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Billy Joy
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51 críticas
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4,0
Enviada em 28 de outubro de 2021
Uma curiosa mistura de documentação histórica com encenação dramática, não somente por essa hibridização entre "real" e encenado, mas também por como as ideias do diretor conseguem permear essa dialética.
Através dos intertítulos, fica muito claro o pensamento cético de Christensen, com uma visão bastante crítica do pensamento supersticioso que, atenuado na sua contemporaneidade dos anos 1920, ainda causa danos. Contudo, o filme não fica reduzido a uma mera retórica por conta disso. Na verdade, Christensen parece muito dedicado à encenação de eventos, históricos ou imaginados, através de uma construção visual marcante.
Pouca coisa é realmente velada no filme. Os atos, místicos ou inquisitórios, possuem um apreço pelo choque visual de seus detalhes sórdidos. A divisão capitular consegue sustentar bem a mudança no ritmo quando o filme alterna entre o distanciamento de um lápis apontado à uma imagem de livro, e a proximidade de um close numa criatura demoníaca.
Mas o que assegura de fato a fluidez narrativa é a maneira como, gradativamente, a abordagem transfigura-se de uma encenação de um imaginário místico para a de um passado sombrio, intimamente ligado aos medos e superstições humanos. Na medida em que progride, Häxan torna-se cada vez mais sobre as repercussões brutais da relação humana com o desconhecido, e menos sobre uma comoção visual com o sobrenatural. Algo que, ao contemplar essa obra no século XXI, emana relações novas com o cotidiano do espectador moderno, mas sem deixar de lado a força de sua mensagem essencial.
Häxan se apresenta como um documentário de direção magistral, que atravessa o tempo para evidenciar de forma lógica as consequências do fanatismo religioso no período medieval, assim como uma comparação com a então Europa da década de 20. Com direito a atuações excelentes que auxiliam o diretor na exemplificação dos temas abordados, e uma coesão perfeita que faz a apresentação de temas que ao final do filme são devidamente usados para concluir a tese apresentada, Häxan acaba por tocar de forma atemporal no pensamento religioso e a visão psicanalítica e sociológica de enxergarmos o nosso comportamento como seres humanos.
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