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    Tudo que você precisa saber sobre Universo Sombrio dos Monstros da Universal

    Envolto em expectativas, A Múmia estreia nos cinemas para dar início a um novo universo compartilhado de filmes.

    Da crise econômica conhecida como Grande Recessão à eleição que fez de Barack Obama o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, muitos dos eventos do ano de 2008 deixaram impactos que ainda são sentidos no mundo.

    No campo do cinema, foi naquele ano em que Onde Os Fracos Não Tem Vez foi premiado como Oscar de melhor filme, Heath Ledger hipnotizou o mundo com sua atuação como o Coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas e outro filme de herói deu início a uma tendência que ganha cada vez mais força entre os grandes estúdios de Hollywood quando Homem de Ferro iniciou o Universo Marvel Cinematográfico (MCU, na sigla em inglês).

    Quase 10 anos depois do MCU dar seu pontapé inicial, firmando-se como um norte em sua proposta de uma série de longas intrincada pelo mesmo eixo narrativo, a Universal Pictures se prepara construir seu próprio universo cinematográfico, o Dark Universe (ou "Universo Sombrio", em tradução livre) com o lançamento de A Múmia, com estreia prevista no Brasil para o dia 8 de julho.

    A Disney tem o MCU e franquia Star Wars. A Warner Bros. tem o Universo Estendido da DC. A Paramount Pictures tem a franquia Transformers, que também terá um universo compartilhado de filmes. Entretanto, a Disney, por exemplo, precisou comprar duas outras companhias de entretenimento para administrar suas principais franquias em live action, ao trazer para sua rede de subsidiárias a Marvel Studios e a Lucasfilm. Enquanto isso, a Universal Pictures não precisou comprar direitos de nenhuma outra propriedade intelectual para encontrar o mote de seu próprio universo compartilhado quando planejou trazer de volta à luz personagens clássicos de seu catálogo.

    Entre as décadas de 1920 e 1950, a Universal deu grandes contribuições ao cinema de terror e ficção científica ao adaptar personagens soturnos da literaratura para os cinemas em produções que marcaram época como Drácula (1931), Frankenstein (1931), A Múmia (1932), O Homem Invisível (1933), O Lobisomem (1941) e O Monstro da Lagoa Negra (1954).

    Anos depois da febre dos Monstros da Universal, o estúdio realizou esporádicos reboots, sendo a trilogia formada por A Múmia (1999), O Retorno da Múmia (2001) e A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008) a mais bem sucedida investida da companhia. Os três filmes e o spin-off O Escorpião Rei (2002) arrecadaram US$1,4 bilhão nas bilheterias mundiais.

    Mais uma vez, a Múmia 

    Em tese, o Dark Universe deveria ter começado há 3 anos, com o lançamento de Drácula - A História Nunca Contada. O filme que trouxe Luke Evans no papel de Vlad, o Empalador, príncipe famoso por suas atrocidades que serviu de inspiração para o clássico vampiro apresentado no livro de Bram Stoker. Mesclando eventos históricos com a lenda do vampiro mortal, o filme foi criticado pelo mau desenvolvimento dado pelo roteiro ao personagem principal, com muitas avaliações que classificavam o filme como negativo ou mediano pela imprensa especializada.

    Inicialmente projetado como primeiro filme do Dark Universe, Drácula - A História Nunca Contada perdeu seu status de pontaé inicial da nova cinessérie e a reponsabilidade ficou com o novo A Múmia, que traz a direção de Alex Kurtzman, um experiente roteirista e produtor que já trabalhou em filmes das franquias Transformers e Star Trek, além de produções como Missão: Impossível 3.

    Kurtzman vai trabalhar como produtor dos demais filmes do Universo Sombrio junto com Chris Morgan, homem de confiança da Universal, produtor de todos os filmes da franquia Velozes e Furiosos de Desafio em Tóquio em diante. Juntos, ambos serão para o Dark Universe o que Kevin Feige, produtor e presidente da Marvel Studios, é para o MCU, uma espécie de "diretor geral" que supervisiona toda a cinessérie. A Múmia traz ainda Jon Spaihts (Doutor Estranho) e Christopher McQuarrie (vencedor do Oscar por Os Suspeitos e roteirista de Jack Reacher: O Último Tiro, No Limite do Amanhã e Missão: Impossível - Nação Secreta) como roteiristas.

