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    Brightburn - Filho das Trevas
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Brightburn - Filho das Trevas

    Sobrenatural sem sustância

    por Barbara Demerov

    Filmes que se passam no decorrer de um recorte do presente (seja uma noite, três dias ou uma semana) já causam certa curiosidade devido à urgência que a narrativa e seus desdobramentos naturalmente possuem. Existem casos, como o do suspense Um Lugar Silencioso, em que algumas perguntas podem permanecer sem respostas e, ainda assim, manter o espectador idealizando o que pode ter acontecido no passado e o que ainda pode ocorrer após os créditos finais. Este, no entanto, não é o caso de Brightburn - Filho das Trevas – pelo menos não de um modo positivo. É surpreendente ver como uma boa ideia pode se perder diante de um roteiro mal resolvido que, por focar tanto no imediatismo, acaba se esquecendo de algo que importa ainda mais: de uma origem concreta.

    Brightburn conta uma história parecida com a de Superman, pois Brandon (Jackson Dunn) é de fato um ser poderoso que literalmente cai do espaço para a Terra enquanto bebê. Assim como Clark Kent, Brandon é criado como ser humano por seus pais adotivos, Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman), que sabem desde o início o quão especial é a criança, considerada um presente visto que o casal não consegue engravidar. O problema é que, ao invés de criar um ambiente em que Brandon tenha a capacidade de entender o que é moral ou imoral, o longa de David Yarovesky contenta-se em apresentar somente o básico: o bullying dos colegas na escola por ser inteligente demais, a frustração de uma primeira paixonite, o "não" recebido pelo pai.

    Assim, a virada de chave no íntimo de Brandon, aos 12 anos, acontece modo brusco e superficial. Se ao menos soubéssemos de onde ele veio, assim como ocorre com Superman, essa história poderia ter uma semelhança mais ampla; mas tal comparação de Brandon ser um "Superman ao contrário", algo absolutamente normal só de assistir ao trailer, soa completamente forçada quando o material completo é visto. Além da capa vermelha e do raio laser, não há nada que remeta a um herói ou a um vilão de peso. Brandon é apenas um garoto de outro mundo (ou universo, ou galáxia...) cuja missão lhe é explicada com a mesma rapidez e frugalidade que sua mudança no caráter.

    A falta de background do protagonista, que poderia muito bem ajudar o filme a se encaixar como uma ode aos vilões que superam a necessidade de maiores explicações (vide Michael Meyers, de Halloween), é parcialmente reparada pela trama dos pais de Brandon. Elizabeth Banks entrega uma atuação sincera e que demonstra a preocupação de muitos pais quando estes veem seus filhos com comportamentos mais rígidos e até mesmo grosseiros, e a conexão que é feita com a maldade de Brandon ser inicialmente vista como puberdade é interessante. Porém, do ponto de vista do espectador, algumas atitudes do casal tornam-se risíveis. A dificuldade da mãe em ver a maldade crua do filho adotado ultrapassa qualquer limite (até com provas de um assassinato), assim como o pai também se transformar de um carinhoso protetor a alguém que não reconhece mais a criança que criou, são elementos postos com uma velocidade que não acerta o alvo de tornar essa ruína familiar mais crível.

    Até mesmo antes de se tornar o mal em pessoa, Brandon não emana qualquer expressão de afeto por quem está à sua volta. O "chamado" que recebe do mal (não é possível saber se é uma entidade ou uma civilização distante) surge sem explicação – o que com certeza seria bem vindo para expandir a atmosfera de suspense criada no ambiente familiar no campo, que prende a atenção no primeiro ato. Após descobrir a grandeza de seus poderes, o filme cede espaço para o slasher, o que acaba resultando em bons momentos (como na casa da tia de Brandon), mas que na verdade passeia por este gênero apenas para impactar visualmente. As cenas de mortes não deixam de ser bem feitas, mas só evidenciam a fraqueza no desenvolvimento do jovem protagonista. De onde vem tanto ódio, uma vez que sua introversão não é trabalhada com força para se tornar uma catarse?

    A história do garoto que se perde diante de tanto poder e da família que neglicencia a verdadeira face de seu presente dos céus tinha potencial de sobra para se sobressair como drama interpessoal e um verdadeiro gore, mas limita-se a deixar, propositalmente, perguntas já sem muito embasamento a fim de provocar o público a refletir sobre o que viu. Brightburn é uma ótima amostra de como o terror pode acabar sendo ineficaz mesmo diante de uma ideia interessante.

