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    Entrevista exclusiva: Diretora de Muitos Homens Num Só revela que se inspirou em filme de Hitchcock

    Estrelado por Vladimir Brichta e Alice Braga, o drama de época já está em cartaz nos cinemas.

    Ela tem uma longa carreira na publicidade e em videoclipes, mas apenas resolveu investir como diretora de cinema em 2008, ao rodar o documentário Contratempo ao lado da amiga Malu Mader. Mais alguns anos foram necessários até que Mini Kerti enfim estreasse nos longas de ficção com Muitos Homens Num Só, que chega hoje ao circuito comercial.

    Exibido em primeira mão no Cine PE do ano passado, onde faturou 10 prêmios, incluindo os de filme e direção, Muitos Homens Num Só é baseado no livro "Memórias de um Rato de Hotel", de João do Rio, que narra a história real de um ladrão sedutor que atuava na sociedade carioca do início do século XX. Conversamos com a diretora sobre como foi a produção do longa-metragem, especialmente em relação às dificuldades enfrentadas para retratar na telona uma cidade de quase um século atrás. Confira!

    ADOROCINEMA: Este é o seu primeiro longa-metragem de ficção. Por que a escolha por um livro do João do Rio?

    MINI KERTI: Li o “Memorias de um Rato de Hotel” e me encantei com o livro e com o personagem, Dr. Antônio, um ladrão de hotéis como aqueles ladrões românticos de outrora. Lembrei dos filmes do Hitchcock e do LubitschLadrão de Casaca e Ladrão de Alcova. A partir daí, comecei a ler os livros do João do Rio e me interessei imensamente pelo jornalista, autor e cronista que ele era. Seu humor refinado, um frasista nato, que retratava o Rio de Janeiro e seus habitantes do início do sec. XX. Eu e Leandro Assis, roteirista, nos inspiramos livremente na obra do João do Rio, tendo como personagem principal esse Dr. Antônio, que João do Rio conheceu e entrevistou na Casa de Detenção.

     

    AC: Algo que chama bastante a atenção no longa-metragem é o apuro técnico, especialmente em relação à fotografia, à direção de arte e ao figurino, que faz com que a ambientação do Rio de Janeiro no início do século XX torne-se um personagem relevante. Como foi a definição deste contexto e também a escolha sobre quais locais do Rio poderiam servir de locação?

    MINI: Sou apaixonada pela minha cidade por isso. A busca das locações foi um prazer, às vezes acordava sozinha, de manhã e ia olhar a cidade, fotografar pensando no filme. Kiti Duarte, a diretora de arte, Flavio Zangrandi, fotógrafo, Marina Franco, figurinista, e Julia Moraes, produtora, são antigos parceiros e isso faz com que a comunicação entre todos seja fácil e rápida.

    A Kiti Duarte fez um trabalho minucioso no quebra-cabeça das locações, porque o Hotel dos Estrangeiros, por exemplo, nós filmamos em cinco locações diferentes: os quartos do hotel na Casa dos 7 Erros, em Petrópolis, a recepção do Hotel na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o restaurante do hotel na Câmara Legislativa, os corredores na Escola do Sagrado Coração e o exterior na Quinta da Boa Vista.

    O conceito principal da fotografia elaborada pelo Flávio Zangrandi foi usar muita luz de cena, luminárias e velas, no caso dos interiores à noite, e luz externa que entrava pelas janelas, no caso do interior de dia. Filmamos muitas cenas em silhueta, já que um ladrão trabalha sempre no escuro.

    A Marina Franco elaborou para a Eva (Alice Braga) uma desconstrução do figurino e da maquigem, ao lado do Martin Macias, maquiador, super pertinente para a personagem ao longo do filme. Ela vai se desmontando, como se ela se deslocasse daquela época ao longo do filme. E a Julia Moraes fez um trabalho hercúleo para conseguir todas as locações que precisávamos. Sem essa equipe esse filme não seria possível.

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