

Mas o mais correto seria dizer a Morte. Pérola (Ticiana) é uma jovem que decide estudar na França. Lá, passa a morar sozinha em um casarão um tanto quanto sombrio. Até que a morte anunciada do título acontece, misteriosamente. Na sequência, um homem (Guto) se desloca para o mesmo apartamento e parece realizar experimentos com o objetivo de reconstruir os passos da falecida. E os dois cineastas assumem praticamente todas as etapas de realização do filme.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Influência, não cópia. "O cinema de gênero vem de uma matriz comercial, com seus códigos com os quais o espectador já tem uma relação preestabelecida. O que me interessa é pensar a utilização desse códigos, deslocá-los de um modo em que você consiga envolver o espectador por conta dessa familiaridade, e, ao mesmo tempo, levá-lo pra um lugar que não seja o que ele está esperando", explica Parente.
E é nessa ressignificação que ele tem focado o trabalho, um tipo de cinema comumente chamado "de autor". Sem graduação na área, ele foi aluno da primeira turma da escola de audiovisual da Vila das Artes, de Fortaleza, que tem como princípio um ensino voltado para a experimentação de linguagem. Ticiana, que estudou cinema como graduação, foi aluna da segunda turma. Hoje, ele integra o elogiado coletivo Alumbramento - que completa dez anos em 2016 - e ela montou a produtora Tardo.
Reeducação do olhar.

"Se tivesse algum tipo de política, alguma coisa que possibilitasse você ter filmes independentes lançados a R$3,00... Eu não quero que ninguém page R$30,00 para ver o meu filme. Porque eu não quero pagar R$30,00 para ver nenhum filme", remedia Guto.
A Misteriosa Morte... ainda não tem data de estreia, mas deve será distribuído pela própria Alumbramento - em princípio, em Fortaleza, Recife e Belo Horizonte.
Comer, comer.
Com inúmeros (acredite, são muitos) projetos para os próximos anos, Guto e Ticiana estão prestes a dar à luz a um projeto também concebido no isolamento criativo da França. Em 2016, eles começam a rodar (ele, como diretor; ela, produtora, novamente) a comédia de humor negro Clube dos Canibais, a partir de um roteiro escrito lá por Parente.
"Resumindo bem grosseiramente, é a história de um casal que faz parte da alta sociedade cearense, da elite, que tem o hábito de comer os empregados", explica Guto. "Mas, comer como?", pergunta o inocente repórter. "Comer [Ticiana faz gesto de mastigação] e comer".