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    Calmaria
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Calmaria

    A isca não é a que parece ser

    por Barbara Demerov

    Um protagonista com um passado que está cheio de buracos, uma ilha no meio do nada e um pequeno grupo de pessoas que está ali à deriva, como se estivesse esperando por algo que aparentemente nunca chegará. Este é o cerne de Calmaria, cujo título só faz ligação ao nome do barco de Baker Dill (Matthew McConaughey), pescador focado inteiramente em pescar um peixe considerado "imaginário" por muitos que vivem ao seu redor. Logo em sua primeira cena, o filme já dá um pequeno vislumbre (ou até mesmo uma dica) do que estamos prestes a acompanhar: um drama movido por uma sensação que mistura afastamento com observação.

    O roteiro de Calmaria possui muitas camadas e, por mais confuso que pareça ser num primeiro momento, se prova bem capaz de conduzir a história de modo que ela não se torne maçante. Se por vezes alguns diálogos ou situações soam muito fora da realidade, as explicações que vão sendo apresentadas sutilmente pavimentam um terreno interessante, sem pressa alguma de já deixar a situação completamente clara. Assim, uma incógnita sempre paira no ar e no mar.

    As locações do filme, além de belíssimas, se encaixam perfeitamente naquela realidade em que Baker Dill vive, mas ao mesmo tempo são bem divergentes com seu eu interno. O personagem tenta lidar com angústias crescentes por não saber o que está fazendo com sua vida, e os ambientes iluminados (quase sempre externos, mostrando a beleza da natureza) dão o contraste. Por fora tudo parece funcionar, mas por dentro não é bem isso. Ao contar os detalhes de sua vida "passada" com o filho e a ex-esposa, Baker Dill vai ganhando profundidade e é inevitável tentar compreender o que ele está pensando.

    O diretor Steven Knight (de Locke), que também roteiriza o longa, não tem dificuldade no que se diz respeito em criar um ambiente imersivo. Calmaria prende a atenção mesmo que o roteiro teime em parecer absurdo, pois tudo acaba sendo explicado - seja por diálogos ou simplesmente pelo o que as imagens indicam. A complexidade da aventura de Baker Dill, no entanto, perde um pouco o ritmo por conta do mistério travar um pouco a condução da narrativa, como se fosse um looping (por mais que seja claro que esta abordagem é proposital). Felizmente, a atuação de McCounaghey é o principal motivo da trama se manter firme tanto na terra como no mar.

    O mesmo não pode se dizer de Karen, personagem de Anne Hathaway. Por mais que possua uma presença forte em tela e forme uma boa dupla com McCounaghey, a atriz dá uma potência muito elevada para sua personagem e, por muitas vezes, sua atuação soa artificial demais. É claro que a postura faz sentido quando adentramos todas as camadas do longa, mas isso acontece de fato somente próximo ao desfecho.

    Calmaria começa como uma história de um pescador que sonha em capturar um peixe grande demais para seu próprio barco e acaba se transformando num filme cujas diversas mensagens se confundem com tantas mudanças de direcionamento. Como no mar aberto, há infinitas possibilidades de destino, e o filme concentra-se na mais fantasiosa possível para falar sobre violência doméstica, luto e sofrimento interno. O que no início poderia parecer sem pé nem cabeça acaba por ser algo coeso com todo o microuniverso que o diretor criou, mesmo que a última cena seja tão metafórica que pode representar diversos fins.

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    Comentários

    • Benedicto Ismael C.
      Calmaria não é um filme absurdo, é algo que desaprendemos restringindo a vida a uma única existência na Terra. Trata da ligação forte entre Dill, o pescador, e seu filho que vivia com a mãe e o padrasto, homem arrogante e rude com o menino e com a mãe, razão pela qual o menino nutria ódio por ele. Dill estava sem rumo numa região estranha, mas foi para lá que os fios do destino tecidos por ele mesmo o encaminharam, Há uma grande luta que o roteirista chamou de jogo, mas é o embate de vontades, o jogo da vida formado pelo querer, pensamentos, sentimentos e ações. Na terra ou fora dela os seres humanos manifestam o seu querer vivenciando-o intensamente como num sonho ou pesadelo. O querer alimentado intensamente tem o poder de atrair a igual espécie, foi o que acabou acontecendo com o padrasto e seu enteado num choque desordenado de incompreensões, estando Dill coparticipando e vivenciando tudo, até que se tornou consciente de onde estava para poder prosseguir sua jornada.
    • Spyna Montoya
      Concordo com a Carina e o Jackson....Tem pessoas k se acham inteligentes, porém são extremamente medíocres, solitárias de espírito, e com certeza por demais destruídas mentalmente....Essa Lia é o Atum....
    • Leopoldo Rodriguez
      Um filme de certa forma profundo, e bastante bonito. Para quem gosta de boas atuações, o Matthew McConaughey está impecável... é um ator super forte e vulnerável (para atores isso é um elogio incrível... um ator que tem coragem de se expor).Entendo que a galera não goste muito... mas, particularmente, não é uma trama difícil de entender, e o final não é desapontador ou vago.
    • Leopoldo Rodriguez
      Eu concordo com você... o filme é muito bom. Mas confesso que foi uma pena ter lido seu comentário antes de assistir... estragou uma emoção genuína em mim... Spoiler total. Não faz isso não... A parte do tocante foi tirada de mim, por já saber o final. ;)
    • Fabricio Menezes
      Não vou nem perder meu tempo assistindo. Pelos comentários e crítica, parece alguns que eu já vi que só serviram pra isso, perda de tempo.
    • Rubens lopes
      Filme parecia ser bom, mas se perdeu no meio e o final foi mto bobo.Esperava mais.Não e um filme que eu assistiria novamente.
    • Grasielli Basdao
      EU particularmente amei o filme e me emocionou muito no final principalmente! Ele nunca viveu aquilo! Ele morreu e estava preso dentro da memoria dele! Como se estivesse vagando! Filme tocante!
    • Henrique Beker
      Filme muito bom, no começo vc acha que é um drama comum, mas com conceitos como machine learning sendo citados pela rádio do carro logo me despertou mais a atenção. Quem não está muito a par de inteligência artificial e como programas aprendem não vai saber apreciar todas as nuances da trama e isso é uma pena. é um filme mais profundo que as belas imagens e atuações que distraem o espectador mais superficial.
    • Jackson A L
      Talvez seja o seu (se tiver) que não viu o que deveria ter visto. Entendi o filme e foi exatamente por isso que escrevi o que você leu! Mas é apenas a minha opinião, cada um fica com a sua, de preferência com respeito mútuo!
    • Liajfmg
      Seu Q.I. é muito baixo pra filmes assim.
    • Jackson Lovato
      Um filme que parecia mediano, com grandes atores e algumas belas cenas do mar, mas que na verdade é um balde de água fria. Personagens bobos em atuações descartáveis!
    • Ian Stiegg
      Não é um filme pra assistir no cinema. è um filme profundo, cheio de meandros, um drama, mas que no final não se explica.. o jogo que o filme fala não é bem explicado, os personagens estão no computador do menino, ou dentro da imaginação dele? No final há o final, quem quiser saber mais assista.No fim uma boa bosta mal cagada.
    • Matheus Drake
      Eu assisti ontem, e essa Review está perfeita, no linguajar normal você buga, e continua assistindo por que o elenco e a fotografias dos mares são agradáveis. Matthew McConaughey é outro nível parece que ele ta pescando um peixe gigante mesmo
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