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    Festival de Brasília 2014: Censurado pela ditadura, Iracema - Uma Transa Amazônica retorna à capital

    Os diretores Orlando Senna e Jorge Bodanzky apresentaram o clássico de 1974 no festival.

    O Festival de Brasília 2014 continua apresentando sua extensa programação de clássicos à plateia da capital. Três mostras são dedicadas a filmes que marcaram a história do cinema nacional: a Mostra Eduardo Coutinho, a Mostra Luta em Tela e a Mostra Reflexos do Golpe. Nesta última, foi apresentado Iracema - Uma Transa Amazônica, de Orlando Senna e Jorge Bodanzky.

    Os diretores compareceram ao Cine Brasília, juntos da atriz Conceição Senna, para apresentar o filme. Eles lembraram que a obra, que competiu nos festivais de Cannes e Berlim, foi concebida para ter uma única exibição na televisão europeia, mas o sucesso fez com que ganhasse os festivais. Mesmo assim, o teor crítico ao governo fez com que a obra de 1974 fosse proibida pela ditadura militar, e considerada "não brasileira". Apenas seis anos depois o filme foi apresentado ao público - justamente no Festival de Brasília. Assim, foi com grande emoção que Senna e Bodanzky trouxeram à história de volta à capital.

    Iracema - Uma Transa Amazônica é um retrato ácido sobre a modernização do Brasil a qualquer preço, culminando no desenvolvimento da Transamazônica. A história combina os destinos opostos de dois personagens: Iracema (Edna de Cassia), uma adolescente que começa a se prostituir, e Sebastião (Paulo Cesar Pereio, excelente), um empresário malandro, buscando o lucro a qualquer preço. Além de fazer uma crítica feroz à ideia do "Brasil grande" baseado na exploração capitalista, o filme apresenta um olhar naturalista à região de Belém do Pará, traçando um belo retrato da cultura local e da pobreza dos moradores. 

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