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    Aquarius: “Eu não tenho o menor interesse em fazer filmes ‘de arte’”, diz diretor

    Kleber Mendonça Filho defende o financiamento público da cultura – e cita o exemplo do próximo Transformers.

    “Um casamento entre um filme e um barulho”. Assim o diretor Kleber Mendonça Filho, de Aquarius, resume a trajetória do longa, agora que a obra chega ao circuito nacional, três meses depois de estrear no prestigiado Festival de Cannes, quando a equipe do filme protestou contra a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

    Divulgação

    De lá para cá, Aquarius contou com a resistência de um membro da comissão de escolha do representante brasileiro na corrida ao Oscar e pegou classificação etária de 18 anos. “Se Clara [personagem de Sonia Braga] subisse no andar do prédio dela para ver o que está acontecendo e ela visse um homem sendo executado com três tiros na cabeça, o filme provavelmente seria [indicado para] 14 anos”, provoca o cineasta.

    Na entrevista ao AdoroCinema, o diretor de O Som ao Redor defende o investimento de dinheiro público para a cultura, uma indústria que, como tal, gera emprego e renda: “Aquarius foi feito com R$ 3,4 milhões, com uma equipe de mais de cem pessoas. Todo mundo foi pago”.    

    Transformers está sendo filmado em Detroit com uma ajuda monumental de dinheiro da cidade de Detroit. Isso gera emprego em Detroit, eleva o moral da cidade, e imagino que o roteiro também levante o moral da cidade com a derrocada da indústria automobilística”. “Cabe a qualquer um, qualquer produtor, qualquer realizador, fazer a utilização honesta desse dinheiro. Aí, é uma outra questão”, sentencia.

    Divulgação

    A respeito do que o motiva a contar uma história, Kleber esclarece: “Eu tenho interesse em fazer um registro com linguagem clássica de cinema, de ficção, e eu sempre me lembro muito dos filmes americanos dos anos 1970, que são muito importantes para mim. E esse registro deve ser um registro real e verdadeiro de como eu vejo a vida no Brasil, a vida que a gente vive, nossas relações com as pessoas, com os seres humanos; filmar isso de uma maneira que seja interessante e divertida, até”.

    Divertida? Contrariando a ideia de quem possa ser levado a pensar que o diretor mira sua lente para o cinema “cabeça”, ele rebate: “Eu nunca fiz nenhum filme achando que não seria entretenimento”. “Eu nunca pensei que eu estou fazendo um filme ‘de arte’”. “Eu não tenho o menor interesse em fazer filmes ‘de arte’”.

    Confira a entrevista completa no vídeo acima, e Aquarius, nos cinemas.

    [Entrevista realizada no dia 24 de agosto. No dia 01 de setembro, o Ministério da Justiça reavaliou a classificação indicativa, que foi reduzida para 16 anos].

     

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