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    Comentários

    • Herbet de Jesus Ferreira
      Alguns questionamentos eu acho que estão sofrendo por antecedência, as pontas soltas do filme é possível serem explicadas em uma continuação, tipo a criança não se tornou do mal simplesmente do nada, ela ficou após ter um tipo de contato com sua nave, talvez esse fosse o propósito de sua espécie / estavam controlando seu comportamento / ou sua real natureza foi acordada com contato? Alguns flashbacks ou até personagens de seu mundo em uma sequencia traria explicação para essas pontas soltas que foram questionadas de forma tranquila.Mas eu realmente fiquei irritado como continuam fazendo filmes de terror com pessoas com atitude tão estúpidas. O pai até que começou a ser sensato cedo, e o tiro que ele deu foi surpreendente não achei que iam fazer ele ter coragem, mas a mãe e o Xerife e a amiga dele do colégio deixou muito a desejar, porra Noah é jogado na porta da garagem e a mulher dele não escuta aquilo? que forçado!
    • Franklim c
      Uma ideia muito boa que resultou num filme ruim.Não tem muito o que falar.
    • Mitoleon
      #ficadica, tenta entender o porquê de tantos massacres de adolescentes por outros adolescente no mundo todo e junta isso a muito poder...
    • Junior Vieira
      Pensa num filme porco! É esse.. fraco... sem pé nem cabeça.. tomar no cu meu tempo
    • Renato
      O que aconteceria se voce misturasse a história do Super Homem com Sexta-Feira 13 e Haloween? A tentativa frustrada de fazer uma inovação resultou num filme muito ruim, cheio de falhas e furos, mas a verdade é que no final voce fica com raiva de perder seu tempo. A única coisa que escapa é a beleza da Elizabeth.
    • Oliver Krazwi
      Só queria entender porque esse filme é da categoria terror, não tem nada de terror nesse filme, é o Clark Kent com TPM
    • Jackson
      Superman reverso: vem de outro planeta, é criado por pais fazendeiros, fogos nos olhos, consegue voar, tem o ponto de fraqueza (a capsula de onde veio) e é do do mal. Os pontos altos do filmes são as cenas das mortes e os pontos fracos são o roteiro e as atuações dos personagens, nenhuma em destaque!
    • Gentil
      Na verdade é a história do Macaulay Culkin, só que vindo do espaço ao inves de de Nova York e explodindo pessoas e não usando drogas, com seus super poderes físicos no lugar dos super poderes do dinheiro.
    • Alexandre Fagundes Souto
      Narração ou dublagem?
    • Klaus Nickel
      Permita-me discordar e complementar a crítica:Crítica: “Se ao menos soubéssemos de onde ele veio”Eu: acho que esse não foi o foco do filme. Talvez isso seja mostrado numa possível continuação. Crítica: “Além da capa vermelha e do raio laser, não há nada que remeta a um herói ou a um vilão de peso” Eu: ele tem também super velocidade, super força e voa. Crítica: “O chamado que recebe do mal (não é possível saber se é uma entidade ou uma civilização distante) surge sem explicação” Eu: o chamado ocorre quando a nave começa a pulsar (talvez relacionada com o início da puberdade dele).Crítica: “De onde vem tanto ódio?”Eu: vem da própria natureza dele ora (que estava adormecido até o “chamado” da nave).
    • Francinato D
      O filme é bom , mas a narração a voz é horrível , acabou bom o filme..
    • Antigeno Completo
      Não concordo com os argumentos da crítica, mas achei profundamente tedioso e mais do mesmo... Não vi nada realmente inovador, uma ideia incrível mal conduzida. Estou exatamente na metade do filme, e navegando na internet fazendo almoço. Pra ver quanto genial e interessante estou achando o filme.
    • ramon l
      Crítica horrível do adoro cinema ! Quem levar em consideração e palhaço igual quem criou essa critica ,''Além da capa vermelha e do raio laser, não há nada que remeta a um herói ou a um vilão de peso'' quer mais oque???? Kkkk palhaçada essa critica ridicula
    • ramon l
      Isso aí! Boa !
    • Dinho Pa
      Tudo o que foi apontado no texto como pontos negativos do filme só reflete as características do público que vai atualmente assistir esse tipo de filme. As pessoas estão buscando produtos descartáveis.
    • Isra Skpn
      FIQUE TRANQUILA, O FILME TERÁ UMA CONTINUAÇÃO, E TODAS AS SUAS DÚVIDAS SERÃO SANADAS, UMA DELAS É DE ONDE VEIO E PARA QUE...ENFIM ACHEI O FILME SENSACIONALLLLLGENIAL!Nota 10
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