Dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), viajam ao Japão para buscar evidências do paradeiro de Ferreira (Liam Neeson), também padre e responsável pela formação teológica dos dois jovens. A busca enfrenta complicações devido ao fato de que o cristianismo foi banido do país oriental e seus fiéis são motivos de perseguição brutal. Os aprendizados e o sentimento de perseverança acompanharão os dedicados padres na difícil tarefa almejada por eles.
Empurrado e retirado da gaveta por diversas vezes, o longa SILÊNCIO trilhou um árduo caminho até que Martin Scorsese, enfim, conseguisse colocá-lo nas telas. O filme, cuja temática aborda o cristianismo de maneira minimalista em um período no qual o Japão, sob domínio de um violento inquisidor, não prosseguiu como doutrina. Aqueles que aderem à busca por uma escolha espiritual que possa fazer menção ao catolicismo, ainda que em imagens ou gestos, são forçados ao ritual conhecido como fumiê, cuja apostasia castigava psicologicamente os fiéis.
O teor e temática do filme são não menos que incríveis, principalmente porque o excelente diretor Martin Scorsese trata do assunto de forma imparcial, realçando aquilo que efetivamente precisa ser deliberado em cena. O período no qual se desenvolve a história é marcado por uma intolerância brutal, sempre realçada pelo desprezo dos líderes orientais por uma doutrina que pregava, antes de tudo, o perdão e a tolerância. Há grandes manifestações ideológicas e filosóficas impelidas ao contexto do filme, algumas capazes de causar reflexão acerca da perseverança e da força em uma crença inabalável (religiosa ou não).
O ritmo lento de um filme longo, já que são quase 3h de duração, soam propositais para inserir o espectador na busca incessante de seus protagonistas ante tamanhas dificuldades que vão muito além do idioma e da brutalidade de seus algozes. Garfield e Driver estão brilhantes em seus complicados papéis, que exigem grande apelo emotivo para construir o que é proposto pelo roteiro, tudo alavancado pelo sólida e segura direção de Scorcese que tem em seu grupo um diretor de fotografia simplesmente brilhante.
Independente das acepções de cada pessoa, SILÊNCIO entrega muito mais do que tratar da intolerância religiosa, uma vez que suas concepções filosóficas se ajustam ao indivíduo de acordo com suas capacidades de reflexão sobre, principalmente, respeito e perseverança. Um filme para poucos que fala para muitos. ÓTIMO!