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    Caravaggio
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    3,6
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    Luiz C.
    Luiz C.

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    5,0
    Enviada em 31 de março de 2016
    Caravaggio, de Derek Jarman (Inglaterra 1986) pertence ao neorrealismo inglês e chega a ser paradigmático: um filme produzido em pouco mais de vinte dias, numa garagem e com atores iniciantes retirados das ruas. Há objetos da nossa época (máquina de escrever, motocicleta, calculadora, etc) , alguns figurinos absolutamente contemporâneos, baixo custo e uma temática marginal (a bissexualidade de Caravaggio e a sua prática de recrutar modelos entre a escória da sociedade, michês, marinheiros e prostitutas).

    Embora a tentativa de reconstituição de época seja praticamente ausente, há uma grande dose de situação, de alusão: a penumbra caravagesca está presente da primeira à última cena e cada uma de suas obras é primorosamente recriada (bem como obras de artistas consagrados de outras épocas, como David, cuja Morte de Marat é caricaturada através do descanso na banheira de um crítico de arte, que usa máquina de escrever ao invés de pena). Respira-se a atmosfera real - e não a idealizada - na qual viveu Michelangelo da Caravaggio, com todos os seus vícios.

    A alusão ao mestre Fellini é inevitável e, neste caso, é intencional: Derek Jarman lhe presta uma homenagem. A verdade e a força deste filme são patentes, trata-se de uma autêntica aula de cinema: na cena em que se quer representar a passagem do século xvi para o xvii há apenas três pessoas e um cavalo, no entanto, a câmera circula ao centro e há cortes bem colocados que, às vezes, nos dão a ideia da presença de uma multidão ruidosa; há tam,bém a cena em que dois personagens (Lena e Ranuccio) estão deitados numa rede e há roupa estendida no varal, o que sugere, precisamente, que estejam em um exterior, embora seja a mesma garagem de sempre. A referida garagem se metamorfoseia em praça de Roma (à qual não falta sequer o chafariz), palácio papal e hospital, dentre várias outras locações extremamente bem situadas pela iluminação seletiva e colocação de alguns objetos de cena - que servem como índices ou marcadores para o espectador.

    As cenas finais (o flashback em que é mostrado como Caravaggio mata Ranuccio, após este revelar que havia matado Lena por ciúme, por amor dele; e a morte de Caravaggio, seguida de uma cena surreal em que sua alma se transforma em anjo e assiste ao próprio fim) são absolutamente fantásticas e só adquirem coerência em virtude da coesão que existe em todo o enredo apresentado. O gosto pelo marginal, os odores e os sabores, a vontade de deixar patente a todo instante que se trata de uma obra de arte, de um filme, e não da vida real!
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