El Creador de Universos: Crítica AdoroCinema

Por muitas vezes a arte é considerada um escape da realidade. Mas para Juan e sua avó de 96 anos, ela não só serve de escape como também é algo que os une ainda mais. A partir da criatividade de ambos diversas tramas mirabolantes são criadas, marcadas pelo lado bom e o lado ruim, com heróis e vilões. E a dupla não precisa de muito: com o auxílio de uma câmera de vídeo e da sala de estar da senhora como principal cenário, é assim que a mágica do cinema acontece.

El Creador de Universos é um documentário descomplicado, originado pura e simplesmente de uma bela relação familiar e com diversas passagens que transmitem uma sutileza que certamente não deixa netos e avós isentos de emoção. Ao focar no "backstage" de algumas filmagens feitas por Juan e sua avó, o filme aborda tanto a fragilidade um lado quanto a energia do outro - especialmente pelo fato do menino ser diagnosticado com Síndrome de Asperger.

Sem apelar para a dramaticidade excessiva devido à condição da avó pela idade que possui e nem adentrando tanto na doença de Juan, o documentário procura registrar a cumplicidade da dupla e obtém um bom resultado neste sentido. No entanto, se ele for observado sob outra ótica que não for a da conexão familiar que expõe, não é possível encontrar um ponto alto no decorrer das cenas, sendo toda a dinâmica entre ambos uma recorrência de acontecimentos.

De todo o modo, a interação entre um neto e sua avó, principalmente quando o elo entre os dois se fortalece através dos filmes, é algo muito bonito de se ver. De certa forma, El Creador de Universos é uma carta de amor ao que o cinema representa para o mundo: que ele pode ser mais palpável do que aparenta e que também pode ser a chance de conectar uma pessoa com a outra - mesmo dentro de uma simples sala de estar, até mesmo quando elas já são próximas.