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    Entrevista exclusiva - Martin Freeman fala sobre a trilogia O Hobbit

    Protagonista da série dirigida por Peter Jackson fala sobre como foi interpretar Bilbo Bolseiro.

    por Francisco Russo e Vitória Pratini

    Muitos fãs do universo de J.R.R. Tolkien se surpreenderam quando o diretor Peter Jackson anunciou que Martin Freeman seria o intérprete de Bilbo Bolseiro na trilogia O Hobbit. Pouco conhecido até então, Freeman tinha como destaque maior na carreira a comédia de ficção científica O Guia do Mochileiro das Galáxias, que não foi lá muito bem nas bilheterias (US$ 104 milhões nas bilheterias mundo afora). Na TV, seus principais trabalhos foram na versão inglesa da série The Office e em Sherlock, onde ainda interpreta o dr. John Watson.

    Com O Hobbit: A Desolação de Smaug chegando aos cinemas brasileiros em 13 de dezembro, você pode conferir logo abaixo um bate-papo onde Martin Freeman fala sobre as particularidades de Bilbo Bolseiro e também sobre as longas filmagens dos três filmes da série. Confira!

    ADOROCINEMA: Que aspectos de Bilbo Baggins você mais gostou de trazer à vida nos três filmes, e neste, particularmente?

    MARTIN FREEMAN: Acho que foi depois que ele passou do ponto de ser meigo e manso para descobrir um pouco mais de coragem e determinação. Eu sempre estive procurando por isso, na verdade. Estava sempre dizendo para o Peter [Jackson], “É agora? Certamente esta já é a hora em que ele é um pouco mais forte”. E ele frequentemente dizia, “Não, não, mas está chegando, está chegando, ainda não.” Você passa tanto tempo interpretando Bilbo como essa pessoa reticente, tentando encontrar sua voz e tentando descobrir quando falar, praticamente pedindo permissão para respirar, que é realmente uma boa diversão neste filme quando ele tem de encontrar aquela coragem dentro dele. Ele realmente, realmente tem que achar isso para sua própria segurança e a de seus amigos.

    AC: Você procurou um tom irônico para interpretar o Bilbo mais temeroso?

    MARTIN FREEMAN: Ironicamente, meu instinto agora não é trazer humor ao personagem, mas ou eu não consigo evitar ou o roteiro dita isso. Bilbo também não é um herói certinho, é claro. Ele possui falhas, é levemente engraçado e um personagem ligeiramente ridículo. Ele é pomposo e razoavelmente mesquinho. Então não é como se ele pudesse ser o James Bond. E do ponto de vista de Bilbo, quando ele pensa que está sendo realmente sério na verdade o mundo está dizendo, “Idiota!”, porque ele está inflando de orgulho de si mesmo em um clássico modo inglês pomposo. É engraçado. Peter está sempre me pedindo para fazer “aquela coisa inglesa”. Eu realmente não sei o que é isso. É como pedir a um homem francês para ser francês, eu suponho, todos sabemos quais são as características nacionais. Eu não estou ciente de ser especialmente britânico mas eu acho que o resto do mundo, especialmente a Commonwealth (Comunidade das Nações Britânicas) e as partes do mundo que falam inglês, eles podem ver algo bastante britânico ou inglês em Bilbo.

    AC: Como você acha que Bilbo mudou nesse estágio da jornada com a companhia dos anões?

    MARTIN FREEMAN: Neste filme, ele realmente tem que mudar; é vida e morte. Ele enfrenta situações onde, em Mirkwood com as aranhas, por exemplo, ele tem que agir ou morrer, e salvar seus amigos. Não é uma escolha. Ele tem que fazer. É sempre bom interpretar heroísmo por necessidade, pois é o que o heroísmo é, eu acho, algo palpável e real com a qual podemos nos identificar – algo que você sabe que é verdade ou que há um pouco de realidade nisso. A maioria das pessoas não quer colocar-se em situações de vida ou morte, mas você o fará se absolutamente precisar. É um pouco assim para Bilbo neste filme.

    AC: O que você apreciou ao encontrar o herói interior de Bilbo?

