Dançando no silêncio
Argélia, 2023
Est. Net Rio
Houria é uma dedicada e promissora bailarina. Ela vive com a mãe viúva, que é uma dançarina do ventre talentosa. Sobrevivem com dificuldades e para custear seus estudos e ajudar a mãe Sabrina, ela além de trabalhar como arrumadeira num hotel, investe seu dinheiro em rinhas de cabras, um negócio estúpido e grosseiro, mas que rende dinheiro rápido e fácil aos apostadores.
Após um assalto traumático envolvendo a rinha, Houria perde a voz e precisa adiar os planos de dançar o lago dos cisnes, onde ela era a principal aposta da escola de dança.
Enquanto se recupera frequentando um espaço de fisioterapia e readaptação, ela conhece um grupo de mulheres que por razões distintas das suas, não podem ou não querem falar. As motivações são cruéis.
Num passeio de fim de semana, as mulheres descobrem que Houria é uma excelente dançarina e ficam encantadas.
A coordenadora e tutora das moças sugere a bailarina que dê aulas de dança, como uma espécie de terapia alternativa.
Enquanto as ensina, nossa heroína segue buscando informações sobre seu algoz (um ex terrorista anistiado), é cuidada com todo carinho pela mãe e tenta destituir a melhor amiga Sônia da ideia de fugir da Argélia para a Espanha.
O que se segue a cada cena é um espetáculo de compaixão, afeto, comprensão e sororidade, quase sem palavras. De fato não fazem falta.
O corpo e o semblante sofrido de cada uma, nos dizem tudo.
A dança para elas é sobretudo, cura.
Outras intempéries somadas a mais um evento devastador não as paraliza. As faz treinar mais para a apresentação futura.
A despeito de todo sofrimento, elas sorriem e há momentos de pura ternura e leveza.
A dança que o público vê é de tirar o fôlego. Forte, pungente, dilacerante e linda, como todo o exuberante elenco feminino.