Minha conta
    Paulo, Apóstolo de Cristo
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Paulo, Apóstolo de Cristo

    A sedução do filme épico

    por Bruno Carmelo

    O espectador que entrar nesta sessão esperando uma narrativa linear sobre a vida de Paulo deve ficar surpreso. Apesar do título, Paulo (James Faulkner) não representa o foco principal do filme, que alterna os ensinamentos do discípulo de Cristo com a busca de Lucas (Jim Caviezel) por conhecimento religioso, a perseguição dos cristãos por parte dos romanos e a eventual conversão dos inimigos ao cristianismo. Durante quase toda a narrativa, o apóstolo permanece preso numa cela, proferindo palavras sobre o bem e a fé. Ele funciona mais como veículo de ideias do que como personagem munido de conflitos próprios.

    Assim, Paulo, Apóstolo de Cristo apresenta ambições históricas para além da vocação religiosa. O diretor Andrew Hyatt investe em locações grandiosas, letreiros informativos sobre o Império Romano, imagens espetaculares em câmera lenta, figurinos de época e cenas com dezenas de figurantes. Ele tenta contornar as evidentes dificuldades de produção, dispondo de US$5 milhões – orçamento limitadíssimo para os padrões de Hollywood – para erguer uma narrativa épica que necessitaria mais recursos e, principalmente, de maior refinamento no roteiro.

    Em termos narrativos, o resultado sofre com a falta de coesão. A história inclui subtramas em excesso e mais personagens do que consegue desenvolver, enquanto pula de um núcleo para o outro como se estivesse numa série de televisão. A trama espera bastante tempo para fornecer alguns flashbacks explicando em linhas gerais a trajetória de Paulo, que perseguiu os cristãos até encontrar o amor de Jesus. A maior parte de seus feitos é resumida nos letreiros finais. O filme fica indeciso entre abordar Paulo, Lucas ou os romanos – ou ainda, entre ser piedoso ou feroz, intimista ou espetacular. A montagem faz o que pode para equilibrar tantas atenções, mas alguns personagens soam inevitavelmente acessórios. As crianças, por exemplo, funcionam como mero instrumento de chantagem emocional.

    Esteticamente, o projeto transparece suas indecisões. A fotografia, em especial, muda de estilo diversas vezes ao longo da história. Em alguns momentos, tenta se passar por algo cruel e realista (os corpos queimados em público), enquanto nos flashbacks, assume um tom ultracolorido e kitsch, próximo de um comercial de televisão. Ora a imagem opta por profundidades de campo limitada, ora abusa dos flares e do desfoque produzido na pós-produção, o que gera um efeito bastante estranho nas imagens. Dentro da prisão, Paulo é banhado numa constante luz que vem do alto, numa representação típica da bondade divina, mas o contraste é tão extremo que prejudica a boa atuação de James Faulkner.

    A propósito, o elenco constitui o ponto forte de Paulo, Apóstolo de Cristo. A impostação solene de Jim Caviezel cabe muito bem ao seu personagem, e o ator ainda arrisca alguns diálogos em tom informal e cômico, se saindo bem na maior parte do tempo. Joanne WhalleyJohn Lynch são coadjuvantes muito competentes. A única nota dissonante é Olivier Martinez, uma figura vilânica de sotaque ostensivamente francês. Mesmo assim, os atores transitam com desenvoltura entre a piedade religiosa e a bravura histórica.

