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    Exclusivo - Clint Eastwood, Justin Timberlake e Amy Adams falam sobre Curvas da Vida

    O diretor Robert Lorenz também comenta sua primeira experiência como diretor, neste drama que estreia hoje, dia 23 de novembro, nos cinemas.

    por Lucas Salgado e Bruno Carmelo

    Aos 82 anos de idade, Clint Eastwood continua dirigindo vários filmes, mas tem evitado trabalhar como ator em projetos que ele mesmo não dirija. Ele abriu uma exceção para o amigo e colaborador frequente Robert Lorenz em Curvas da Vida, sua estreia na direção. Este drama, lançado dia 23 de novembro nas salas brasileiras, aborda a relação complicada entre um veterano do beisebol (Eastwood) e sua filha (Amy Adams).

    Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, Eastwood, Adams, Lorenz e Justin Timberlake conversaram sobre esta experiência. Eles ainda comentaram a dinâmica das filmagens e contaram como construíram seus personagens:

    Clint, como você faz para se manter em tão boa forma?

    CLINT EASTWOOD: Eu acabei de furar um pneu na estrada. Eu não precisava trocar eu mesmo, mas fiz isso. Apenas me exercito bastante, e jogo golfe com Justin Timberlake. Isso era o que fazíamos em nosso tempo livre durante as filmagens.

    Amy, você teve dois papéis incríveis em Curvas da Vida e O Mestre. Pode falar um pouco sobre o contraste? Entendo que as filmagens aconteceram com um ano de diferença.

    AMY ADAMS: Sim, as filmagens tiveram um ano de diferença. Fiquei feliz que elas não fossem ao mesmo tempo, o que teria dificultado bastante. Eu gosto de aceitar desafios e papéis que são diferentes. Em Curvas da Vida foi bem divertido interpretar uma personagem contemporânea, alguém que poderia ser minha amiga, alguém que possui muitos problemas como os meus. Foi um grande desafio, pois realmente me senti exposta e vulnerável interpretando uma pessoa tão parecida comigo, mas ao mesmo tempo foi uma grande oportunidade de explorar o relacionamento entre um pai e sua filha. Não vejo isso em muitos filmes, então fiquei feliz.

    Em O Mestre, tive que me perder na personagem no que diz respeito a qualquer semelhança que eu tivesse. Eu posso te dizer que me perder em um papel daquela forma é algo que não te faz bem no final do dia.

    Robert, esta é sua estreia como diretor. Pode comentar a experiência e dizer como foi trabalhar com este elenco fantástico?

    ROBERT LORENZ: Foi sensacional. Foi tudo o que eu queria fazer. Tenho que agradecer ao Clint pelo elenco fantástico, eu nunca conseguiria chamar essas pessoas se ele não estivesse no filme. Foi uma ótima experiência. Eu sonhava em dirigir e de certa forma, com o passar do tempo, tentei aprender e observar outras pessoas, principalmente o Clint. Ele tem sido um ótimo mentor e serei eternamente grato por ter me dado essa oportunidade.

    Clint, pode falar um pouco sobre o que mudou na sua relação profissional com Lorenz agora que ele foi seu diretor?

    CLINT EASTWOOD: Ele é ótimo e acho que fez um trabalho excelente. Rob falava em dirigir há alguns anos, e quando este projeto apareceu, ele era justamente o que eu queria fazer. Depois de Gran Torino, eu pensei, “Sabe, é simplesmente estúpido continuar fazendo os dois trabalhos” (atuar e dirigir). Tenho feito isso durante quarenta e poucos anos e acho que deveria entrar em uma zona de conforto e fazer um trabalho ou o outro. Então, esta foi a oportunidade para isto. Ele assumiu a responsabilidade e eu não precisei fazer nada, apenas assistir a Amy lançar a bola. (risos)

    Clint, depois de tantos anos sendo seu próprio diretor e sabendo exatamente o que queria, que tipo de ajustes teve que fazer para trabalhar com outro cineasta?

    CLINT EASTWOOD: Não tive que fazer ajuste algum, porque sempre entendi que existe mais de uma forma de fazer as coisas. Coloco na minha cabeça que outra pessoa irá pilotar este barco, e é isso. Na verdade, é até relaxante poder ficar ao fundo enquanto os outros trabalham.

    Provavelmente, não irei mais dirigir e atuar num mesmo filme, pelo menos neste momento. Mas também já disse que não iria mais atuar há alguns anos e isso mudou. Então, sabe, de vez enquanto eu minto muito. (risos)

    Amy, sua personagem é habilidosa com várias coisas, como beisebol, sinuca e ginástica. O que foi a magia do cinema e o que foi você?

    AMY ADAMS: Sou realmente boa em ginástica mas paro por aí. Trabalhei com um treinador de beisebol, o que foi interessante para mim. Nunca fui uma garota boa em pegar, lançar a bola ou qualquer coisa parecida. Eu venho de uma família de atletas, então foi empolgante ter alguém para me ensinar a técnica. Sempre estive confortável perto de atletas, mas nunca pratiquei esportes com eles. Então foi muito bom poder, ao menos, fingir que eu tenho este tipo de habilidade.

    ROBERT LORENZ: Ela está sendo modesta. Na verdade, é muito atlética. Fez um bom trabalho.

    Clint, como você manteve a paixão pela carreira após tantos anos? O que te motiva a trabalhar com novas gerações de talentos a cada ano?

