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    Na indústria cinematográfica, não-brancos precisam trabalhar duas vezes mais para serem reconhecidos, diz estudo

    "Uma culutra que valoriza o 'se enquadrar' e 'quem você conhece' permance como uma grande barreira para o aumento da diversidade e essa cultura precisa ser contestada de uma maneira consistente e bem coordenada."

    Um relatório encomendado pela BAFTA, a Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão, revelou que as grandes companhias de cinema, televisão e videogames ainda têm muito a fazer para garantir uma maior diversidade em seus quadros de funcionários e precisam urgentemente abandonar práticas que valorizam mais o trabalho de homens brancos e heterossexuais do que os de pessoas que não pertecem a um desses grupos.

    "Indivíduos de grupos subrepresentados que conseguiram sustentar carreiras na indústria do cinema, televisão ou videogames tendem a ser mais a exceção do que a regra", diz o relatório. "E eles muitas vezes têm de ir mais alto e mais longe do que o que é esperado de seus colegas", conclui o texto, divulgado nesta semana.

    A pesquisa ouviu longos depoimentos de mais de 50 profissionais de grupos subrepresentados — incluindo mulheres, pessoas de origem social humilde, negros, asiáticos e outras minorias étnicas —  que, apesar das adversidades, alcançaram o sucesso profissional. O objetivo era traçar os fatores que ainda impedem que as pessoas de minorias sejam adequadamente representadas nessas áreas.

    "Acho que é duas vezes mais difícil alcançar o sucesso para atores de minorias do que para seus colegas brancos. Esta ainda é uma realidade e eu não imagino as coisas melhorando muito, para ser honesto, sem uma ação decisiva dos organismos de financiamento", afirmou Riz Ahmed, uma das pessoas que teve sua trajetória profissional avaliada no estudo. De ascendência paquistanesa e vindo de uma família pobre, o ator inglês ganhou notoriedade nos cinemas por suas atuações em O Abutre e Rogue One: Uma História Star Wars.

    O estudo ainda apontou que a "estrutura das companhias, as práticas de contratação e as mentalidades criam barreiras adicionais contra as quais profissionais de grupos subrepresentados tem que lutar", atacando as "panelinhas" da indústria. "Uma culutra que valoriza o 'se enquadrar' e 'quem você conhece' permance como uma grande barreira para o aumento da diversidade e essa cultura precisa ser contestada de uma maneira consistente e bem coordenada."

    Um profissional da indústria cinematográfica que não quis se identificar serviu de fonte para o estudo afirmou o seguinte: "Em um filme, você tem as pessoas que tomam as decisões [a respeito do financiamento dos filmes] e falam a mesma lingua, mas realmente ajuda se você tiver o dinheiro e apoio de sua família. Ser negro, asiático ou de outro grupo étnico minoritário não é o grande problema, mas sim ser de origem humilde e não ter contatos ou dinheiro para suavizar o seu caminho"

    O relatório aponta que o recorte de classe precisa ser feito nas questões relacionadas à minorias, mostrando o quão prejudicado alguém pode ser por não ter vindo de uma família abastada. "As questões estruturais que afetam a estabilidade das carreiras criam uma alta barreira financeira para aqueles sem apoio, contatos pessoais ou a habilidade de aceitar o risco receber uma renda irregular. Além do mais, códigos culturais e normas de classe podem afetar aqueles que não são percebidos como parte do grupo."

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