    Para um longa que nasce envolto a muitas pretensões como A Múmia, a Universal não economizou no elenco e escalou Tom Cruise, um astro de reconhecimento global, para o papel do militar Nick Morton. O ator já descreveu o personagem como "um ladrão que rouba relíquias e as vende no mercado negro", aproveitando-se de sua posição de oficial das Forças Armadas. Um Morton encontra a tumba da rainha Ahmanet (Sofia Boutella), que foi vítima de uma injustiça antes de ser sepultada e mumificada. Ahmanet desperta do mundo dos mortos cheia de poderes e disposta a deixar um rastro de terror e destruição por onde passar.

    Russell Crowe, outro popular ator no elenco do filme, interpreta o Dr. Henry Jekyll, personagem originalmente criado pelo escritor Robert Louis Stevenson no romance O Médico e o Monstro. De acordo com a sinopse oficial do Universo Sombrio, o Dr. Jekyll será uma espécie de Nick Fury, um personagem criado para conectar diversos personagens ao longo dos filmes do universo compartilhado.

    "Os filmes do Universo Sombrio são conectados por uma misteriosa multinacional conhecida como Prodigium", diz o texto. "Liderada pelo enigmático e brilhante Dr. Henry Jekyll, a missão da Prodigium é rastrear, estudar e — quando necessário — destruir o mal encarnado em forma de monstros no nosso mundo. Na mitologia construída pelos roteiristas para o Dark Universe, a Prodigium é uma instituição que opera no vácuo dos governos oficiais e existe há milênios para proteger a população mundial do "mal que existe bem abaixo da membrana da sociedade civilizada".

    Os filmes futuros do Dark Universe terão ainda Javier Bardem como Frankenstein e Johnny Depp como o Homem Invisível.

    Riscos

    Orçado em US$ 125 milhões, A Múmia é um projeto arriscado que carrega o peso de dar início a uma franquia que já nasce apostando alto. O futuro do Dark Universe depende muito da aceitação desse filme ao redor do mundo e os executivos do estúdio sabem disso. Segundo informações do site The Hollywood Reporter, figurões da Universal estão preocupados com a recepção do filme nas bilheterias e tem receios em relação ao sucesso do filme.

    Ainda assim, estima-se que o filme possa arrecadar US$ 40 milhões nos Estados Unidos em seu primeiro final de semana em cartaz. O longa vai estrear simultaneamente em mais de 60 territórios, incluindo a China, que tem um mercado exibidor visto como uma mina de ouro para projetos desse tipo. Ainda não há projeção para os primeiros resultados nas bilheterias internacionais.

    O que pode favorecer a viabilidade do Dark Universe mesmo após um eventual resultado comercial modesto de A Múmia nas bilheterias é a visão da Universal Pictures de realizar filmes com diversas propostas de orçamento. Filmes de terror de baixo orçamento como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal estão entre as produções mais rentáveis de todos os tempos. Ainda segundo o The Hollywood Reporter, o produtor Jason Blum, que já trabalhou em mais de uma centena de produções, incluindo diversos filmes de terror de baixo custo, teria demonstrado interesse em realizar algum projeto do Dark Universe.

    Monstros versus super-heróis

    Um dos maiores desafios dos filmes do Dark Universe será encontrar o tom certo para apresentar os personagens principais. Quais serão suas principais características? Nos filmes originais, Drácula e companhia eram vilões, será que eles serão anti-heróis agora? Será que o toque de terror prometido pelos produtores irá afastar o público mais família que também consome bastante baseados em HQs como os do MCU? 

    "Nós vivemos em um mundo de filmes de super-heróis agora e eu adoro esses filmes, diga-se de passagem, eu assisto todos eles e me divirto", comentou Chris Morgan em entrevista para o Collider. "Mas eu não consigo me identificar com eles porque eu sei que eu nunca serei tão perfeito", disse.

    "O que eu acho interessante nos monstros é que eles são sempre exageros de atributos humanos e ou medos humanos. Por exemplo, o Frankenstein foi resultado de um tipo de revolução científica — estamos brincando de Deus agora? Nós deveríamos brincar de Deus? Com o Lobisomem há a preocupação com o que poderia acontecer se perdêssemos o controle. O que acontecerá se eu ferir quem eu amo? Há questões muito humanas."

    (Na próxima página, conheça os próximos filmes do Dark Universe)

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