Hitchcock diz que este filme é seu preferido, mas ele se referia no sentido de ser o mais satisfatório no sentido de ser verossímil. Independente de ser o melhor ou não para ele, o que sabemos é que ele mais uma vez fez um filmo excelente.
O roteiro é de Thornton Wilder, Alma Reville e Sally Benson, adaptado de uma história de Gordon Mc Donnell e conta a história de Charlie Oakley (Joseph Cotten), procurado por dois homens, foge para uma pequena cidade americana, onde mora parte de sua família. Lá encontra sua irmã mais velha, o cunhado e, sobretudo, sua sobrinha (Teresa Wright), que também se chama Charlie. Apesar de todo afeto e admiração que tem pelo tio, pouco a pouco desconfia de que ele é o misterioso assassino de viúvas procurado pela polícia. Tanto Joseph Cotten quanto Teresa Wright estão bem em seus papéis.
É interessante assistir cada filme de Hitchcock, pois ele como ninguém sabia filmar. Logo no início ele filma casais dançando e se ouve a “A viúva alegre” orquestrada. O prenúncio da história que está por vir. Quando vemos imagens da cidade onde o tio Charlie está percebemos imperfeições, uma cidade feia, até chegar ao lugar onde ele está descansando. Esse contraste é evidente quando conhecemos Santa Rosa, cidade aonde ele irá de refugiar. Nosso diretor também busca mostrar sempre através de sombras algo em tio Charlie. Há algo errado com ele, reparem como ele tem sempre uma sombra em seu rosto. Em contra partida sua sobrinha Charlie, dificilmente é filmada com uma sombra no rosto. Cabe mencionar também o momento em que ele chega à cidade. O trem provoca uma grande sombra e solta uma fumaça enorme, densa e negra, evidenciando que algo ruim chegou à cidade. Mais tarde, quando há outro trem a fumaça é branca e pequena.
Hitchcock utiliza os coadjuvantes para nos deixar um pouco mais relaxados em relação à trama. Basta ver o pai da menina Charlie. Ele e seu amigo têm um estranho passatempo para relaxar. Eles buscam como poderia existir um crime perfeito e para isso sugere como um poderia matar o outro sem que ninguém percebesse que haveria um homicídio.
Um filme conduzido magistralmente por um dos diretores mais importantes da história do cinema.