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    Diante dos Meus Olhos
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Diante dos Meus Olhos

    Recuperando memórias

    por Barbara Demerov

    Como se recordar daquilo que não viveu? Como juntar fragmentos do passado e constituir uma lembrança completa, como se ela fosse sua? Este é um desafio e tanto, mas o diretor André Felix criou uma narrativa tão interessante quanto criativa em Diante dos Meus Olhos, documentário capixaba que encerrou a programação do Festival de Vitória 2018.

    É possível que muita gente sequer tenha ouvido falar de uma banda chamada Os Mamíferos, mas o grupo foi símbolo da contracultura na década de 60 e alcançou o sucesso naquela época com sons psicodélicos e originais. O problema é que, fora shows na região do Espírito Santo, nenhum álbum foi gravado – por isso a questão da banda não ser tão conhecida hoje em dia.

    Frente à tal situação, ainda bem que o cinema existe. André Felix viu a chance de não somente contar uma história com um olhar diferente como também de resgatar um capítulo da música brasileira que foi importante para os moradores da cidade de Vitória.

    45 anos se passaram desde o término da banda e os ex-integrantes Marco Antonio, Afonso e Mario Ruy compõem a narrativa ao falarem sobre o passado, enquanto vemos como eles se encontram no presente. Um deles se tornou dono de bar e chega a dizer em dado momento: "Entre o bar e a música, eu prefiro o bar". Em certas cenas, é como se a banda se sumiu da própria memória daqueles homens.

    Felix faz perguntas aos ex-músicos com urgência e anseio pelas respostas, sendo que algumas delas são dadas tranquilamente, sem muita emoção na voz; mas são essas mesmas vozes a nossa porta de entrada para aquela realidade que se perdeu sem basicamente nenhum material visual ou auditivo.

    Diante dos Meus Olhos é uma experiência audiovisual notável e o mais interessante é que só vamos nos dando conta de sua relevância com o passar dos minutos. A cultura local é tratada com muito carinho no documentário, que atinge o ápice da inspiração especialmente em seus minutos finais. Diante dos olhos do diretor, vemos resíduos do passado e a prova de que nada pode ser completamente esquecido.

    Filme visto no 25º Festival de Vitória, em setembro de 2018.

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