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    A Cura: O diretor Gore Verbinski explica como construiu sua história gótica contemporânea (Entrevista exclusiva)

    Já em cartaz nos cinemas brasileiros.

    Quase quatro anos após O Cavaleiro SolitárioGore Verbinski está de volta às telas de cinema! Desta vez com uma produção mais autoral, na qual também assina o roteiro: o suspense A Cura. Ou, como ele mesmo gosta de definir, "sua história gótica contemporânea".

    Conversamos com o diretor sobre suas influências no suspense psicológico, o trabalho com o elenco e também o porquê de se afastar, ao menos temporariamente, dos blockbusters. "Eu me sinto muito grato por ter tido um décimo dos recursos para fazer A Cura. Se você me der um saco de dinheiro que está meio cheio e me deixar sozinho, eu prefiro isto às pressões e as expectativas sobre os blockbusters. Estes filmes vêm com uma disputa inerente, você precisa fazer uma comida que todos gostam - como um lanche do McDonald's. Eu não quero fazer um lanche do McDonald's."

    COMO SURGIU A IDEIA DO FILME?

    "Nós criamos este filme do zero", logo avisa o diretor. "Tudo começou quando [o roteirista] Justin Haythe e eu começamos a pensar no que queríamos fazer em nosso próximo projeto. Ambos somos fãs de um livro de Thomas Mann, 'A Montanha Mágica', e da ideia de que talvez exista um lugar onde as pessoas usam suas doenças como um escudo após os eventos da Primeira Guerra Mundial; é como um sentimento de negação. Então, nós começamos a brincar com a ideia de narrar uma história gótica contemporânea sobre a negação dentro de nossa sociedade."

    A partir desta ideia básica, Gore passou a analisar a real importância da tecnologia que nos rodeia. "Os celulares e o mundo moderno fazem a minha vida ser melhor? No fim da estrada, existe apenas a morte. Então, nós partimos daí e criamos um protagonista que tem essa doença contemporânea, que está disposto a fazer o que for preciso para sempre estar à frente de todos, para vencer, custe o que custar."

    INSPIRAÇÃO

    Na coletiva realizada antes da entrevista concedida ao AdoroCinema, Gore Verbinski afirmou ser fã dos filmes dirigidos por Roman Polanski e que eles o influenciaram bastante ao rodar A Cura.

    "Os filmes iniciais de Roman são muito bons, é importante revisitá-los. Filmes como O Iluminado, O Bebê de RosemaryO ExorcistaInverno de Sangue em Veneza transcendem suas próprias naturezas. Todos são, essencialmente, filmes B que foram elevados por causa da forma como foram executados. Ter o filho do demônio ou sofrer por causa de um cemitério indígena que existia no local anteriormente são premissas de livros pulp, que não eram considerados literatura, eram apenas obras fantásticas, contos de fada. Mas é a execução que os tornou grandes filmes e isso me fascina."

    TRABALHANDO COM DANE DEHAAN

    Em entrevista concedida ao AdoroCinema, Dane DeHaan contou que passou por maus bocados durante as filmagens - ele afirmou ter sido torturado e que teve muitos pesadelos! Perguntamos ao diretor como foi convencê-lo a participar destas sequências: "Ele não é um dublê, mas precisava que interpretasse nestas situações. Tive muita sorte de ter Dane porque ele é muito determinado, muito jovem e está pronto para fazer o que for necessário em seu trabalho."

    "Em um filme de grande orçamento você tem várias maneiras de atingir o que deseja. Neste filme, nós tivemos recursos muito limitados. Isso significa que as coisas precisam ser reais: não utilizamos o chroma key e utilizamos poucos efeitos especiais", explica o diretor. "Dane precisou pilotar uma motocicleta com um gesso em sua perna, precisou ficar submerso o dia inteiro, e ele nunca mergulhou, então nós tivemos que ensiná-lo como respirar nesta situação. Ele está em quase todas as cenas do filme. Isso é cansativo, mas ele é jovem."

    "QUASE UM CORONEL KURTZ"

    Outro personagem bastante importante em A Cura é o dr. Volmer, chefe do misterioso spa onde boa parte do filme se passa. A escolha de Jason Isaacs como intérprete teve condições especiais. "Este lugar que visitamos precisava de alguém que fosse como o líder de um culto, quase como o Coronel Kurtz de Apocalypse Now. Por que alguém acreditaria nele e em seus tratamentos? Então, eu precisava de alguém como ele."

    "Queria que ele interpretasse como se soubesse que a cura tinha um preço para a alma do doente, mas que continuasse curando porque essa era sua vocação", explica o diretor. "Conversamos sobre o personagem e expliquei para Jason que ele não era exatamente um vilão. O terror, de fato, mora aí: quanto mais o spa fica insano, os médicos se tornam mais gentis e ficam mais preocupados com o seu bem-estar. O grito é muito melhor quando ele nasce da relação com alguém que parece ser gentil, muito tranquilo, que não reconhece o seu grito de horror e te diz que tudo isso faz parte do tratamento."

    O AdoroCinema viajou a Nova York a convite da Fox Filmes do Brasil.

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