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    "Muito mais 'black' do que 'orange'": Livro sobre presidiárias brasileiras vai virar filme

    Livro "Presos que Menstruam", da jornalista Nana Queiroz, será adaptado para os cinemas e pode até ganhar série de TV.

    Mario Tama / Getty Images

    O livro de não-ficção "Presos que Menstruam: Histórias de mulheres que são tratadas como homens nas prisões paulistas" vai ganhar uma versão para os cinemas. Quem confirmou a informação foi a jornalista Nana Queiroz, autora da obra, em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo.

    Fruto de uma pesquisa de campo realizada entre os anos de 2010 e 2014, o livro se propõe a mostrar como o sistema carcerário brasileiro trata as mulheres com precaridade e ignora questões de gênero, oferecendo a elas tratamento muito similar ao masculino, inapto para tratar adequadamente de temas como menstruação, maternidade e outras especificidades do universo feminino.

    Sendo assim, o livro também acompanha os fatores que levaram essas mulheres à cadeia, o impacto em suas famílias e o dia-a-dia na prisão. Na obra, menciona-se ainda os casos de presas "famosas" como Suzane Von Richthofen, que matou os pais, e Anna Carolina Jatobá, condenada pelo assassinato de sua enteada, a menina Isabella.

    O filme está mais perto de ser uma versão feminina do drama Carandiru do que uma versão brasileira da comédia americana Orange Is The New Black, de acordo com Queiroz. "Seria muito mais 'black' do que 'orange'. O sistema carcerário brasileiro é drama e não comédia", disse a autora. 

    Ainda segundo Nana, a intenção é também adaptar o livro para o formato série de TV: "A gente quer transformar em um piloto de série e vender para um grande canal, ou até a Netflix".

    O longa metragem deve se chamar Gardênia, nome de uma das detentas que teve sua história contada no livro. Gardênia é uma mulher definida como "uma traficante com a mente corroída" por sua genética ou pelo abuso de drogas que foi presa diversas vezes. Numa dessas ocasiões, estava grávida e teve de gritar para conseguir que os policiais conseguissem levá-la ao hospital quando ela estava em trabalho de parto. Quando sua filha nasceu, sequer deixaram que ela abraçasse a criança e logo lhe algemaram de volta à maca. Quando retornou à cadeia, teve de dormir no chão e os pontos da cesárea infecionaram. Gardênia também foi condenada por homicídio, mas ela não quis contar a Nana quem matou e a autora teve de descobrir por conta própria.

    O trabalho de Nana Queiroz ganhou as manchetes brasileiras ao revelar a falta de absorventes íntimos em presídios femininos de São Paulo, fato que as faz detentas serem obrigadas a recorrer ao uso de papel higiênico e até miolo de pão.

    Gardênia começa a ser filmado em 2016. O longa-metragem está em fase de captação de recursos.

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