"O Milagre de Tyson" é um filme que combina os elementos de superação pessoal com os desafios sociais e familiares de uma maneira que, em muitos momentos, toca profundamente o espectador. A complexidade do filme reside, primeiramente, no tratamento sensível do autismo. O personagem de Tyson, vivido por Major Dodson, não é romantizado nem tratado como estereótipo, mas como um jovem que enfrenta tanto limitações internas quanto preconceitos externos. Isso dá ao filme uma autenticidade rara em narrativas sobre inclusão.
Além disso, o relacionamento de Tyson com o pai, que é inicialmente distante e focado em seu time de futebol, é um retrato nuançado dos desafios que muitos pais enfrentam ao lidar com a complexidade de criar filhos com necessidades especiais. O arco de transformação desse pai, ao ver o esforço e a dedicação de seu filho, adiciona uma camada de profundidade emocional, mostrando como o amor e a compreensão podem crescer com o tempo.
Narrativamente, o filme faz uso do esporte como metáfora para superação. A corrida de Tyson é mais do que apenas uma competição; é uma forma de ele encontrar sua própria identidade em um mundo que não espera nada dele. O roteiro, escrito por Kim Bass, explora essa busca por pertencimento de maneira clara, mas talvez de forma previsível, o que pode ser visto tanto como uma força quanto como uma fraqueza. O previsível desfecho de superação pode ser um ponto negativo para quem busca uma história com reviravoltas mais complexas, mas funciona bem para quem aprecia o conforto das narrativas tradicionais de crescimento pessoal.
Em resumo, "O Milagre de Tyson" é um filme que, embora siga uma fórmula familiar de superação.