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    Midsommar - O Mal Não Espera a Noite
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Midsommar - O Mal Não Espera a Noite

    Rito de passagem

    por Barbara Demerov

    Os momentos iniciais de Midsommar possuem atmosfera semelhante à de Hereditário, filme anterior do diretor Ari Aster que provocou fortes emoções até mesmo para quem já está familiarizado com o terror. Mas não se deixe enganar: seu segundo longa não é uma extensão do horror antes apresentado através de uma família cujos problemas aparecem aos poucos. Em Midsommar, de fato existe a impressão de que o diretor inicia o processo de simular o clima de pesadelo contido em Hereditário, mas ela não tarda a ir embora, dando lugar a um suspense que se equilibra entre o grotesco e o cômico. Sim, o cômico possui espaço nesta trama sobre luto, loucura e verdades não ditas.

    O prólogo prende a atenção por ter exatamente o que um filme de terror dispõe em suas principais características: ambientes escuros, trilha sonora potente, o suspense de não saber o que pode ter acontecido e desespero das personagens. Dani (Florence Pugh), a protagonista, emana uma sensação de claustrofobia logo de início e segue assim até o fim. Sob sua perspectiva, vemos o filme se transformar de pesadelo a sonho, de trevas a luz. Da sobriedade e dor contidas na abertura do filme somos levados a um ambiente de pura luminosidade e paz, quando Dani, seu namorado Christian (Jack Reynor) e um grupo de amigos vão até a Suécia para um festival que ocorre em um dia que não vira noite. A escuridão parece se afastar aos poucos de Dani, mas é muito claro que dentro de si ela nunca se foi.

    É no acampamento isolado na floresta que Midsommar finalmente mostra a que veio. Neste filme, a obscuridade não só se origina de como Aster trabalha muito bem a crueza no terror, mas essencialmente no quanto é possível assustar até mesmo nas situações que se tornam cômicas de tão absurdas. Portanto, não se surpreenda se você rir em algumas passagens de Midsommar. O diretor procura garantir essa reação inicial em dados momentos, mas o impacto que realmente fica é o do choque, quando vemos que até o estranho faz sentido. Apesar de flertar com a mistura de gêneros, seu filme não chega a ser uma comédia de terror, pois o incômodo é real e se une aos momentos "leves" de forma quase que automática. Impactar apenas com o terror já se tornou uma tarefa árdua nos dias atuais, mas mesclar tal gênero com a capacidade de provocar o riso é algo ainda mais difícil de ser executado. E é exatamente isso o que Aster faz.

    Apesar de não dar um minuto de paz à sua protagonista e usá-la para mostrar como alvo de indiferença e afastamento do próprio namorado, o roteiro se assemelha ao de Hereditário partindo do sentido de que há uma atenção maior sobre as relações humanas: enquanto um filme aborda uma família e suas questões do passado, o outro se envolve num relacionamento amoroso que necessita de muitos reparos. Tais reparações Dani vai observando aos poucos, enquanto conhece o modo de vida daquelas pessoas incomuns e fervorosas diante de suas crenças. Logo observamos que ela precisa passar por tudo o que o longa aborda para ultrapassar o luto e a dor que sente. Há um equilíbrio entre luz e trevas, como se Dani estivesse completamente pronta para fazer o que for necessário naquele local - ainda que não tenha plena noção disso.

    A jornada de autoanálise e também a de análise sobre o seu redor, na qual Dani é inserida drasticamente ao ser considerada uma figura importante para aquela sociedade adepta a rituais, é desenvolvida ao mesmo tempo que nos é apresentada todas as questões locais: Por que aquelas pessoas se vestem de branco e são tão felizes? O que é o festival de fato? Essa realmente foi a melhor ideia para que os jovens estudantes de antropologia pudessem sair um pouco de suas rotinas? A narrativa se move enquanto nos entrega diversas perguntas, e isso dificulta, em partes, o total entendimento da trama, mas surpreendentemente não afeta em nada a intensa experiência que o filme oferece. Seja no visual colorido, na grandiloquência dos moradores ou na marcante trilha sonora que é trabalhada num crescendo, Midsommar traz desconforto e graciosidade em uníssono.

    Na pele de Dani, Florence Pugh entrega uma performance à altura de todo o delírio que o filme traz, encontrando nuances poderosas entre fases mais dolorosas de sua personagem com as que parece ter um entendimento mais pleno do que aquele lugar realmente significa. Da mesma forma que o filme parece iniciar como um terror clássico e vai dando espaço a uma história sobre entender e ouvir a própria dor, Dani se encontra neste mesmo contexto: mesmo que não consiga compreender, ela precisa tomar a frente de sua própria vida e garantir um espaço de paz. Os últimos minutos de Midsommar são bizarros e constrangedores, mas representam, da melhor forma, como a protagonista se sentia desde o princípio. E todo esse processo de encontrar sua obscuridade acontece em plena luz do dia.

    Filme visto em Nova York, em julho de 2019.

