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    A Quietude
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    A Quietude

    Inquietude natural

    por Lucas Salgado

    Um dos maiores diretores argentinos da atualidade, Pablo Trapero ficou conhecido pelo trabalho em dramas sociais e intimistas. Família Rodante, LeoneraAbutresElefante Branco são suas obras mais marcantes. O cineasta sempre foi bem sucedido ao pegar dramas aparentemente restritos e intimistas e inserir num contexto maior. Foi assim com O Clã e, agora, em La Quietud.

    Nos dois casos, Trapero aborda histórias familiares e as insere dentro do contexto das mazelas do regime militar na Argentina, criando um permanente estado de estranheza e dúvida. Além de reflexão sobre o passado, é claro. E a importância de lidar com os absurdos pregressos. 

    Após o infarto do pai, um importante advogado já em idade avançada, Eugenia (Bérénice Bejo) deixa sua vida em Paris para retornar ao rancho em que cresceu na Argentina. Lá, reencontra a mãe Esmeralda (Graciela Borges) e a irmã Mia (Martina Gusman), além do pai, que está em coma. 

    O trio tem que lidar com a condição do patriarca, com tensões do passado e com a notícia de que Eugenia está grávida. A situação fica ainda mais complexa com a chegada de Carlos (Edgar Ramírez), companheiro de Eugenia.

    A opção pelo título A Quietude é interessante, uma vez que a obra é marcada pela inquietude, seja das personagens, da família, da situação política do país ou mesmo de elementos como a trilha sonora. Mia e Eugenia são completamente inquietas, tanto no que diz respeito às condutas de dia a dia, quanto no que tange a tensão sexual.

    Trapero usa o sexo como forma de reforçar a estranheza daquela família, oferecendo momentos quase que insestuosos. Outros, chegam até a divertir, de tão inusitados.

    O cineasta é ajudado, é claro, pelas grandes atuações de Gusman (sua esposa e parceira na maioria dos filmes) e Bejo. Impressiona, inclusive, como as duas são muito parecidas. É muito fato acreditar que se tratam de duas irmãs.

    Exibido no Festival de Toronto de 2018, o longa é quase sempre intrigante, mas também possui problemas de ritmo. 111 minutos de duração é algo bastante excessivo para a trama contada.

    Filme visto durante o Festival de Toronto, em setembro de 2018.

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