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    Carros
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    Carros

    MELHOR QUE O TRAILER

    por Roberto Cunha

    Texto publicado originalmente em 2006.

    Senhores e Senhores... liguem seus motores!

    Você espera muito de uma animação que humaniza uma das paixões dos homens e também mulheres do mundo inteiro? Ficou na dúvida? Então acelera até o cinema (ou em breve uma locadora) mais perto de você e prepare-se para sair do ponto-morto e curtir Carros. Com uma abertura empolgante conduzida por um 'rockzinho' bem tocado, a aventura começa nos moldes tradicionais dos filmes estrelados por humanos, apresentando rapidamente o protagonista (Relâmpago McQueen) e antagonistas da história.

    Curioso notar que no trailer parecia se tratar de um filme sobre corridas como Dias de Trovão, que é paixão dos americanos. Felizmente, Carros é mais do que isso e engata uma marcha atrás da outra, abordando uma legítima e humana história, mas repleta de brincadeiras com o mundo automobilístico. E tudo muito bem pensado. Desde o símbolo do filme com o 'V' dos clássicos motores V8 até os pneus LightYear, uma clara alusão à tradicional marca americana de pneus GoodYear e também ao impagável Buzz LightYear, criação de John Lasseter no sucesso Toy Story. 

    Como aconteceu nas recenntes animações, a família é o público alvo. Portanto, são muitas citações para adultos, que ficam sem sentido para as crianças, mas não fazem diferença para elas. Entre os exemplos, nomes famosos como o de Rock Hudson no personagem Doc Hudson, Jay Leno em Jay Limo, o piloto Mario Andretti, entre outros. E tem ainda cenas de clássicos como Juventude Transviada, E.T., o Extra-terrestre., Contatos Imediatos de Terceiro Grau e uma frase de Sharon Stone em Instinto Selvagem: "eu provoco nos 'carros' os instintos mais primitivos".

    Até Velozes e Furiosos ganha citação, na abordagem de Mack (caminhão parceiro do herói da história) em plena estrada e na cena da linha do trem. Muito boa a seqüência que os tunados tocam Kenny G (saxofonista de sucesso, que virou sinônimo de brega) para dopar Mack. O giro do motor já está alto e aí você pergunta: mas o que o filme tem para contar? Carros passa por cima de dois assuntos muito atuais que são (trocadilhos a parte) o excesso de velocidade promovido pela tecnologia e o avanço de sinal com a falta de solidariedade. E assim, os caminhos são percorridos com muita segurança nas curvas e retas de um roteiro muito bem amarrado. Quem tem um mínimo de conhecimento e/ou ligação com o mundo automobilístico vai poder aproveitar mais a viagem do autor. É fato.

    Afinal de contas, as riquezas de detalhes contribuem muito para que a obra se aproxime da perfeição. Estão lá, por exemplo, um dono italiano de uma loja de pneus interpretado por um Fiat Topolino e que tem como assistente uma Romiseta. A dupla, claro, é apaixonada por Ferrari! E tem também Ramon. Um legítimo Impala representando a galera dos low-riders. Até a Kombi (imortalizada por Hanna-Barbera em Scooby-Doo) tem sua versão hippie nesta obra. Suas passagens rendem boas risadas, como a mania de ouvir pela manhã o hino nacional americano na clássica versão rockeira de Hendrix em contraponto com o Sarge, um Jeep militar que ainda não esqueceu seu passado de caserna.

    Tudo que é ligado à indústria de veículos americanos pega carona no filme. O personagem Rei, por exemplo, é um Corvette. Se você quer ter qualidade nas pistas da vida tem que "flutuar" como um Cadillac, diz o ídolo Doc Hudson para McQueen. A tradicional Rota 66, eternizada na mente de milhões de pessoas mundo afora (mesmo que não seja da geração beat), também está lá em forma da inesquecível placa de estrada ou na música. E por aí vai. That s América! Fique tranqüilo(a). O programa está garantido. E a garotada tem tudo para gostar muito dessa aventura. E como diz uma das músicas do filme: 'a vida é uma auto-estrada' e fazer amigos de verdade é o melhor dos prêmios. Bom passeio!

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