    CLINT EASTWOOD: Trabalhar como ator é algo que acaba virando um hábito após tantos anos, e sempre é bom voltar a fazê-lo. É divertido conhecer novas pessoas e vê-las surgindo em momentos diferentes de suas carreiras. É divertido trabalhar com uma garota que sabe lançar uma bola de beisebol, o que é ótimo na Amy. Ela é muito atlética, e sabe correr. Ela não corre com as mãos balançando no ar. (risos) E ela não lança uma bola desta maneira. Ela levanta e lança. Então é óbvio que ela já teve essa experiência, típica de garotos, em algum momento da vida dela. Isso é ótimo para o papel, porque senão seria necessário algum truque, com um dublê entrando, jogando a bola, e depois tendo que cortar para a pessoa em um close-up ou algo do tipo.

    Clint, você é um grande ator, você tem atuado há bastante tempo, mas neste filme, você lida com a questão do envelhecimento. Como foi confrontar estes temas enquanto você estava atuando?

    CLINT EASTWOOD: Bom, quando você chega a uma certa idade, você simplesmente está feliz de ainda estar presente. (risos) Eu não sei mais o que dizer sobre isso. É divertido. É preciso ser realista, então eu procuro encontrar papéis para a minha idade; seria ridículo se eu dissesse “Bom, eu quero interpretar aquele sujeito de 35 anos”. Mas é ótimo, se você for realista sobre sua vida e gostar dela. Eu gostei do meu percurso até aqui, então pretendo aproveitar o resto da minha jornada. Que será longa, espero.

    Justin, o que te impressionou neste papel, e o que você aprendeu como ator neste filme?

    JUSTIN TIMBERLAKE: Bom, na minha opinião Johnny era o único personagem do filme que agia de maneira realmente honesta. O personagem de Gus tem que lidar com o envelhecimento, como já dissemos, e não quer ser ajudado. O personagem de Amy é alguém que preenche toda a sua vida com o trabalho. Então ela tem questões pendentes, que faltam na vida dela. O que eu achei ótimo sobre esse personagem é que, através do humor, ele se torna a ligação entre os dois. Eu o considero um homem realmente bom, algo que eu acredito que não tivesse interpretado antes. (risos)

    Você pretende cantar no futuro?

    JUSTIN TIMBERLAKE: Se eu vou cantar no futuro? Você quer dizer quando os carros estiverem voando, ou agora? (risos) Eu espero que sim. Não será muito em breve, mas espero, mais para frente, continuar cantando.

    Amy e Justin, vocês têm ótima química no filme. Esta foi a primeira vez em que vocês se encontraram? Qual foi a primeira impressão que tiveram um do outro?

    AMY ADAMS: A gente já tinha se encontrado em eventos, mas eu não posso dizer que conhecia o Justin até ter trabalhado com ele. Minha primeira impressão dele no set foi quando ele chegou, cheio de energia, com uma porção de ideias. Ele é muito ético no trabalho, ele superou as expectativas que eu tinha dele. Eu respeito muito a ética no trabalho, e o Justin valoriza muito isso. Então foi fácil trabalhar com ele.

    JUSTIN TIMBERLAKE: Nós nos divertimos muito trabalhando juntos. É interessante porque a Amy é uma das melhores no ramo. Ela tem tantas habilidades, e eu sei que ela já falou sobre interpretar personagens semelhantes a ela, mas eu acho ótimo que ela consiga encontrar algum elemento dela mesma em cada personagem que ela interpreta. E por acaso, este personagem era muito mais sério. Quando eu falei com o Rob, depois de ler o roteiro, eu tinha várias ideias sobre o humor que a gente poderia trazer ao Johnny, e sobre o fato de este personagem se tornar tão atraente aos olhos dela.

    Clint e Robert, existe uma cena curta, um flashback com uma briga em um celeiro, quando olhamos o rosto de Gus. Isso era parte de algum filme antigo de Clint Eastwood?

    ROBERT LORENZ: Foi o produto de quinze horas de maquiagem. (risos) Não, este foi um trecho de outro filme do Clint, Raposa de Fogo.

    Clint, como você se sentiu vendo esta cena no fime?

    CLINT EASTWOOD: Eu me senti bem. (risos) Existem várias imagens minhas batendo em alguém em diversos filmes durante as décadas de 60, 70, 80 e 90, e assim por diante. Então não teve problema. Essa era a melhor cena para usar, porque eu estava vestindo as roupas certas. É melhor do que ver outra pessoa me interpretando.

    Justin, como foi para você a experiência pessoal e profissional de trabalhar com Eastwood?

    JUSTIN TIMBERLAKE: (risos) Eu nem sei como dizer. Se você tivesse me dito um ano atrás que eu estaria em um bar, fazendo um diálogo com Eastwood, eu teria rido da sua cara. E depois eu teria provavelmente chorado por sentir que nunca tive essa oportunidade. Mas francamente, não tem como descrever.

    A minha parte favorita de trabalhar com o Clint é que os dias são realmente curtos, ele gosta de trabalhar rápido. Já que também sou produtor deste filme, isso adicionou um peso para mim. Eu tive que me preparar ainda mais, tentar prestar mais atenção e escutar melhor nas duas primeiras tomadas, porque nem sempre tinham outras tomadas depois dessas. Mas eu me diverti muito.

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