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    ABC do Amor
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    ABC do Amor

    Garimpando

    por Francisco Russo

    É função do cinéfilo garimpar. Garimpar entre os lançamentos em VHS/DVD, na programação dos canais da TV a cabo e também no circuito de cinema. É claro, é impossível assistir a tudo, mas volta e meia se descobre um daqueles filmes pouquíssimos - ou nada - conhecidos, que não se tinha referência alguma, sem ser estrelado ou dirigido por alguém com alguma relevância, em que a busca realmente valeu a pena. Aconteceu recentemente comigo, com um filme ainda em cartaz em algumas cidades e que estreou discretamente no fim de semana do Carnaval: ABC do Amor.

    O mote do filme é o primeiro amor. Um garoto de 10 anos que vive com os pais separados, que ainda moram na mesma casa, e repentinamente se descobre apaixonado por uma garota de 11 anos, que conhece desde a infância apesar de nunca ter dado muita atenção. Uma trama simples, que até certo ponto lembra Meu Primeiro Amor, mas desenvolvida de forma cativante.

    ABC do Amor trabalha a descoberta do amor em meio ao universo infantil. Aborda o convívio entre grupos de meninos e meninas e também quando um lado começa a olhar para o outro, derrubando a "cortina de ferro" existente entre eles, como o próprio filme diz. É o que acontece com o jovem Gabe, que começa a notar Rosemary Telesco em meio às aulas recém-iniciadas de caratê, quando busca na turma um rosto conhecido e a encontra. Eles passam a praticar juntos, surgindo aos poucos um sentimento maior e, juntamente, a estranheza da novidade e as angústias do amor. Por que meu coração está batendo mais forte? O que é isto que estou sentindo? Por que quero ficar com ela e não com meus amigos? Será que ela me ama? O que devo fazer? Estas são algumas das várias perguntas que passam a atormentar Gabe, em sua batalha pessoal por aceitar e entender o que sente.

    Por ser focado no universo infantil trata-se de um amor puro, inocente, sem conotação sexual alguma, que termina atraindo e encantando o espectador. Além disto o filme é situado em uma Nova York idealizada, uma cidade que parece ser a extensão do jardim de sua casa, cheia de locais a explorar e pequenos segredos a revelar. Uma cidade do interior dentro de uma metrópole, por assim dizer.

    Outro trunfo é a escolha de seu elenco mirim, Josh Hutcherson (Gabe) e Charlie Ray (Rosemary), que transmite bem as dúvidas e aflições do primeiro amor. Ele pôde ser visto recentemente nos cinemas, como o irmão mais velho do divertido Zathura - Uma Aventura Espacial. Já ela é uma revelação, descoberta justamente neste filme. Junta-se a ambos, no elenco principal, Bradley Whitford e Cynthia Nixon, que estiveram respectivamente nas séries de TV "The West Wing" e "Sex and the City". Todos com pouca fama ou conhecidos apenas por um público específico, como é tão comum em filmes descobertos graças à garimpagem.

    O único senão a ABC do Amor é a decisão da Fox em lançar o filme apenas com cópias dubladas no Brasil, buscando atingir o público infantil. A dublagem até é boa, mas sempre se perde algo quando as vozes originais são omitidas. Ainda assim vale a ida ao cinema. Só não demore, pois não deve durar muito mais tempo no circuito.

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