Minha conta
    Executivos da HBO falam sobre próximas produções no Brasil (Entrevista exclusiva)

    O AdoroCinema conversou com Roberto Rios e Maria Angela de Jesus.

    Em outubro de 2005, a HBO lançava sua primeira produção original brasileira: Mandrake. Agora, 12 anos depois, o canal trabalha na produção e desenvolvimento de inúmeros projetos no Brasil e na América Latina. O AdoroCinema conversou com Roberto Rios e a Maria Ângela de Jesus, presidente e vice-presidente de Produções Originais da HBO Latin America, para saber um pouco mais sobre as séries nacionais da emissora.

    Desde Mandrake, são 12 anos de produções originais da HBO no Brasil. Como vocês veem o momento atual?

    Roberto Rios: De lá para cá, tivemos um crescimento extraordinário. A gente começou com um ou outro projeto até chegar agora, quando temos vários projetos com temporadas consecutivas, projetos novos articulando e produzindo uma quantidade imensa de contéudo. Também fazemos documentários, uma demanda que começou a aparecer para a gente. Acredito que estamos na fase de maturidade, somos gente grande.

    Vocês acabaram de anunciar Santos=Dumont, sobre o importante inventor brasileiro. Como que nasceu este projeto e quais são as próximas etapas? 

    Maria Ângela de Jesus: Nós estamos neste momento na escrita, nas canetas, ou seja, estamos construindo a história que será contada em seis episódios, que é muita história, e é muito material. O Santos é uma figura midiática, você tem muito material, - tem na França, nos jornais, matérias no Le Monde, muita coisa aqui – a gente está trabalhando com várias biografias para poder construir essa história. É evidente que isso toma um certo tempo, mas a gente acredita que daqui a pouco começa a filmar, a ideia é essa. Vai ter muito trabalho de pré-produção por causa dos efeitos especiais, que você já tem que considerar na filmagem. Não existe mais aplicar os efeitos especiais depois. Então, as imagens já serão construídas para isso, e é isso que a gente fala de uma produção realmente “parruda”, porque é início do século, a gente tem que recuperar muito material, vamos ter que fazer o 14 Bis voar, então temos uns desafios bem interessantes.

    RR: Não vai ser tão difícil fazer o 14 Bis voar como foi para ele, mas vamos cuidar de tudo, para que seja.

    A história dele, no caso, é mais global do que vocês normalmente estão acostumados a tratar em suas séries originais brasileiras. Vocês pensam também em talvez lançar nos Estados Unidos, na Europa?

    RR: Com certeza. Mas, por enquanto, nossa preocupação é deixar que os brasileiros fiquem mais orgulhosos ainda e mais fascinados ainda com essa personagem tão extraordinária que foi o Santos Dumont.

    MAJ: Mas, hoje, as nossas produções todas estreiam, simultaneamente, na América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Magnífica 70, que estreou nos Estados Unidos e na Austrália, foi super bem. O Negócio passa na Europa, na Ásia, tem em vários territórios. Elas viajam bem. Magnífica 70, um sensor brasileiro dos anos 70. Você vai falar: “Isso não viaja”. Não, o Reino Unido adorou, a Austrália adorou a série. Teve muita repercussão.

    Você lembrou de Magnífica 70. A série terá uma terceira temporada?

    RR: Vocês vão saber muito em breve.

    Como estão preparando a última temporada de O Negócio? Como será esta despedida?

    MAJ: Vai ser uma grande despedida!

    RR: Estamos fazendo um monte de coisas, a Mariana está aqui acompanhando o dia a dia. Vamos aproveitar para que as pessoas repensem a série inteira, redescobrir as histórias que já vimos. Está muito emocionante. É um momento bastante emotivo, para a gente pensar, sentir saudades, mas estamos super felizes porque nós mesmos, como fãs da série, nós vamos esperar para ver o que o pessoal vai preparar de histórias que vêm por aí, de episódios. Eu estive com as meninas, na segunda-feira nós fomos ver as filmagens e elas estavam super empolgadas e felizes. Estão fazendo muito esforço de entrar em contato com os fãs para poder compartilhar histórias, momentos e fofocas de bastidores, está muito legal.

    MAJ: Mas não podemos contar muito, se não é spoiler. Mas esta é uma temporada muito emotiva porque é a conclusão, a gente fecha a história de todas elas, do Ariel, todo mundo vai sentir saudades do Ariel. 

    Vocês podem falar um pouco sobre a segunda temporada de O Hipnotizador? Como foi este trabalho em conjunto com países como Uruguai e Argentina?

