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    Governo do Irã protesta contra o Festival de Berlim

    Festival premiou o longa "Closed Curtain" com o Urso de Prata de Melhor Roteiro. O filme foi dirigido pelo cineasta iraniano Jafar Panahi, preso e proibido de filmar pela justiça de seu país.

    por João Vitor Figueira

    Antes da prisão: Jafar Panahi posa com seu Urso de Prata no 56 º Festival de Berlim, em 2006.

    O Irã protestou contra o prêmio concedido ao cineasta iraniano Jafar Panahi no último sábado (16/02), durante o Festival de Berlim. Panahi ganhou o Urso de Prata de Melhor Roteiro por seu trabalho no filme Closed Curtain, feito em parceria com o codiretor Kambozia Partovi. O longa foi o sucessor do aclamado documentário Isto Não é um Filme (pré-indicado ao Oscar 2013), gravado pelo próprio diretor, que usou câmeras amadoras e um celular para retratar sua prisão domiciliar. Em 2010, o governo iraniano proibiu o cineasta de lançar qualquer filme por mais de 20 anos e o sentenciou a seis anos de prisão domiciliar sob acusação de fazer "propaganda contra o Estado".

    Em queixa aos organizadores do evento, Javad Shamaqdari, chefe da organização nacional de cinema do Irã, afirmou: "Todos sabem que é necessária uma licença para fazer filmes em nosso país e enviá-los ao exterior, mas há um pequeno número de diretores que fazem filmes e mandam para fora sem licença. Isto é uma ofensa [...] Nós protestamos junto ao Festival de Cinema de Berlim. Suas autoridades devem consertar o seu comportamento, porque na troca cultural e cinematográfica isso não é correto". Os organizadores do festival disseram ao site Deadline que se arrependeriam muito se a exibição do filme trouxesse qualquer implicação jurídica para os cineastas envolvidos.

    Vale lembrar que esta não foi a única insatisfação das autoridades iranianas com recentes produções cinematográficas. Argo, suspense político dirigido por Ben Affleck e indicado a sete Oscar, também não agradou o governo da República Islâmica. Por isso mesmo, o governo do país está patrocinando a produção do longa-metragem Setad Moshtarak (Chefes do Estado-Maior, em farsi), para retratar o que, segundo eles, realmente teria acontecido durante a crise dos reféns americanos em 1979. O Irã também criticou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro concedido ao drama A Separação, alegando que o filme não ressalta "pontos positivos" da nação.

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