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    Seu Jorge e Taís Araújo celebram e se emocionam na apresentação do elenco de Pixinguinha - Um Homem Carinhoso

    Denise Saraceni começa a rodar hoje o filme sobre o pioneiro da MPB — um homem de grandes feitos, boas histórias e que precisa ser relembrado para as novas gerações.

    A Música Popular Brasileira, pode se dizer, celebra 100 anos em 2017. Isso porque, lá nos idos de 1917, nascia o seu primeiro grande hino: "Carinhoso", canção escrita por Alfredo da Rocha Vianna Filho — sabe quem é? Pois, bem mais que associar o nome de batismo ao artista, a data propícia não passará em branco e permitirá um resgate de todo o legado desse pioneiro da cultura nacional. Começam hoje, no Rio de Janeiro, as filmagens de Pixinguinha - Um Homem Carinhoso.

    "Eu quero tudo o que esse cara pode contribuir para as gerações de hoje", declara uma motivada Denise Saraceni (Ligações Perigosas) em entrevista exclusiva ao AdoroCinema. O desafio da diretora é grande, mas ela terá à sua disposição o carisma de dois artistas à altura: Taís Araújo (O Roubo da Taça), como Beti; e Seu Jorge (Cidade de Deus) na pele (e voz, no talento, de corpo e alma) de Pixinguinha.

    "É um privilégio", revela Seu Jorge, feliz em ser escolhido em meio a "tantas pessoas interessantes no mundo". Iniciado nos instrumentos célebres de Pixinguinha, flauta e saxofone, ele trata a responsabilidade como a realização de um sonho. "Eu sempre quis fazer um filme interpretando um músico. Mas não um cantor. Sempre sonhei em fazer um instrumentista. E eu estou tendo a sorte da vida de interpretar o grande negro instrumentista brasileiro", diz o cantor, que dará vida a Pixinguinha dos 35 aos 76 anos.

    Seu Jorge é um apaixonado pela sétima arte. Para conjurar "a mágica que o cinema faz", ele terá de provar novamente seus talentos como ator devido a um obstáculo particular: "Pixinguinha é uma figura singular. Como o título diz, Um Homem Carinhoso. O cara teve uma educação primorosa, requintada para um homem negro num momento social e histórico do Brasil de baixa tolerância, ou quase nenhuma — ele nasceu dez anos após a abolição da escravatura. E ele era amado por todos. A dificuldade desse filme é encontrar algum conflito", explica Seu Jorge, já antecipando aspectos fascinantes do biografado.

    "A vida sorriu pra ele, e ele aproveitou. Além de ter sido um talento nato", diz Taís Araújo, contando que o filme mostrará as oportunidades que ele teve e, principalmente, "como ele viria a se tornar o mestre que foi" e principal formador da primeira música genuinamente brasileira, o chorinho. Mas, mais ainda, Pixinguinha - Um Homem Carinhoso contará ótimas histórias do músico boa praça — que, um dia, levou pra casa e serviu cafezinho ao homem que, momentos antes, tentara assaltá-lo.

    "Ele era muito livre, boêmio... Ficou sem dinheiro porque bebia muito e era generoso demais. Teve uma época que ele ficou endividado porque o Oito Batutas tava sem gravar. Ele vendeu o carro, que era um senhor carro, dividiu a grana com todo mundo do grupo e ficou sem dinheiro pra pagar a casa. A Beti ficava louca!", conta a atriz, que vive a esposa do músico na cinebiografia.

    Apesar de irresponsável, Pixinguinha também era romântico. Depois de quatro anos em desenvolvimento, Manuela Dias (Justiça) finalizou um roteiro "maduro" e com "lindas passagens": "A Beti, que foi o grande amor da vida dele, estava doente, no hospital. Ele também ficou doente, mas ela estava numa situação muito pior. Aí ele não deixou ela saber que precisou ser internado. Todo dia o Pixinguinha tirava a roupa [hospitalar], vestia o terno e a gravata, o filho trazia flores e ia visitá-la como se não tivesse nada. Quando saía de lá, ele voltava pro quarto, debilitado, e deitava. E ela morreu sem saber que ele estava doente. É linda essa história!", conta Taís, com os olhos marejados.

    Outro elemento de destaque em Pixinguinha - Um Homem Carinhoso será a música — claro! Se o curto tempo de pré-produção (e produção, cinco semanas) impedem Seu Jorge e os outros músicos de tocar ao vivo no set, os arranjos do maestro Cristovão Bastos, o tom de liberdade do filme e o ritmo do choro ao jazz serão os trunfos de Saraceni para conseguir o que busca: com "uma história de instigar", fazer as pessoas saírem da sessão com vontade de conhecer mais sobre a vida e a arte de Pixinguinha.

    Folha Imagem

    "A responsabilidade é respeitar essa história. Não fazer um filme pobre de espírito. Tudo do Pixinguinha é genial, lírico, emocionante... Ele foi engraçado, divertido — são muitos adjetivos. Mas ele nunca foi um cara pobre de espírito. Ele pensava com simplicidade, mas o resultado do que ele fazia era deslumbrante. O objetivo é ser simples e respeitoso ao personagem", revela Denise Saraceni, que finaliza: "Eu quero fazer um filme lúdico, um filme aberto, e que se assemelhe ao temperamento do Pixinguinha."

    A previsão de lançamento de Pixinguinha - Um Homem Carinhoso é outubro de 2017. No elenco, outros três atores interpretam o protagonista em sua juventude: aos 8 anos, Thawan Lucas; aos 13, Luan Bonitinho; e, aos 25 anos, Danilo Ferreira. O filme ainda contará com uma participação muito especial no papel de Alfredo Viana, pai de Pixinguinha: Lázaro Ramos.

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