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    Uma Sombra na Nuvem
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Uma Sombra na Nuvem

    Tensão que se perde no ar

    por Barbara Demerov

    A primeira meia hora de Shadow in the Cloud é realmente promissora: a atuação misteriosa de Chloe Grace Moretz segura bastante a atenção; a atmosfera da Segunda Guerra Mundial, com aviões de guerra e o medo do inimigo, traz certo diferencial na mistura de ação/terror; o artefato desconhecido presente dentro da maleta que a protagonista carrega consigo parece ser realmente importante; e, por fim, existe toda uma aura que já prevê acontecimentos repentinos e imediatos.

    Dito isso, o descontentamento com o que surge nos dois atos seguintes chega a ser assustadoramente dissonante de toda a construção inicial, feita de forma consistente. Ao invés de manter-se como um suspense em meio ao céu, onde não há lugar para fugir a não ser sua própria cabine - prisão e refúgio ao mesmo tempo -, Shadow in the Cloud vai muito além apenas para entregar uma história tão absurda quanto incoerente. E o pior: o enredo nem ao menos tenta embasar o lado que se apoia na ficção-científica, causando uma sensação desgastante ao nunca esclarecer questões que deveriam ser prioritárias.

    Porém, caso o longa se levasse menos a sério em sua introdução, o fato de não se explicar tão bem não seria o principal problema. Afinal, a construção da protagonista Maude Garrett (Moretz), mesmo sendo feita de maneira urgente através de um longo monólogo e do suspense, entrega uma boa base e prende a atenção graças à atuação séria e madura de Moretz. A direção de Roseanne Liang, inclusive, abre bastante espaço para que a atriz possa entregar bastante intensidade em suas falas, ainda que seu principal cenário seja uma cabine apertada do avião.

    É durante os momentos em que o filme ainda está dentro da zona do mistério - aliado à preocupação da protagonista com sua maleta, a sensação de que viu alguma coisa nas nuvens, o vidro com um racho quebrado e o machismo de seus colegas de voo - que Shadow in the Cloud atinge o nível de entretenimento mais agradável. Além de claustrofóbico, acompanhar a protagonista que possui uma missão secreta é o suficiente para manter a tensão elevada. Mas isso não dura nem metade do filme.

    O não saber neste caso é fundamental para que a atenção se volte imediatamente aos elementos que a diretora faz questão de destacar, mas a criatura sobrenatural que toma o posto de "sombra" no título não está incluída no combo. Isso porque não faz absolutamente nenhum sentido ela estar ali - ou, principalmente, ter uma ligação emocional (ainda que baseada na raiva) com Garrett. 

    Shadow in the Cloud busca a mesma intensidade em embates vista em Alien - O 8º Passageiro, mas só alcança por igual a força de uma protagonista interessante, que carrega toda a história em suas costas. Ao longo do caminho, não é só a criatura sobrenatural que traz o efeito reverso ao esperado: o significado da maleta traz o aprofundamento da história de Garrett, mas só embaraça a narrativa como se fosse uma bola de neve. Apesar da boa introdução, no fim da tudo se perde em meio a uma explosão de ação e romance. Ao mirar em tantos alvos, o que se acerta é somente o bizarro.

    Filme visto durante o Festival de Toronto, em setembro de 2020.

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    Comentários

    • Dayvid Rodrigues
      Mano, esse filme o direto fez no banheiro em quanto dava um cagada, ainda usou o rolo de papel com o resto de suas merdas pra escrever. Filme nada a ver com coisa alguma, gastaram milhões pra fazer a porra de um filme bosta desse.
    • Leonardo Vieira
      Facilmente o pior do anoTem tanta coisa absurda que chega a ser engraçado kkkk
    • Mario Cesar Rebello
      FILME LIXO ...
    • Carlos Alberto
      caramba que viagem e essa?acho que foi o filme mais maluco que ja assisti kkkkk
    • Bruno [FM]
      Filme de metáforas. Shadow in the Cloud (Sombra na Nuvem), é objetivo e curto (com pouco mais de 80 minutos). Tudo parece confuso em meio a diálogos e piadinhas machistas/sexistas de firma, ligados no modo hard em pleno horário de almoço. Característica do roteiro que dará nojo em alguns, mas que está ali de forma provocativa e proposital. Ficamos sem explicações durante boa parte do filme, e isso poderá deixar muita gente impaciente. Mas se prestarmos atenção na introdução (que é muito diferente e inteligente por sinal), já temos uma dica de qual caminho esse filme irá tomar.Confesso que a partir do 3º ato achei que tudo fosse desandar, e desandou. Realmente dá uma sensação de estou perdendo meu tempo. O que estava mais pé no chão (mesmo dentro de um avião com bastante altitude), passa a forçar uma ação capaz de derrubar o avião com toda a produção junto. Mas é nos minutos finais do filme, que tudo é salvo de ser apenas mais um filme, e passa a ter valor. É a mensagem simples que esse filme mostra, de forma tão sensível e na linha subliminar das metáforas, que me fez gostar e achá-lo até lindo. Acabei assim, esquecendo dos pontos negativos que ele tem.Chloe entrega uma boa atuação e Roseanne Liang (diretora/roteirista) conseguiu expressar sua mensagem de forma conclusiva, inteligente e satisfatória. Direção que por sinal se mostra bastante eficiente, principalmente nas cenas de ação aéreas e de claustrofobia (e de aerofobia também rs, cenas bem vertiginosas). Com referência a obras como No Limite da Realidade, Shadow in the Cloud é uma montanha-russa de altos e baixos. Um filme de ação, com elementos de terror (não propriamente um terror), que voa com pouco combustível, mas que consegue chegar num destino. E de forma alguma sentimos que a viagem foi perdida.
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