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    Entrevista exclusiva: Diretora do documentário De Gravata e Unha Vermelha fala sobre respeito à diversidade sexual

    "Acredito que este filme tenha um papel de militância pelo não-conservadorismo, pela liberdade de desejo e pelo enfrentamento às forças conservadoras que estão no poder".

    Vencedor do Prêmio Felix no Festival do Rio 2014, destinado aos filmes de temática LGBT, o documentário De Gravata e Unha Vermelha apresenta um painel bastante variado sobre a séria questão da identidade sexual, bem mais ampla do que o binômio masculino e feminino. O AdoroCinema conversou com a diretora Miriam Chnaiderman sobre o longa-metragem, que chega ao circuito comercial já nesta quinta-feira, 7 de maio. O resultado você confere logo abaixo.

    ADOROCINEMA: De Gravata e Unha Vermelha apresenta um grande mosaico sobre a diversidade sexual. Como você escolheu as histórias e os personagens que foram incluídos no filme?

    MIRIAM CHNAIDERMAN: A gente partiu da ideia inicial de conversar com o Laerte. Eu queria criar uma vertigem em relação a esta organização que a nossa cultura tem sobre quem é homem e quem é mulher. Queria produzir uma zoeira disto tudo, não apenas apresentar os diversos gêneros como também as contradições entre eles.

    Em relação à escolha das histórias, havia pessoas que queria muito que aparecessem por serem emblemáticas, como é o caso da Rogéria e do Ney Matogrosso. As demais foram fruto de pesquisa, algumas conhecia pela mídia.

    AC: Dentro desta zoeira, como você mesmo disse, pode-se perceber que o documentário é bastante amplo em relação aos temas abordados. Esta era a proposta desde o início ou você a encontrou ao longo da produção?

    MIRIAM: A ideia era ser aberto e também trazer uma questão política, já que estas tribos vivem se digladiando. Existe uma luta entre os transexuais e o mundo gay sobre quem tem a "verdade". Trato todos de forma igual. Todo documentário tem que trazer uma questão de forma muito clara e a minha precisava ser muito coerente ao desejo existente nestas pessoas e o respeito por elas.

    AC: Em algumas entrevistas é possível notar a presença do Dudu Bertholini, que além de ser um dos entrevistados age como uma espécie de entrevistador. Como foi esta função dupla que ele teve na produção do documentário?

    MIRIAM: Conhecia o Dudu da padaria que fica ao lado do meu trabalho. Apresentei o projeto, ele adorou e passou a ajudar muito mesmo. Ele que fez a ponte e me apresentou a vários dos entrevistados. A participação dele nestas entrevistas se deve ao fato de que, na época em que foram gravadas, ele estava mais disponível para participar.

    AC: De Gravata e Unha Vermelha chega ao circuito comercial em uma época bem conservadora, onde questões relacionadas aos homossexuais criam polêmicas desnecessárias, como aconteceu recentemente com a novela Babilônia. Como você vê o lançamento do seu filme dentro deste contexto?

    MIRIAM: Acredito que este filme tenha um papel de militância pelo não-conservadorismo, pela liberdade de desejo e pelo enfrentamento às forças conservadoras que estão no poder. Tenho certeza que o filme chega em um momento feliz, defendendo a vida, a alegria e o respeito.

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