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    Uma Estranha Passagem em Veneza
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    3,2
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    Luiz C.
    Luiz C.

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    5,0
    Enviada em 1 de abril de 2016
    O neorrealismo inglês da década de 1980 homenageava o neorrealismo italiano das décadas anteriores. Uma estranha passagem em Veneza, filme italiano da década seguinte, de Paul Schrader e Angelo Rizzoli (Itália, 1991), por sua vez devolve a homenagem.

    É interessante discorrer brevemente sobre o enredo do filme, que se inicia com a voz de um homem, Robert, contando uma anedota sobre a figura de seu pai, que ele repetirá inúmeras vezes ao longo da história. Colin e Mary viajaram pela segunda vez à Veneza, que foi a cidade onde estiveram dois anos antes. Há um mistério em torno do tipo de relação que existe entre eles (se trata-se de irmãos, colegas, confidentes), pois dormem em camas separadas e em nenhum momento há a menção de sexo entre eles.

    Há um momento inclusive em que chegamos a crer que Colin teria algum problema relacionado ao sexo. ao estarem perdidos numa série de vielas, e se depararem com uma obra de arte moderna, iluminada à neon e exposta num beco, que constava de uma cama com dois bonecos deitados, ele não apenas se assusta como denota desaprovação.

    Exatamente na metade do filme tudo se aclara e eles tem um intercurso amoroso após entrarem em contato com Robert, que os leva para dormirem em sua casa. Há uma longa sequência onde permanecem despidos, ao final da qual conhecem Caroline, esposa de Robert. A partir daí vai se formando uma teia que visa capturar Colin, pois, na ultima parte do filme é revelado Robert e Caroline compartilham de uma paixão obsessiva e doentia por ele. Mary é dopada e assiste aos momentos finais de Colin, onde se misturam - em doses igualmente densas - erotismo e violência: ele é beijado por Caroline que em seguida abre a sua braguilha,, quando Robert faz menção de beijá-lo, o que faz na realidade é feri-lo mortalmente.

    Este foi o clímax da ambiguidade erótica que Robert e Caroline mantinham em relação ao belo Colin; o assassínio brutal deste, de forma virtualmente idêntica a que Michele Caravaggio utilizara para assassinar Ranuccio (Caravaggio, filme de Derek Jarman, UK, 1986) ; um corte preciso na jugular.

    Tal como Ranuccio - que também mantinha relação afetiva ambígua com Caravaggio e Lena - Colin tomba ao chão, leva a mão ao pescoço e morre. O local dos excessivamente belos não é este mundo!

    Robert não poderia consumar a sua paixão por Colin, pois tem sempre de manter a imagem de machão herdada do pai, conhecido pelo espectador através da anedota repetida monotonamente ao longo do filme. Ao mesmo tempo, não pode deixar que ele viva sem possuí-lo; a solução é evidente.

    Uma vez que Colin foi morto, Robert se transforma em Roberto e Caroline em Carolina. São dadas claras indicações de que eles fazem amor: haviam consumado os seus anseios necrófilos em relação ao seu objeto de desejo, Eros e Tanatos estão enfim reconciliados.
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