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    Cuidado Com Quem Chama
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Cuidado Com Quem Chama

    Terror compacto

    por Barbara Demerov

    Em tempos de pandemia da COVID-19, o cinema passou a encontrar diversas limitações - desde o adiamento de produções que já estavam prontas para estrear até a limitação física em sets de filmagens, com diversos protocolos de cuidados para conter a pandemia em espaços fechados. Mas um dos últimos lançamentos em streaming aproveitou esta fase de restrições para criar uma atmosfera extremamente condizente com a população em quarentena.

    No filme de terror Host, é o aplicativo Zoom o principal personagem da história. Apesar de possuir apenas 1h de duração, o longa de Rob Savage é bastante objetivo e funcional dentro das barreiras que a pandemia instaurou na sociedade. Indo direto ao ponto do terror desde os primeiros minutos, o espectador começa e termina o filme sem saber exatamente quem são os jovens que formam aquele grupo de amigos. Além de seus nomes e breves diálogos entre amigos que não se veem por conta do distanciamento social, poucos são os momentos que nos dizem suas histórias pessoais.

    Mas tudo isso faz parte da intenção do diretor em entregar um filme estritamente focado na tensão e no terror bruto, já que o formato do Zoom já transmite normalidade e ajuda a assustar ainda mais. Host funciona por trazer uma história de horror sem curvas ou desvios, tornando as próprias personagens meras vítimas de uma ação individual que toma proporções gravíssimas. Os sustos são extremamente efetivos e poucos deles possuem efeitos visuais, o que facilita a imersão do espectador em uma história que, em teoria, poderia acontecer com qualquer um que resolvesse enfrentar uma sessão espírita online.

    Por outro lado, a falta de conhecimento acerca das personagens do grupo faz com que a dinâmica entre elas seja o elemento menos chamativo do filme. Alguns diálogos servem de base para entender melhor como é a relação entre cada amiga (Haley e Jemma, por exemplo, são mais próximas), mas, no todo, a falta de desenvolvimento previamente à sessão com a médium prejudica a profundidade da narrativa. Ao menos o aproveitamento dela, que se restringe apenas às funções do Zoom (inclusive na duração da chamada) são bem feitos.

    Apesar de não dar atenção a pontos das personagens que poderiam trazer mais camadas e de não ser um filme que cria um novo tipo de narrativa (Amizade Desfeita e Buscando são bons exemplos similares), Host entrega uma experiência divertida e amedrontadora. Os leves alívios cômicos por parte do único personagem masculino do elenco se equilibram bem com os sustos agressivos que surgem sem o menor aviso prévio. Ainda que os minutos finais da chamada se rendam a confrontos de último ato já esperados, o restante consegue se encontrar num patamar misterioso demais para deixar de se acompanhar.

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