineasta que responde também pela produção, montagem, direção de fotografa, direção de arte e assina até a “jardinagem” (uma curiosidade: cada planta é creditada como “elas mesmas”) - embora a narrativa, em si, não tenha a mesma força.

    No intuito de evitar o (melo)drama, a diretora contou, no encontro com a imprensa e o público na manhã deste sábado, que “queria uma interpretação contida, mas viva” de sua protagonista. “Quando aparecia uma lágrima, eu falava ‘corta’ e ela [Camila Morgado] queria me matar”, riu.

    Por outro lado, toda a opulência visual é acompanhada por uma performance corajosa da atriz, que se reflete em inúmeras cenas de nudez e sexo. “Eu não tive que convencer a Camila de nada. Falei para ela que o meu propósito era fazer um filme elegante”.”Não tinha como uma atriz querer fazer esse filme e não estar disposta a isso porque isso é o filme”, atestou Niklison. E ainda se antecipou ao questionamento óbvio: “antes de Azul é a Cor Mais Quente, eu já estava escrevendo Vergel, para afirmar que trabalha no projeto desde 2012.

    Cleiton Thiele / Pressphoto.

    Além das “cores de Almodóvar”, Vergel conta com uma atriz coadjuvante de traços físicos fortes (nariguda, desculpem), num papel meio “maluquinho” - é impossível não pensar em Rossy de Palma, uma das musas do diretor espanhol.

    Kris Niklison não esconde que já foi abordada sobre a comparação, mas desconversa: “Eu não perguntei a Almodóvar de que cor pintar as paredes da minha casa” (ela acumula, ainda, outra função, a de dona do apartamento onde o filme foi rodado). “Foi inevitável, mas não foi pensado”. “Se remete a Almodóvar, peço perdão a ele”, brincou.

    Uma coprodução Brasil-Argentina, Vergel ainda não conta com previsão de lançamento

    Os vencedores da 45ª edição do Festival de Gramado serão conhecidos na noite deste sábado, 26.

     

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