Baseado na peça homônima, escrita por Christopher Demos-Brown (também autor da adaptação cinematográfica), o filme American Son, dirigido por Kenny Leon, é um longa que conserva em si todas as características típicas de uma obra advinda do teatro, principalmente, o fato de que a trama se passa em um único ambiente e de que a força do texto encontra-se justamente nos muitos diálogos que são tratados entre os personagens.
O filme se passa durante uma noite/madrugada, dentro de uma delegacia de polícia. Foi para lá que a professora Kendra (Kerry Washington) se encaminhou após o desaparecimento de seu único filho, o adolescente Jamal. A mãe está ali em busca de informações sobre seu filho e o pouco que ela sabe, que é compartilhado com ela pelo guarda Paul Larkin (Jeremy Jordan), é que houve um incidente com o carro que Jamal dirigia e que Kendra deve aguardar a chegada do seu encarregado, o Tenente John Stokes (Eugene Lee), que conversará com ela sobre o caso.
Acontece que American Son tem uma surpresa guardada para o seu espectador. Kendra era casada com Scott (Steven Pasquale), um agente do FBI. Ela, uma mulher negra; ele, um homem branco. Ou seja: Jamal é fruto de um relacionamento inter-racial. Por ter pais com uma condição de vida melhor, ele estudava em uma escola privada e dirigia um carro de luxo. O que esconde o incidente que envolveu Jamal? Isso teria algo a ver com questões raciais, com o preconceito que os negros sofrem diuturnamente? São questões como essa que o filme aborda, principalmente após a chegada de Scott e a diferença de tratamento que ele recebe de Larkin, quando comparada com a maneira como Kendra foi recepcionada na delegacia. American Son também aproveita essa situação para tratar das nuances de um relacionamento inter-racial e de todas as mágoas que ficaram na relação entre Kendra e Scott e como isso afetou diretamente Jamal.
Apesar de ter uma premissa muito interessante, a verdade é que American Son é um filme que nunca a chega a decolar. O problema encontra-se na direção burocrática de Kenny Leon e nas atuações inexpressivas de seu elenco. Para se citar um exemplo: Kerry Washington está tão exagerada na pele de Kendra que fica difícil a gente sentir empatia pela situação dela, como uma mãe que só está em busca de informações sobre seu filho desaparecido. A gente fica, na verdade, muito irritado com ela.