Por mais que possa parecer improvável o filme é exatamente o que sugere o título um jantar entre 2 amigos, sendo que o primeiro é escritor e roteirista de peças de teatro, com sucesso ainda não experimentado, enquanto que o segundo é um diretor de teatro de sucesso reconhecido que resolveu abandonar tudo e partir para o Tibete com o propósito de participar de experiências intimistas e esotéricas. Nessa viajem também passa por outros lugares. A motivação para visitar um lugar é que haja alguma coisa de forte experiência existencialista acontecendo por lá. Contudo, uma vez que o dramaturgo se encontra imerso em responsabilidades para quitar uma série de dívidas, embora esteja longe de ser materialista, a dicotomia se resume na discussão acerca do sentido da vida, o tradicional dilema filosófico Ser ou Ter. Uma mistura de muito realismo de um lado e, em igual medida, existencialismo de outro, o que exige um roteiro primoroso para sustentar 2 horas de diálogos em um restaurante e volta constante de exibição, sob a batuta de um diretor reconhecido (Louis Malle) que consegue inverter e contrabalancear as imagens de um e de outro interlocutor. O garçom enrolado fornece um toque especial ao filme. Direção com poucos recursos de câmeras mas com profundo senso de enquadramento.