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    Exclusivo: Diretor fala sobre o premiado O Último Cine Drive-in

    Conversamos com o diretor, roteirista e produtor Iberê Carvalho.

    Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

    O Último Cine Drive-in chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 20 de agosto, após ser um dos destaques do Festival de Cinema de Gramado, de onde saiu com quatro troféus. O AdoroCinema cobriu o evento diretamente da serra gaúcha e teve a oportunidade de conversar com o diretor, roteirista e produtor Iberê Carvalho. O resultado você confere logo abaixo!

    Fale um pouco sobre como nasceu o projeto?

    O roteiro nasceu na necessidade de se falar de um relacionamento familiar. Inicialmente, era a história de um pai e um filho que não se viam há muito tempo e se reencontram. Aí a gente foi trabalhando e a história foi mudando para o filho que está perdendo a mãe e ao perder ela reencontra o pai. Mas a coisa ainda parecia incompleta. Estava faltando algo. Um dia, indo ao Drive-In para assistir ao filme Prova de Morte, do Tarantino, me deu um estalo de que o filme poderia ser ali. O Drive-In é um espaço familiar, mantido por uma família. E é um espaço completamente anacrônico, está fora do tempo. Você entra lá e parece que você entrou na década de 70. Ele está isolado da cidade. Me pareceu o lugar ideal para contar esta história e com o tempo o Drive-In foi se transformando num dos personagens principais do filme. Ele está diretamente relacionado a ideia de paixão pelo cinema, que foi ganhando cada vez mais corpo e ganhando mais espaço na história. Eu ainda acho que a primeira camada é a relação familiar, mas o Drive-In é uma camada muito importante no longa.

    Cinema Paradiso é uma referência óbvia quando se fala em paixão sobre o cinema, mas recentemente tivemos também filmes como Cine Holliúdy, que fez muito sucesso. Qual  o motivo desta nostalgia funcionar tão bem na tela grande?

    O Cinema Paradiso é uma referência inevitável porque ele fala da sala como um espaço de memória afetiva, uma desculpa para você lembrar de momentos marcantes da sua vida. A sala é uma desculpa para a nostalgia, a dor daquilo que não volta mais. É a diferença entre nostalgia e saudade. A saudade você mata. A nostalgia não. Não tinha como não ter Cinema Paradiso como referência. Além desta coisa da sala, tem a relação paternal. A relação do Toto com o Alfredo é uma relação de pai e filho. O pai que ele não tem, que ele substitui pelo projecionista. Eu acho que filmes que falam sobre a paixão sobre o cinema têm grande potencial de fazer sucesso. A verdade é que a gente tentou usar esta paixão pelo cinema em função da história da família.

    Como foi a escolha do elenco?

    Uma coisa para mim era clara: o guardião do último cine Drive-In tinha que ser alguém com uma ligação estreia com o cinema, alguém que tivesse o cinema com sua imagem. E o Othon Bastos talvez seja nossa principal figura relacionada ao cinema brasileiro. É o Corisco de Deus e o Diabo na Terra do Sol, fez os filmes com o Ruy Guerra. Talvez seja a pessoa mais emblemática do cinema brasileiro, ele tem a capacidade de fazer tanto o cara forte quanto o frágil. Acho que o Almeida passa uma força que é típica do Othon, como também uma fragilidade, que vem de uma sensibilidade. Com os outros atores, foi uma busca muito difícil. Mas acho que a gente foi muito bem. A Rita Assemany é uma atriz muito experiente, que fez muito teatro, mas também cinema. André Deca também faz muito cinema, mas geralmente com personagens menores. Acho que uma das qualidades do filme é que o elenco está bem uniforme.

    O longa tem momentos de drama, comédia, road movie, aventura e até romance. Como foi este trabalho de gênero?

    O drama com tons de comédia sempre foi uma busca. A ideia nunca foi levar o filme muito a sério. Sempre achei que se a gente fizesse isso, ele tinha tudo para ficar piegas. Não sou o Tornatore para conseguir fazer o Cinema Paradiso com aquele grau de emoção. A ideia era criar uma fábula, para que a gente não leve a história tão a sério e se envolva com aquela trama pouco provável, com o meu falso final feliz. Essa coisa da aventura, do road movie, seguiu esta cinefilia, que é quase uma metalinguagem, mas era algo que não devia sobressair.

    Com o filme chegando agora aos cinemas, você só está preocupado com ele ou tem outros projetos em vista?

    Este está tomando mais tempo do que eu imaginava, mas tenho outros projetos sim. Eu vou rodar agora em outubro um piloto de uma série infantil e já estou desenvolvendo um roteiro para um próximo longa, que vai ser um thriller político que fala um pouco deste possível ambiente fascista que parece plainar pelo mundo hoje em dia. E também tenho um documentário sobre a nadadora Maria Lenk. Eu fiz um especial de 26 minutos para a ESPN e agora quero fazer um longa.

    O AdoroCinema viajou a convite da organização do Festival de Gramado 2015.

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