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    Comic-Con 2016: Oliver Stone discute direito à privacidade, democracia e Pokémon Go no painel de Snowden

    Um dos painéis mais sérios e profundos na história da Comic-Con.

    Getty Images

    Ao checar a programação da Comic-Con 2016, logo saltou aos olhos a presença de Snowden com um painel próprio. Nem tanto pela expectativa em torno do longa-metragem, inicialmente previsto para ser lançado em 2015, mas por ser tão desconexo com o perfil pop típico do evento.

    Tamanho contraste esteve explícito de várias maneiras no Hall H, a começar pela forma como Oliver Stone foi apresentado: através de um vídeo cujo início trazia a icônica cena final de Scarface, onde Tony Montana (Al Pacino) diz a célebre frase "Say hello to my little friend". Trechos desta mesma frase em filmes recentes demonstravam para o público leigo a repercussão do trabalho de Stone, roteirista do longa-metragem. Breves cenas de Platoon, Nascido em 4 de Julho, NixonAs Torres Gêmeas e outros de seus trabalhos tinham também por função relembrar quem era o diretor, chamado ao palco como ganhador de três Oscar. Pronto, o trabalho de apresentação/reverência estava concluído e o público pronto para ouvir o que ele tinha a dizer.

    E Stone disse, muito! Sem papas na língua, como de hábito, falou sobre a invasão de privacidade nos dias atuais - "Hoje vivemos em uma vibe tipo Big Brother" -, revelou que todos os grandes estúdios de Hollywood se recusaram a financiar Snowden - "Isto é duro! Este filme trata de questões importantes para o país" - e até mesmo atacou a febre do momento, o jogo Pokémon Go - "É um novo nível de invasão. A busca pelo lucro é enorme neste capitalismo de vigilância! O Google investe milhões todo ano para saber detalhes de cada um de nós nesta sala. Pokémon Go é o novo estágio."

    A entrada no palco do protagonista Joseph Gordon-Levitt, intencionalmente vestindo uma camisa com a bandeira americana, deu o tom do que viria no painel: "Oliver Stone é um dos diretores mais patriotas na história do cinema, porque ser patriota não é achar que tudo sempre está bem", afirmou. Conhecido por seu cinema panfletário, muitas vezes tomando posição em questões polêmicas na história americana, o diretor desta vez se volta para Edward Snowden, o ex-funcionário da CIA que divulgou para a imprensa documentos sigilosos que comprovaram a espionagem orquestrada pelo governo americano. "Ele é um homem a ser descoberto, apesar de já haver um documentário sobre ele", declarou.

    O filme citado, o vencedor do Oscar Citizenfour, serviu de base para Gordon-Levitt treinar o tom de voz de Edward Snowden - algo que pode ser notado de forma muito nítida no novo trailer divulgado. O ator o conheceu em Moscou, onde teve uma primeira conversa que durou quatro horas. "Ele é muito educado, à moda antiga. E muito otimista sobre o futuro, em como a tecnologia pode ajudar a desenvolver a democracia", complementou.

    Com temas profundos em torno da necessidade de transparência por parte de qualquer governo, o painel de Snowden iniciou um debate bastante interessante sobre o uso da tecnologia nos dias atuais. "Este é o seu mundo e saber como ele funciona é extremamente importante", alertou Zachary Quinto à plateia povoada de jovens. Sem exagero, é possível afirmar que este tenha sido um dos painéis mais sérios já vistos na história da Comic-Con.

    Coestrelado por Shailene Woodley, Melissa LeoNicolas Cage e Tom Wilkinson, Snowden tem estreia nos Estados Unidos agendada para 16 de setembro. No Brasil, por enquanto, segue sem distribuidora definida.

     

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