    MARTIN FREEMAN: É simplesmente ótimo interpretar o herói. É algo engraçado, uma realização pessoal de tantas maneiras; as pessoas nem sempre me veem como o herói clássico e resistente, como Aragorn [o personagem interpretado por Viggo Mortensen na trilogia O Senhor dos Anéis], por exemplo, porque eles nunca me viram assim antes. Ou talvez seja por causa do que eu fiz antes que eles não me vejam assim. Ou é pelo o que eu faço por necessidade, porque eu sei que eu nunca serei escalado para interpretar alguém como Aragorn. Esses tipos de heróis resistentes, eles são somente o que aceitamos que eles sejam. A maioria das pessoas não estava muito familiarizada com o trabalho do Viggo antes dos filmes de O Senhor dos Anéis. Acontece que ele é um ator brilhante e ele é brilhante como Aragorn; ele é brilhante em todo o resto que o vi fazer. Mas, se esse é o primeiro contato do mundo com o ator, você pensa, “Ó, ele é assim.” O modo como eu fiquei famoso foi por The Office, e isso é mais ou menos o tipo de coisa que as pessoas associam a mim. Eu não estou me colocando na mesma categoria que Al Pacino, mas a primeira cena de Al Pacino foi como Michael Corleone e isso lança uma longa sombra, se é que faz sentido?

    AC: Haviam algumas peças de cenário fantásticas no primeiro filme, dos gigantes e a pedra aos trolls. O que podemos esperar em O Hobbit: A Desolação de Smaug?

    MARTIN FREEMAN: As aranhas serão formidáveis. Eu acho que vai ser uma parte adorável. Do meu ponto de vista, é onde Bilbo consegue encontrar algo mais.

    AC: É uma sequência bastante assutadora em Mirkwood?

    MARTIN FREEMAN: Eu acho que sim. Aranhas são simplesmente aterrorizantes. Eu acho que O Incrível Homem que Encolheu é um filme excelente, especialmente a parte onde ele está combatendo uma aranha com agulha e linha. É um filme dos anos 50, então os efeitos são bem rudimentares para os nosso padrões, mas é assustador. Há algo em relação ao modo como as aranhas se movem. Se a aranha é grande o suficiente para dominar um humano com suas presas, ou mesmo um hobbit, então isso é realmente horripilante.

    AC: E tem o Smaug, é claro…

    MARTIN FREEMAN: Smaug será muito bom, sem dúvidas. Um pouco como a relação de Gollum e Bilbo no filme, que é encantadora – e eu acho que eles adaptaram brilhantemente para o primeiro filme –, Smaug e Bilbo também é uma relação bastante icônica. É aquela batalha de perspicácia, apesar de ser menos pela inteligência de Bilbo e mais sobre tentar sobreviver. Ele não está se sentindo muito sagaz, mas ele faz o que precisa fazer, a altos custos. Essas cenas são muito boas.

    Mirkwood é excelente também. Nós todos começamos a surtar com essa droga ou feitiço que é colocado sobre Mirkwood. Depois também há Beorn, o “troca-pele” interpretado por Mikael Persbrandt. Há uma variedade de coisas boas. De certo modo, agora pensando sobre isso, você pode quase ver o primeiro filme como uma introdução, embora seja fantástica e empolgante. Ele prepara para o que está por vir, com Bard e a sequência dos barris. Há muitas coisas bem empolgantes nesse segundo.

    AC: Interpretar esse papel fez você muito popular entre as crianças da sua família e amigos?

    MARTIN FREEMAN: Sim, acho que sim. Você toma conhecimento disso na escola, na hora da entrada e da saída. Todas as crianças da escola de repente estão olhando para você de um modo diferente.

    AC: O que você considera como os pontos altos do tempo que passou na Nova Zelândia gravando os filme de O Hobbit?

    MARTIN FREEMAN: A camaradagem. Isso foi muito bom. Encontrar pessoas de quem eu realmente gostei, ótimas risadas, um modo de vida muito fácil, simples e manejável. Wellington é um lugar bem pequeno. É fácil. Quero dizer, eu amo Londres mais do que qualquer coisa, mas Wellington não tem estresse algum. Simplesmente não tem. Seria impossível se estressar em Wellington como você se estressa em Londres. Se você está viajando 15 minutos em Wellington, então é uma longa jornada. Eu viajava seis minutos para o trabalho todos os dias. Pode imaginar isso em Londres? Então, se seu dia não é ocupado com três horas de viagem para ida e volta, como ocorre com os nossos às vezes, você tem que ter uma vida no final do dia. Você pode cozinhar e ir ver um filme. É fantástico e eu realmente sinto falta disso. As coisas que eram boas, eram muito boas – encontrar pessoas, fazer novos amigos – porque é muito raro encontrar essa quantidade de pessoas ao mesmo tempo em um trabalho. Você geralmente conhece algumas pessoas, mas eu conheci um monte de pessoas que eu realmente acho que são pessoas excelentes!

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