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    Homem-Aranha: Os filmes que jamais iremos assistir

    James Cameron quase dirigiu filme sobre o herói. Leonardo DiCaprio esteve cotado para interpretar Peter Parker. Homem-Aranha 4, com Sam Raimi, poderia ter sido muito bom.

    A estreia de Homem-Aranha: De Volta ao Lar chega depois de anos de negociações entre a Marvel Studios e a Sony Pictures. O esforço conjunto dos dois grandes estúdios de Hollywood, recebido com surpresa e entusiasmo quando foi anunciado em 2015, foi realizado para que o personagem pudesse integrar Universo Cinematográfico Marvel, mesmo arco narrativo onde se situam o Homem de Ferro, Capitão América, Thor, os Guardiões da Galáxia e companhia.

    Há alguns anos, a parceria que resultou na produção de De Volta ao Lar, filme de Jon Watts que traz Tom Holland como um Homem-Aranha adolescente, poderia parecer incomum ou improvável. Entretanto, o projeto idealizado por Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, e Amy Pascal, ex-vice-presidente da Sony Pictures Entertainment aconteceu. Só que nem todos os projetos ambiciosos vingam em Hollywood.

    Antes e depois do primeiro filme do Homem-Aranha lançado em 2002 e dirigido por Sam Raimi não faltaram esforços para tirar do papel alguns projetos cinematográficos sobre o popular herói da Marvel Comics co-criado por Stan Lee, mas nem toda empreitada do tipo vingou em Hollywood. Abaixo, conheça (ou relembre) os filmes nunca produzidos do Homem-Aranha.

    Homem-Tarântula (?!?!)

    O fracasso comercial de Superman III (1983) e Superman IV: Em Busca da Paz (1987) desestimulou muitos estúdios de Hollywood da ideia de produzir um filme baseado em HQ durante os anos 80 e início dos anos 90 por conta da incerteza à respeito do retorno comercial dessas obras. Roger Corman, produtor conhecido por trabalhar em filmes de baixíssimo orçamento — como o pitoresco e nunca lançado Quarteto Fantástico fracassado de 1994 — chegou a adquirir os direitos de adaptação do Homem-Aranha.

    Quando o direito de Corman expirou após ele não desenvolver filme algum sobre o herói, a Marvel vendeu os direitos do personagem para o estúdio Cannon Films, presidido por Menahem Golan e Yoram Globus. A dupla de executivos aparentemente não entendeu o conceito do personagem e solicitou que fosse escrito um roteiro no qual Peter Parker é um fotógrafo que, após ser exposto a material radioativo, se transforma numa besta mutante. O Homem-Aranha descrito no roteiro escrito por Leslie Stevens era uma tarântula humana com pensamentos suicidas, oito braços e aparência monstruosa.

    Insatisfeito com o que fizeram com seu personagem, Stan Lee solicitou que um novo roteiro fosse escrito. A partir daí se iniciou uma verdadeira dança das cadeiras de diretores e roteiristas. O enredo do filme foi escrito e reescrito tantas que o projeto se tornou desinteressante e comercialmente inviável. "Ted Newsom e John Brancato escreveram o roteiro. Era um bom roteiro, mas precisava ser retrabalhado. Infelizmente, cada vez que o roteiro foi reescrito por outros roteiristas ele ia de 'bom' para 'ruim' e em seguida 'terrível'", contou o ator e dublê Scott Leva, cogitado para o papel de Peter Parker.

    Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica, Poltergeist: O Fenômeno) e posteriormente Joseph Zito (Sexta-Feira 13 Parte 4: O Capítulo Final, Braddock - O Super Comando) foram escalados para a direção do projeto, que também teve um Tom Cruise em início de carreira cogitado para o papel de Peter Parker.

    Homem-Aranha desbocado e stalker de James Cameron

    Depois que os direitos de adaptação de Homem-Aranha foram da Cannon Films para a 21st Century Film Corporation, o produtor Menahem Golan continuou obstinado a realizar o filme no qual já tinha gasto cerca de US$ 1,5 milhão. Foi nesse contexto que surgiu o rascunho de roteiro do filme de 47 páginas escrito por James Cameron no começo da década de 1990. O cineasta convenceu o estúdio Carolco Pictures a adquirir os direitos do Homem-Aranha para que ele pudesse apresentar sua versão de seu herói favorito nos cinemas.

    Logo após filmar True Lies, o diretor de O Exterminador do Futuro (1984) e Aliens - O Resgate (1986) pretendia rodar Homem-Aranha com base em seu roteiro, descrito como um extenso tratamento com diálogos e orientações para a direção das cenas.

    A história criada por Cameron trouxe uma série de elementos que foram explorados posteriormente nos filmes de Sam Raimi, como a relação entre Peter Parker e Mary Jane Watson, o assassinato de Tio Ben por um ladrão de carro, a forma despreocupada que o herói reage quando um empregador é assaltado e, principalmente, as teias que saem organicamente dos punhos do herói, ao contrário dos lançadores de teia artificiais vistos em O Espetacular Homem-Aranha e em Homem-Aranha: De Volta ao Lar.

    No filme, seria apresentada a história de origem do herói com base nos quadrinhos, mas também com uma série de liberdades criativas tomadas por Cameron, que alterou o nome dos vilões originais Electro, apresentado como um nefasto capitalista sem escrúpulos, e Homem-Areia, que se torna mutante após ser cobaia de uma ação semelhante ao Experimento Filadélfia. A cena final seria uma batalha do herói contra os vilões no topo do World Trade Center.

    Segundo rumores da época, Leonardo DiCaprio teria sido cogitado para interpretar tanto Peter Parker quanto Harry Osborne. Cameron também teria cogitado ofercer o papel de Parker para Edward Furlong. Arnold Schwarzenegger era a escolha do diretor para o papel do Doutor Octopus e Maggie Smith esteve cotada para o papel de Tia May.

    O filme teria uma rumo ainda mais sombrio do que a versão de Raimi e o roteiro continha cenas no mínimo controversas, como quando Peter Parker fica à espreita na janela do quarto de Mary Jane e a observa trocar de roupa sem que ela perceba. Havia ainda uma cena de sexo entre Peter e MJ na Ponte do Brooklyn na qual o herói usa uma abordagem de sedução bizarra. "Em certas espécies de aranhas caranguejeiras, como as Xysticus, o macho usa a teia para prender a fêmea, amarrando seus membros", diz o roteiro numa linha que poderia ser muito bem interpretada por um abusador de mulheres. 

    Muitos anos antes de Deadpool e Logan, os diálogos do filme apresentavam uma série de palavrões, que provavelmente garantiriam ao filme uma classificação R nos Estados Unidos, ou seja, proibido para menores de 16 anos.

    Entre 1993 e 1996, ano em que a Carolco, 21st Century e a Marvel foram à falência, uma série de processos e disputas legais envolvendo o projeto foram travadas e o filme foi engavetado de vez. Cameron estava ocupado demais com a pré-produção de Titanic, que mudaria sua carreira para sempre, e deixou Peter Parker de lado finalmente. "Quando a Carolco ruiu, os direitos do filme estavam em jogo e eu não os comprei porque eu estava fazendo Titanic, fazendo outras coisas", comentou o diretor posteriormente. "Quando eu era criança existiam todos os super-heróis do mundo e existia o Homem-Aranha. Quando não consegui fazer o Homem-Aranha não fiquei indo atrás de outro personagem dos quadrinhos [para fazer um filme sobre]".

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