    Julgando pelo resultado final, o espectador poderia supor que se trata de uma obra escrita a várias mãos, tendo passado por diversos editores e enfrentado conflitos criativos até chegar à versão final. Curiosamente, o diretor é também o roteirista, e o filme tem um único editor, além de um único diretor de fotografia. Essa configuração seria ideal para garantir um resultado coeso, uma linguagem única. Mesmo assim, o projeto perde sua força entre tantos caminhos, tons e ambições.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    • ulisses ribeiro
      Fantástica suas colocações Antonio, sempre tive essa percepção sobre Paulo, misógino, moralista, homofóbico e intolerante com o diverso, basta ver suas Epístolas.Em suas cartas, ele foge por completo da toda a essência do Sermão da Montanha. A única coisa que gosto dele, é quando fala da caridade na primeira carta aos romanos, caridade essa, que faltava a ele , Paulo, o apóstolo.
    • Pedro Mozart R.
      Se não entendeu a intenção do filme, acredito que o problema esteja em você, e não no filme. Desculpe parecer rude. Pende... Torcer para o filme melhorar é um anseio que Hollywood provoca em nós. Historicamente, como querer uma vida mundana pacata e tranquila para um cristão no 1° século? Eles morreram para que todos nós tenhamos vida, assim como fez Jesus. E Veja... O final deles não foi feliz? Morrerem e se encontrarem com Jesus para desfrutar da vida eterna?
    • JAACIRA
      Exatamente a reação que eu tive. Questionei minha fé, meu testemunho, minha fé e meu posicionamento enquanto cristã, ao ver o filme.
    • Cibelegs Gorete
      Isso é critério de crítica?
    • JR
      Antônio Pacheco, li seu comentário e me arrepiei, parece q foi escrito pelo demônio em pessoa. Tá amarrado em nome de Jesus. Os cristãos amam o homossexual, mas condenam o homossexualismo e isso tem diferença.
    • Gabbi2487
      Eu simplesmente amei o filme, chorei horrores no final. Agora eu so não entedi o porque o adoro cinema deu uma nota baixa, eles só dão nota alta quando e filme de super heróis bestas e desenho AFFF. O filme Paulo o apostolode Cristo e muito bom mesmo, traz uma reflexão inspiradora na vida cotidiana.Quando o filme acaba saímos com a sensação de como somos pequenos na fé perante aqueles homens que morreram por Cristo.Recomendo todas assistem, não iram se arrepender.
    • Vanessa M.
      Recomendo 100%.
    • Vagner
      Reprodutor de mensagens!Isso é o que define seu comentário sem personalidade.
    • Tim Meme
      Mais uma obra anódina, porém não ofende ninguém. Lugar de assassino é na cadeia e não pregando a palavra seja ela qual for, é muito fácil fazer um monte de merda é ficar arrependido.
    • Monique
      Eu queria saber em qual bíblia ou qual outro livro sobre ele vc leu pra tirar essas conclusões tão louca. Releia Atos, Romanos, please!!
    • Breno Silva
      vc já estudou a Bíblia? Ou tá falando o que te ensinaram?
    • Daniele Machado
      Definitivamente um nao cristao nao consegue criticar um filme cristao. Lente? Iluminacao? Isso pouco importa. O que mais importa é mostrar o que realmente a biblia diz. E isso o filme retratou muito bem. Teologicamente impecavel. Nada de colocar o homem no centro, mas Cristo.Mostrou como era a vida de um cristao daquela epoca, vida de perseguicao. O que contrasta muito com esses ensinos falsos que Jesus veio para dar felicidade terrena.Recometo 100%. Enquanto qur tem filmes que se dizem cristaocom um orcamento maravilhoso que eu nunca recomendaria.
    • Ana Carla
      Ameeei o filme, chorei demais!!! Vivemos um Cristianismo fraco.. longe de Atos dos apóstolos, muito longe! Aqueles sim, eram loucos por Jesus e morriam por Ele.
    • Lara Barros
      O filme não conta a história de Paulo. Aliás, não sei qual a intenção do filme, pois não conta história nenhuma, mas se perde em diálogos sem coesão. Uma decepção do início ao fim. A gente fica torcendo pro filme melhorar, mas não melhora nunca. Sou cristã e conheço bem a história de Paulo. O filme nao me tocou.
    • Bruno
      Adorocinema não sabe criticar filmes com temática cristã. Já filmes da Marvel e de super heróis vocês fazem críticas interessantes com notas boas ou regulares.
    • Bruno
      Lucas, qualquer filme (sim qualquer filme) de história cristã este site dá nota regular.
    • Lucas Ernani
      Achei o filme muito bom, todos que saíram estavam pensativos e reflexivos, tem muito ensinamento nesse filme, e uma das melhores explicações que já vi para a passagem sobre o espinho na carne, eu recomendo. Parabéns aos atores que fizeram uma ótima interpretação.
    • Lucas Galindo Miranda
      po o filme é interessante. Dá para ver que não tiveram tanta grana, pois a trama se concentra mais em diálogos, mas a nota da avaliação faz parecer que o filme é ruim
    • Antonio Pacheco
      As críticas só não falam do principal: Paulo é o fundador da intolerância religiosa. Ele foi quem deu os elementos para o fundamentalismo que antes católicos e hoje evangélicos e pentecostais exibem pelo mundo: intolerância com as outras religiões, defesa intransigente da inferioridade das mulheres e perseguição ativa dos homoafetivos. Um filme sobre Paulo só seria verdadeiro se mostrasse o quão anti-Cristo ele foi. Era um violento perseguidor de cristãos, quando era adorador de outros deuses. E foi um violento perseguidor dos adoradores de outros deuses quando se tornou cristão. Isto é, o filme devia ter mostrado que PAULO NUNCA MUDOU. O que ele era, fundamentalmente, era uma pessoa intolerante que gostava de perseguir seus inimigos ou quem pensasse diferente dele. Anti-Cristo, mesmo.
    • Josy
      Não esse foi diferente assisti Noé foi ruim, mas esse filme é muito bom não foge nada é muito bom mesmo eu recomendo com certeza.
    Back to Top