    MAJ: O escritor da série é argentino e a produção é uruguaia e brasileira. O protagonista é uruguaio, mas temos atores brasileiros também e agora estamos indo para a segunda temporada. A primeira temporada foi inspirada nos livros, nos quadrinhos do Pablo de Sanchez e agora o Pablo criou histórias originais para nós. Isso é legal porque a série terá um arco longo dramático maior. Na primeira, a série era mais episódica, cada episódio trazia um personagem novo. Esta nova temporada cria um arco longo: o Arena sai de Finisterra, onde ele tava, e vai para uma outra ilha e essa história nova se passa nessa nova ilha, fora do contexto. Estamos criando muitos efeitos digitais para dar uma sensação de ser um outro lugar, um lugar que você não identifica, que se chama Puente Blanco, que é um lugar meio paradisíaco – a princípio – mas que aí você vai descobrir que nem tudo é perfeito nesse universo.

    E como é que foi esse trabalho em termos mais globais, de produção?

    MAJ: O projeto veio pela primeira vez pela RT Features - que é do Rodrigo Teixeira -, que já falava com a gente há muito tempo que era para desenvolver um projeto com a gente. E aí, ele trouxe um quadrinho do Pablo Versantes e falou: “Olha, vocês precisam ler isso”. A gente gosta muito de quadrinhos, a gente lê muito quadrinhos, então ele trouxe e falou: “Vocês precisam ler esse quadrinho”. A gente leu e falou: “Gente, esse é um projeto”. A princípio, o Rodrigo queria fazer uma animação.

    RR: Não, eu que sugeri a animação e o Rodrigo me desconvenceu. É o contrário. Eu fui falar “desenho” e ele falou: “Não, uma animação vai demorar quatro anos para fazer”.

    MAJ: Quando a gente começou a fazer as primeiras pesquisas de locação, a gente viu que Uruguai mantém muita coisa, a gente achou que era o local ideal. Aí, a RT se uniu à Oriental Filmes, que fica no Uruguai que já tinha trabalhado com a gente em realização de campanhas e projetos, e iniciamos esse projeto e tudo foi nascendo. A partir daí, chamamos o Leonardo Sbaraglia, que também já tinha trabalhado com a gente no Epitáfios, e a coisa foi tomando corpo. Colocar esta produção de pé - a primeira até foi mais complicada -, eu acho que agora a gente já está bem preparado, já tinha um modelo de produção. Hoje em dia as produções são muito assim. Em Sr. Ávila, que o Roberto produz no México, os roteiristas são argentinos.

    RR: A gente está acostumado a produzir já com nossa equipe toda transnacionalizada, então a gente tem uma capacidade de agir e, graças a Deus, temos instrumentos hoje em dia também para acompanhar produções em qualquer local com bastante precisão e muita rapidez. É um outro mundo, você está filmando hoje e no final da tarde o material está todo na rede já. Eu posso ir para o hotel agora à noite e ver o que foi filmado em O Negócio hoje à tarde, e, se tiver algum comentário ou qualquer coisa, você pode ir ali já e fazer a alteração. Tem o bruto, é claro, mas tem um processo, onde a gente se fala diariamente – por telefone, por skype, pelos arquivos, com comentários a fazer, as reuniões pessoais. Então, é um mundo meio que parecido com o da gente, só que ficou mais divertido porque ficou no ar realmente esta confusão entre espanhol e português entre os personagens.

    Se eu não me engano, vocês também estão trabalhando na produção de uma série Argentina. Você pode dizer mais alguns detalhes?

    RR: O Jardim de Bronze está praticamente pronta, deve ir para o ar dentro de alguns meses - não tenho data ainda -, e é um projeto 100% argentino. É um romance policial. Um cantor argentino que escreveu os roteiros com outro roteirista - o Gustavo Malajovich e Marcos Osorio Vidal -, produzida pela Pol-Ka Producciones, que foi a produtora que a nossa primeira série lá atrás, o Epitáfios, que foi escrita pelos irmãos Slavich, que escrevem o Sr. Ávila para a gente no México. Veja como o mundo vai todo se juntando. O Gustavo Malajovich escrevia aquela série Simuladores, que depois foi refeita na América Latina inteira. O projeto está aí, está pronto, está muito bacana, é uma história muito impactante porque é universal: o pai desesperado tentando encontrar a filha que desaparece a caminho de uma festa de aniversario de uma amiguinha junto com babá, que a estava levando. É uma busca incansável para entender o que aconteceu e descobrir o destino, envolve a mulher dele. É muito interessante e o final é, particularmente, inesperado. Agora só está em fase de pós-produção.

    Crédito foto de abertura: Rogério Resende.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top