Eles Não Envelhecerão: Críticas

Tem quem ache a guerra, qualquer guerra, um absurdo. Assim como as viagens espaciais, inúmeros avanços científicos foram desenvolvidos a partir de necessidades inerentes a esses conflitos, mostrando a sua eficácia em tempos de paz. As guerras também originaram produções literárias e cinematográficas com atos de bravura, coragem e desprendimento. Com pessoas altruístas arriscando, e até mesmo oferecendo, a sua vida em prol de outrem. No presente filme, produzido por ocasião do centenário da Primeira Guerra Mundial, vêm-se imagens que nunca foram divulgadas, sem privilegiar a posição de nenhum dos lados envolvidos. O interesse primordial aqui é escancarar as consequências para cada indivíduo, independente de que lado da trincheira ele esteve. Ao final, enquanto os créditos desfilavam frente aos meus olhos, me vi buscando algum termo que caracterizasse uma guerra, qualquer guerra, com mais propriedade do que as palavras e frases usuais. A conclusão a que cheguei é de que ainda não conheço alguma que sintetize o que vi.

A maioria das pessoas não se emociona com documentários, mas esse me fez chorar, passamos um século vendo a Primeira Guerra Mundial em preto e branco em sem som, poder ouvir a voz dos soldados e ver em 3D a inocência juvenil deles junto com o espanto frente a morte é indescritível. Peter Jackson devolve a estes filmes todo o seu poder.
Mesmo sabendo que este conflito teve no máximo a metade dos mortos do que a posterior Segunda Guerra Mundial, não podemos ignorar que o drama humano foi muito mais impactante entre 1914 e 1918. O mundo saía da Belle Epoch, com seus avanços científicos e culturais, a diplomacia internacional havia evitado guerras com mais de um milhão de vítimas por meio século. Nem os soldados, nem os oficiais tinham visto um conflito militar de verdade. Tudo era assustadoramente novo. Esta Guerra lançou o mundo de forma brutal no Século XX. E o documentário transparece isso,

A riqueza das imagens é de se impressionar, é possível se sentir nas trincheiras junto aos falecidos narradores do documentário.
Peter Jackson nos deixou um documento histórico espetacular e atemporal. O filme em nenhum momento se propõe a ser um documentário cronológico e detalhado da Primeira Guerra, seu foco não é o combate, mas sim o ponto de vista dos soldados e sua humanidade.