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    O que aconteceu com Steven Seagal? Foi assim que o super ator de ação afundou sua carreira
    Jefferson Sousa
    Jefferson Sousa
    Jornalista, documentarista e pesquisador de cultura popular. Ama contar e ouvir histórias especiais de pessoas comuns.

    Ele quase se tornou o novo Bruce Willis, Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger, mas falhou. E merecidamente...

    A figura do herói de ação teve grande popularidade em Hollywood durante a primeira metade dos anos 90. Atores como Bruce Willis, Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger estavam no auge de suas carreiras e havia muitos outros que tentavam rivalizá-los. Hoje vamos falar sobre o caso de Steven Seagal.

    O famoso intérprete americano, com nacionalidade russa desde 2016, parecia que ia se tornar uma grande estrela de ação após o sucesso de A Força em Alerta . Mas, depois disso, sua carreira entrou em queda até ser condenado a ser protagonista de inúmeros títulos que nunca foram vistos em uma tela de cinema.

    A Força em Alerta
    A Força em Alerta
    Data de lançamento 1993 | 1h 43min
    Criador(es): Andrew Davis
    Com Steven Seagal, Tommy Lee Jones, Troy Evans
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    3,9
    Assista agora em Star +

    Seagal estreou como ator já maduro, pois estava prestes a completar 36 anos quando Nico - Acima da Lei foi lançado, uma produção modesta que triunfou nas bilheterias. Seguiram-se Difícil Matar, Marcado para a Morte e Fúria Mortal, todos sucessos económicos.

    Isso levou a Warner a assinar um contrato de exclusividade com o ator, para quem ele apostaria alto com uma variante de Crystal Jungle (Duro de Matar), que custou 35 milhões de dólares e arrecadou mais de 156. Uma estrela tinha nascido, ou assim pensávamos.

    Difícil de tratar

    Warner Bros. Pictures

    A verdade é que nessa altura a reputação de Steven Seagal não era propriamente boa. Como seus filmes davam dinheiro, era algo que o estúdio não dava atenção especial, pois já em 1991 ele participou de um episódio do Saturday Night Live que foi um desastre em todos os sentidos, desde sua atitude de estrela, que foi visto sobretudo nos bastidores, até a execução do próprio programa.

    Tanto que foi banido do espaço a partir de então, sendo chamado como o pior apresentador da história do Saturday Night Live. Naquele mesmo ano, ele também foi protagonista de uma história que ele nega ter acontecido, mas o lutador profissional Gene LeBell, que estava trabalhando como dublê no filme Fúria Mortal, supostamente deixou o ator inconsciente quando Seagal afirmou que ninguém seria capaz de afogá-lo.

    Diz a lenda que ele até perdeu o controle de seu esfíncter e defecou em si mesmo. Nunca confirmado por nenhum dos envolvidos, embora LeBell tenha deixado cair que era verdade. O que sabemos é que não foi tornado público na época, então a imagem de Seagal diante do público não foi prejudicada.

    Os acordos extrajudiciais também o salvaram de vários escândalos naquele ano, já que ele foi acusado de assédio sexual por vários funcionários da Warner, uma atitude recorrente que lhe renderia vários outros processos ao longo de sua carreira, mesmo quando ele já havia sido esquecido por qualquer um que não fosse um fã ferrenho dele.

    O que a Warner sabia na época é que o ator era um tanto exigente, pois inicialmente ele se recusou a participar de A Força em Alerta e teve que fazer várias mudanças no roteiro. Um pedido até certo ponto razoável, mas à sua maneira serviu de alerta para o egocentrismo que afundaria sua carreira. O primeiro passo para isso foi não lançar nenhum filme em 1993 e apostar tudo na letra de Em Terreno Selvagem, projeto muito querido por ele e que também seria sua primeira e única experiência como diretor.

    Mais difícil será a queda

    Warner Bros. Pictures

    Naquela época, Seagal estava determinado a estrear atrás das câmeras, mas outro projeto que ele tinha em andamento foi cancelado no último momento e ele decidiu aceitar a oferta da Warner para fazer Em Terreno Selvagem, em troca de então começar a trabalhar com A Força em Alerta 2. Parecia o plano perfeito para manter o ator feliz, mas logo vieram os problemas, já que Em Terreno Selvagem tinha uma forte mensagem de defesa do meio ambiente, algo muito alinhado com os ideais de Seagal, o que causou uma forte rejeição nos testes.

    Seagal concordou em fazer alguns ajustes no final do filme, mas Em Terreno Selvagem acabou sendo o primeiro fracasso de sua carreira, colocando em xeque seu status recém adquirido como estrela de ação. Além disso, o lançamento do filme foi acompanhado pouco depois por outro processo de assédio sexual – entre outras alegações – que teria ocorrido durante as filmagens do filme. No entanto, as acusações acabaram sendo descartadas.

