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    O Caravaggio Roubado
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    O Caravaggio Roubado

    Histórias dentro de histórias

    por Barbara Demerov

    O roubo da obra de arte Natividade, com São Francisco e São Lourenco, datada de 1609 e criada pelo pintor Michelangelo Merisi da Caravaggio, ainda se enquadra dentro dos 10 maiores roubos artísticos da História no FBI. Ainda não se sabe exatamente o paradeiro da pintura (tanto que, em Palerno, já existe uma cópia digitalizada para dar lugar à original) e tampouco como fora roubada de uma capela, mas a aura misteriosa que paira sobre a obra permanece cada vez mais instigante – tanto que o cinema também resolve abordar o caso de maneira rocambolesca, mas que prende a atenção num primeiro momento, em O Caravaggio Roubado.

    Dirigido por Roberto Andò (As Confissões) de uma maneira que busca claramente destacar sua intenção de entregar uma história permeada pela metalinguagem, o longa não consegue equilibrar as passagens de suspense com algumas sátiras. Se a máfia siciliana serviu de inspiração para o desenvolvimento desta história, não há como dizer que o filme é um thriller; sua estrutura não dá espaço para que haja este tipo de desenvolvimento, mas sim para que exista um grande vazio – mesmo com várias camadas narrativas sendo apresentadas aos poucos.

    A trama rocambolesca tem início com a ghost writer Valeria (Micaela Ramazotti), que escreve roteiros para o famoso Alessandro Pes (Alessandro Gassmann). Ao se deparar com um roteiro intitulado "Uma História Sem Nome", que conta a história do famoso roubo da obra de arte, a personagem se vê dentro de um quebra-cabeças que o roteiro tenta mostrar como se fosse composto por peças difíceis a serem analisadas, mas que não ganha força para serem amedrontadoras ou perigosas demais. Como vários personagens são caricaturescos e o roteiro prioriza o tom de paródia em muitos momentos, o suspense raramente pode ser visto de forma séria.

    A aventura da protagonista (que tinha tudo para ser um verdadeiro suspense fundamentado em como a arte, num modo geral, é poderosa e pode se ajudar em várias vertentes) torna-se previsível e cansativa de modo crescente. É frustrante ver como uma narrativa que poderia ser tão complexa quanto interessante, com uma boa fotografia que remete aos anos 60, perde-se em meio à mescla de subtramas que não adicionam nada dentro da narrativa principal.

    Dentro da premissa de que algo que se perdeu pode acarretar em situações drásticas se for procurado, O Caravaggio Roubado encontra seu principal problema: o filme não se compromete a caracterizar melhor seus personagens de modo que fiquem menos blasé, nem se preocupa em fugir de reviravoltas pouco chamativas ou mal estruturadas. É compreensível a ideia de tentar fazer humor caricaturesco dentro de uma história que possui nuances para isso, mas ele só funcionaria se o entorno se alinhasse com o principal – se não soasse forçado ou fora de lugar. Às vezes, o puro mistério do que se foi pode ser mais aproveitável.

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