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    Comentários

    • ana
      não é porque que é de terror que tem que ter coisa sobrenatural, meu deus. voces tão muito acostumados com esses cliche
    • ana
      Filme incrível. Vocês não gostaram pq tem um padrão de filme de terror na cabeça, feito pra voces sempre sentirem as mesmas coisas assistindo. Não é tao dificil pesquisar no google explicações sobre o filme e ver que cenas estranhas tem significados por trás, como por exemplo quando a principal virou rainha de Maio, ou quando ela sorriu no final. Parem de sempre procurar por clichês. Enfim, a atuação da florence pugh foi ótima, e embora que de um jeito macabro, a garota que no início estava reprimindo sua dor, no final se encontrou em uma nova vida e nova família.
    • rafael moraes
      Achei o filme longo e cansativo , além do que não dá pra assistir com a família por ter cenas explícitas de sexo , acho que teve um pouco de apelação .
    • Kaick
      Achei o filme pretensioso e muito forçado. Os últimos trinta minutos assisti quase forçado, pois não gosto de deixar filmes pela metade. O diretor força a barra ao extremo para parecer cult com cenas diferentonas.
    • Lucas Vilas Bôas
      O adorocinema acabou de perder todo o meu respeito como site de crítica de cinema. Nota 4 pra essa merda de filme? Really?Os filmes do Zé do caixão eram melhores em todos os quesitos, inclusive roteiro. PQPQue ridículo essa crítica, spi n é pior q o filme.
    • diego m.
      O filme é bem cansativo, tosco em algumas partes e não tem o mesmo pique de Hereditário. Se bem que a intenção não era essa. Mas no geral eu achei bem mediano.
    • Alexandre Gordilho Bento
      A crítica do Adorocinema foi escrita após o cara cheirar e;ou beber aquele tipo de coisa que dão no filme, porque não é possível! Vai viajar na maionese lá na casa do... Humor?! Onde tem humor no filme? Pelamordedeus! Não é ruim o filme não, mas... A imprensa deu pouco mais de três, o público pouco menos de três... e o Adorocinema, entorpecido, além de cheirar sei lá o que, disse um monte de coisas sem nexo e quatro estrelas?! Mas não tanto pela nota, mas pelas palavras, fiquei mesmo indignado!
    • Paulo Cesar S
      Filme simplesmente medíocre!!!!!!!
    • Iury Danilo
      Muito tosco, essa nota é equivocada
    • Gláucia De Oliveira Andrade
      Filme sem nexo, muito ruim!
    • Claudio Oliveira
      Filmaço, os que reclamaram do filme, não prestaram atenção em nada, por isso não sabem nada de filmes, turma de nutella.
    • cassia castro
      Realmente o filme é sem nexo, não gostei eu queria ver mais emoção e o filme não mostrou nada de interessante.
    • Quezia
      Filme muito ruim ! Perdi 2 horas da minha vida
    • Any W.
      Já ganhou o prêmio de pior filme q assiste na vida. Um filme grande, arrastado, personagens apáticos e nada carismáticos. Uma história nem nexo algum. Paguei um preço considerável para assistir e nem assim consegui terminar. Chegou uma parte q pulei para o final pq não aguentava mais. Decepcionante pq gostei muito de Hereditário.
    • FSociety
      Filme não tem nada de especial apenas cheios de cenas para chocar pessoas fracas, gostei muito mais do filme O Ritual que também mostra um pouco da cultura de outros países (Suécia) esse filme não é essa Coca-Cola toda não, e depois vejo as pessoas detestarem A Bruxa vai entender viu.
    • Saulo Pereira
      I'll start this off with a warning. If you're a mainstream horror fan, you will not like this. It is not The Conjuring, it does not have jump scares, it is a slow movie. It's not scary in the way that most horror films are scary. It doesn't frighten you. It felt traumatic. This is an artsy movie for sure. If you don't like that, don't see it.
    • Jil Schwammbach
      uma merda de filme, parecem esses crentes de hoje em dia que acreditam em qualquer bosta...
    • André
      Assisti um pouco e desisti, filme sem nexo algum. Só não sei de onde eles tiraram essa nota equivocada ai, IMDB ninguém nunca entende né...
    • Paulo Krom
      Sangue humano em rituais africanos no Brasil ??? mano se você já viu isso denuncia pois não está de acordo com as crenças afro brasileiras não! se você falasse sangue humano em cultura Maia ou Asteca eu poderia até ficar calado, mas isso não!
    • Paulo Krom
      Ainda que seja uma obra cinematográfica, vejo da mesma forma que o filme sugere que algumas crenças podem direcionar as pessoas a coisas atrozes em nome dela, vemos claramente as tradições Vikings inseridas na comunidade do filme, tanto na forma de morte de um dos personagens, como na predominância de pessoas com raizes Nórdicas na comunidade (o que faz todo sentido) mas confesso que também esperava bem mais do filme! fora o papel das mulheres que foi bem sinistro com algumas falas como dizer para a protagonista (vá fazer as atividades com as mulheres) e direcionar a mesma para a cozinha! (desnecessário)
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