    Warner Bros. Pictures

    Uma atitude recorrente por parte de Seagal, porque durante a pré-produção de A Força em Alerta 2 ele também assediou Jenny McCarthy ao exigir que ela se despisse durante um teste e quando a atriz saiu indignada, o ator a seguiu para exigir que ela nunca contasse nada sobre o que aconteceu. McCarthy veio a público em 1998, afirmando que sabia que Seagal não iria processá-la porque sabia que era verdade e chamando-o de "um idiota".

    Mas não vamos tão longe, já que também houve contratempos nas carreiras de Willis, Stallone ou Schwarzenegger. Nada que não pudesse ser resolvido se A Força em Alerta 2 varresse as bilheterias. Além disso, a Warner colocou tudo do seu lado, elevando o orçamento para 60 milhões de dólares. Uma aposta arriscada apenas em parte, já que bastava recolher o mesmo da primeira entrega para dar lucros.

    Basta usar como referência o caso de Duro de Matar, clara referência da franquia A Força em Alerta. A primeira aventura de John McClane custou US$ 30 milhões e arrecadou US$ 141 milhões, semelhante às de A Força em Alerta. Para Duro de Matar 2 o custo disparou para 70 milhões, mas as receitas subiram para 240. Certamente a Warner confiou em algo assim com A Força em Alerta 2, mas a realidade era muito diferente.

    Deixando de lado seu interesse como filme de entretenimento, a questão é que A Força em Alerta 2 arrecadou apenas 105 milhões de dólares. Um fracasso de bilheteria que deixou Seagal em uma posição muito frágil dentro de Hollywood, especialmente após sua imposição de reescrever a maioria das cenas em que seu personagem apareceu. Não foi fácil trabalhar com ele, mas ele também não ofereceu mais nada em troca para compensá-lo.

    Afundado e sem esperança

    Em seu próximo filme, a Warner brincou com a presença de Seagal de uma forma totalmente inesperada naquela época: seu personagem morreu alguns minutos de filmagem de Momento Crítico e o verdadeiro destaque então recaiu sobre Kurt Russell.

    Nunca ficou totalmente claro que esse era o papel inicialmente planejado para ele (ou mesmo que sua morte foi assim, já que foi dito que ele se recusou a filmar o que estava no roteiro caso seus fãs não gostassem), mas John Leguizamo deixou claro que seu comportamento no set não foi exatamente exemplar.

    Aparentemente, Seagal apareceu no primeiro dia de ensaios apontando que "tudo o que eu digo é lei", apesar de ter um personagem secundário. Leguizamo riu de seu comentário, então Seagal o atacou, o atingiu com o cotovelo e quase tirou o fôlego. Mal se passaram três anos desde o sucesso de A Força em Alerta e já havia sido reduzido a um ator problemático que encadeou vários fracassos nas bilheterias.

    Warner Bros. Pictures

    Como esperado, a Warner deixou seu contrato com o ator chegar ao fim com mais dois títulos de orçamento modesto, que também não foram bem economicamente como Glimmer Man - O Homem das Sombras ou A Força em Alerta 2. Sua resposta para tentar recuperar a glória foi participar de Guerra Biológica, filme em que as cenas de ação perderam peso, recuperaram essa mensagem de consciência ecológica e também apareceram na tela pela primeira e última vez com sua filha na vida real, Ayako Fujitani.

    O resultado foi que ele sequer foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos, acabando assim claramente com qualquer possibilidade de Seagal reinar em Hollywood. Na verdade, quase nenhum de seus filmes posteriores foi visto nos cinemas, até Ticker. Lançado em 2001, pode-se dizer que foi um sucesso de bilheteria (custou 33 milhões e arrecadou quase 80), mas sua imagem em Hollywood já estava no chão e nenhuma de suas tentativas subsequentes de ressuscitar artisticamente teve sucesso.

    Steven Seagal/ Divulgação
    Steven Seagal e Vladimir Putin mantém uma relação próxima.

    Foi assim que Steven Seagal passou em apenas alguns anos de ser a próxima grande estrela de Hollywood para um moribundo que continua a trabalhar filmando subprodutos de ação diretamente para o mercado digital. Ele não é o único que sofreu um destino semelhante (Bruce Willis também estreou muitos projetos questionáveis antes de M. Night Shyamalan recuperá-lo em Glass), mas é ele quem o fez em menos tempo e sem aproveitar o sucesso por causa de sua própria atitude.

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