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    Entrevista - Equipe e atores de Alemão falam sobre o que o público deve esperar do longa

    Cauã Reymond, Antônio Fagundes, José Eduardo Belmonte e Rodrigo Teixeira contam quais foram os desafios e o que desejam transmitir com Alemão. O AdoroCinema esteve presente!

    por Laysa Zanetti

    Inspirado na invasão ao Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ocorrido em novembro de 2010, chega hoje aos cinemas o longa-metragem brasileiro Alemão. Sob a direção de José Eduardo Belmonte, o filme produzido por Rodrigo Teixeira foge da narrativa tradicional da favela carioca, como em Cidade de Deus ou Tropa de Elite, e tenta mostrar o lado humano de quem vive, sofre e ganha a vida nas periferias.

    A IDEIA INICIAL

    Segundo o produtor Rodrigo Teixeira, seu objetivo era fazer um filme de ação que tivesse agilidade de produção e não dependesse de grande orçamento. Para isso, ele utilizou um curto período de filmagem, de 18 dias, nas comunidades do Alemão, Babilônia, Mangueira e Rio das Pedras. José Eduardo Belmonte revelou que, quando foi convidado para assumir a direção do longa, precisou superar o medo para se lançar ao desafio: “Eu sempre fugi dos grandes temas. Mas achei que isso era imaturo, e decidi: vamos fazer um filme sobre o grande tema brasileiro, que é o abismo social.”

    PREPARAÇÃO DOS ATORES

    Para compreenderem o universo que precisariam recriar, os atores passaram por um laboratório de imersão. Cauã Reymond conta que conviveu com traficantes e moradores da favela para compor seu personagem, o bandido Playboy. “Falei com algumas pessoas que já participaram do tráfico, e também peguei o ponto de vista dos policiais. Algumas das frases que meu personagem fala no filme eu ouvi da boca de pessoas que vivem dentro desse universo”, revela o ator. Belmonte completa: “A linguagem de comunidade é muito dinâmica. Precisamos entender como se chega nela para podermos recriá-la no filme.”

    Cauã ainda confidencia que se empolgou com a oportunidade de interpretar um bandido. Inicialmente escalado para interpretar um dos policiais, ele se ofereceu para o papel de Playboy por ser um desafio para ele, que há muito tempo vinha interpretando apenas mocinhos, nas novelas Passione, Cordel Encantado e Avenida Brasil: “Como ator, eu queria encontrar um outro lugar para atuar, para florescer de novo o desejo pela profissão”, conclui.

    Atriz do filme Febre do Rato, Mariana Nunes revela que ficou surpresa por ter sido escolhida para interpretar Mariana, a esposa do protagonista, já que fez teste para um papel menor: “Diferente das outras mulheres, ela não curte ter o status de ‘mulher de bandido’. Isso eu e o Cauã construímos em laboratório, ela não ser encantada pelo poder, e foi bem construtivo”, confessa.

    REFERÊNCIAS

    Em termos de pesquisa, Rodrigo Teixeira admite que assistiu a vários filmes de ação para se inspirar: “Eu fui buscar a experiência nos clássicos, principalmente por achar que a história tem um quê de faroeste, como Onde Começa o Inferno e Os Sete Samurais”. Já para Belmonte, o destaque é para a trilha sonora: “Tentamos fugir da obviedade do funk e do batuque, recorrente em filmes em morros, para sair do regional, e colocar a história no âmbito brasileiro, fora dos estereótipos.”

    IMPACTOS SOCIAIS

    Com um direcionamento mais social, o objetivo da história não é levantar questões políticas,  mas sim discutir a vida de soldados e de traficantes. “Aqui, os policiais não são tratados como heróis, porque eles não o são”, conta o produtor Rodrigo Teixeira. “Eles também reagem e são tratados com violência, são homens comuns que se arriscam e arriscam outras vidas.” Para Antonio Fagundes, o filme demonstra como se luta para sobreviver, e isso chama muito mais atenção do que falar sobre instituições: “Faz sentir o lado humano das pessoas que sofrem, e faz o público refletir por aí. Ele coloca todos os tipos de pessoas no meio disso tudo, com suas próprias fraquezas e fragilidades”, finaliza.

    O rapper MC Smith, que também interpreta um dos criminosos e morou no Complexo do Alemão durante as invasões, se emociona ao falar da experiência de dividir a história: “O complexo do Alemão não é aquilo tudo que se vê na televisão, lá tem pessoas maravilhosas. Foi bom para quebrar essa segregação social com as favelas. Para a minha comunidade, isso é uma vitória.”

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